Cidades

Laudo divulgado pela Ufal não é conclusivo para Maré Vermelha na praia de Carro Quebrado

Coleta de material foi feita pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA) um dia após o fenômeno ser denunciado por banhistas na Barra de Santo Antônio

Por Lenilda Luna / Ascom Ufal 07/02/2024 17h27 - Atualizado em 08/02/2024 00h21
Laudo divulgado pela Ufal não é conclusivo para Maré Vermelha na praia de Carro Quebrado
Praia de Carro Quebrado - Foto: Ascom Ufal

O Laboratório de Aquicultura e Ecologia Aquática da Universidade Federal de Alagoas (Laqua/Ufal) recebeu o material coletado pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA), no município de Barra de Santo Antônio, na praia de Carro Quebrado, após 24h e 48h do alerta de uma possível Maré Vermelha.

O registro foi feito depois de cerca de 190 banhistas apresentarem sintomas de intoxicação após mergulharem nas proximidades de um resort no litoral norte. “O IMA coletou quatro amostras com capacidade de 1 litro cada, preservadas em álcool 70% e transportadas até o laboratório”, informa o laudo assinado pelo professor Manoel Messias Costa, biólogo, especialista em fitoplâncton.

Em laboratório foi realizada a filtragem das amostras com malha específica para o fitoplâncton, mas o resultado não foi conclusivo para o fenômeno natural chamado de Maré Vermelha. “Possivelmente pelo fator tempo, não encontramos grande quantidade dos organismos que provocam a maré vermelha. Portanto, é preciso continuar investigando inclusive outras possibilidades que causam essa intoxicação”, alerta o pesquisador.

A Maré Vermelha é “um fenômeno que acontece naturalmente em ambientes de água doce e marinho, conhecido cientificamente por Floração de Algas Nocivas (FAN), que acontece, devido ao aumento da quantidade de microalgas (fitoplâncton) presentes na água, que formam uma espécie de mancha com coloração que podem variar entre avermelhado, alaranjado ou amarelado”, registra o laudo.

No laudo, a informação é de que foram identificados organismos que estão relacionados com o fenômeno natural, porém, em quantidade irrisória. “Baseados nos parâmetros físico-químicos da água e análise por microscopia óptica, não foram observadas microalgas que liberam toxinas, em quantidades satisfatórias para provocar a maré vermelha”, detalha o pesquisador no documento.

Além disso, o laudo revela que, apesar do fenômeno ter sido relatado por várias pessoas e os sintomas serem reconhecidos como semelhantes aos ocasionados pela maré vermelha em frequentadores locais e banhistas, não foram observados in loco, manchas avermelhadas pela equipe técnica do IMA e nem tampouco pela professora Élica Guedes-Coelho, da Ufal.

O que pode ter acontecido

Os pesquisadores Emerson Soares e Manoel Messias Costa concordam que é preciso continuar investigando. “É possível que o diagnóstico de Maré Vermelha tenha sido prejudicado pela demora na coleta num período de muita ventania influenciado nas marés, que pode ter provocado uma rápida dispersão das toxinas, mas também tem que ser levado em conta outros fatores”, pondera o professor Emerson.

Manoel Costa destaca que o fenômeno da Maré Vermelha é causado de forma natural por uma coincidência de fatores como salinidade, temperatura e aumento de nutrientes no ambiente marinho que provoca essa alta concentração de organismos tóxicos, mas ele também alerta que essa situação pode ser induzida. “O lançamento de esgotos não tratados no mar também pode provocar toxicidade”, pondera o pesquisador.

Emerson Soares também questiona sobre outras causas da intoxicação dos banhistas. “Pode ter sido uma toxina de um cnidário exótico como alga viva, ou a toxina de um molusco chamado Criseis, até mesmo algum produto, como agroquímicos lançados de aviões e que podem ter sido espalhados pelo vento”, relaciona o pesquisador.