Cidades
MUVB contesta laudo sobre impacto da mina 18 da Braskem
Movimento põe em dúvida a legitimidade da pesquisa sobre a qualidade da água bancada pela Braskem
O Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB) contestou o laudo apresentado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA), sobre a qualidade da água da Lagoa Mundaú, apoio o colapso da mina 18 da Braskem.
Em nota à imprensa, com o título “o dolinamento da mina 18 e seus efeitos na Lagoa Mundaú: perguntas a procura de respostas”, a coordenadoria do Movimento não só contesta os dados apresentados como põe em dúvida a legitimidade da pesquisa, que é bancada pela Braskem, por meio de um convênio firmado entre a mineradora e a Universidade.
Na nota, assinada por Cássio Araújo e Neirevane Nunes, os coordenadores do MUVB estranharam o fato do laudo da Ufal/IMA, apresentado ontem em entrevista coletiva à imprensa, assegurar que “o dolinamento da mina 18 não causou qualquer impacto na Lagoa Mundaú e que a Braskem não causou qualquer mal a esse ecossistema”.
Para os coordenadores do MUVB, o fato da pesquisa ser bancada com recursos da Braskem compromete o resultado. “A Ufal monitora a existência de diversos elementos químicos na Lagoa Mundaú, com financiamento da Braskem, mas não monitora a existência do sal-gema dissolvido (cloreto de sódio), algo essencial para compreender o que está havendo na lagoa. Constata a existência de diversos outros sais e variados elementos químicos, menos o mais importante para saber se as minas de sal-gema na área tem algum impacto na Laguna Mundaú”, completa.
Grupo questiona se pesquisa é independente
Cássio Araújo e Neirevane Nunes questionam se os pesquisadores da Ufal teriam a independência necessária para contrariar os interesses da empresa que banca essas pesquisas. “Será que, com isso, está utilizando-se do melhor método para saber se a mina 18, e as outras minas na lagoa, têm impactos no meio-ambiente lacustre? Ou se está camuflando dados e informações que possam comprometer a financiadora das pesquisas?”.
“Como se pode fazer uma pesquisa séria, se existe na lagoa diversas minas de sal-gema, quando se sabe que as minas de sal-gema produzem o fenômeno da halocinese (desprendimento do sal para a superfície) e não monitora a existência do cloreto de sódio na Lagoa? Embora monitore quase todos os elementos da tabela periódica? Como uma mina de sal vem à superfície da Lagoa e esse sal não causa impacto?”, questionam os integrantes do MUVB.
Segundo eles, tem-se conhecimento que a modificação da salinidade da Lagoa pode ter uma profunda repercussão em animais e plantas que dependem para a sua sobrevivência do nível de salinidade da água.
“No entanto, uma mina de sal vem à superfície e nada acontece, será? Como se pode dizer que não houve alteração, se não havia medição anterior do nível do cloreto de sódio (o nome da substância que compõe o sal-gema, que é o nosso sal de cozinha em forma de rocha)?”.
Os integrantes do MUVB afirmaram ainda que a transparência da água é um indicador visual da modificação que houve. “Dizer que a turbidez da água foi causada pela faixa de terra que afundou, pode até responder às dúvidas do momento, mas essa é uma resposta provisória, exigindo-se novas amostras ao longo dos dias. Nada acontece por acaso e nem de modo isolado”.
Outra questão que precisa de resposta, segundo os integrantes do MUVB, “é a disponibilização pública dos dados coletados, pois isso é exigência da legislação ambiental, e da própria natureza de quem está fazendo essas coletas, que são órgãos públicos, devendo respeito aos princípios da transparência e da informação ambiental”.
“A Braskem não pode continuar a concentrar informações de todos os dados obtidos por estas pesquisas e esses dados precisam estar disponíveis em uma plataforma”, concluíram.
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