Cidades

Velocidade de deslocamento do solo aumenta

Conforme boletim da Defesa Civil de Maceió divulgado às 19h, afundamento já acumula 2,24cm

Por Redação 09/12/2023 20h05 - Atualizado em 09/12/2023 20h21
Velocidade de deslocamento do solo aumenta
Mina 18 no bairro do Mutange com risco de alerta para colapso - Foto: Edilson Omena

A velocidade de deslocamento vertical da mina 18, localizada na região do antigo campo do CSA, no Mutange, em Maceió, ganhou mais velocidade. Conforme boletim divulgado pela Defesa Civil de Maceió na noite deste sábado (9) deslocamento do solo é de 0,54cm por hora. O movimento nas última 24 horas foi de 13cm. Com isso, o acumulado do afundameto na região é de 2,24cm. O boletim da manhã deste sábado apresentava velocidade de deslocamento de 0,35cm.

Devido ao risco de colapaso da mina 18, a Defesa Civil de Maceió mantém o alerta e a recomendação de que a população não deve transitar na área desocupada até uma nova atualização do órgão, enquanto medidas de controle e monitoramento são aplicadas para reduzir o perigo.

A equipe de análise da Defesa Civil ressalta que essas informações são baseadas em dados contínuos, incluindo análises sísmicas.

ENTENDA O CASO

O processo de afundamento de solo, apontado pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) como decorrente da extração de sal-gema, vem afetando aproximadamente 57 mil moradores nos bairros do Pinheiro, Bebedouro, Mutange, Bom Parto e parte Farol desde que o problema começou. A situação de calamidade pública dos bairros foi decretada no fim de 2018 e renovada várias vezes.

Desde o dia 3 de março de 2018 quando um tremor de 2,5 na escala Richter foi sentido no bairro do Pinheiro e adjacências a escalada de rachaduras em imóveis e vias não parou de se intensificar. O abalo foi sentido em vários bairros de Maceió. Devido ao problema, os moradores da região precisaram deixar seus imóveis. A destruíção deixou a paisagem de bairros fantasmas.

Em 2020, um acordo judicial firmado entre órgãos de controle e a Braskem estabeleceu a retirada de 17 mil pessoas das áreas de maior criticidade dos airros do Pinheiro, Bebedouro, Mutange, Bom Parto. À época, o bairro do Farol ainda não apresentava o problema. Além de retirar as pessoas, a Braskem teve que indenizar as famílias afetadas pelo afundamento do solo. As ações previstas no acordo poderiam levar até dois anos para a conclusão. Mas muitas famílias ainda não foram indenizadas.

Em cronograma divulgado pela Braskem e órgãos de controle em 2020, a saída dos moradores das áreas consideradas de risco deveria ocorrer até o dia 1º de abril de 2021. No entanto, um relatório do CPRM pedia que a área de desocupação fosse expandida devido à aceleração do processo. As análises do CPRM em 2020 apontavam que entre os anos de 2016 e 2019 já houve 70 cm de afundamento.

Em junho de 2020, uma modificação no nível de risco determinou a desocupação de mais 1.900 imóveis nas regiões monitoradas. De lá para cá o problema se agravou ainda mais e já afeta mais de 55 mil pessoas.

Durante anos moradores do Flexal de Baixo e Flexal de Cima, em Bebedouro, que foram afetados pelo isolamento social decorre do esvaziamento da região vizinha, e do bairro do Bom Parto, que teve apenas parte de sua área incluída no mapa de risco, vêm lutando para serem incluídos no Programa de Compensação Financeira da Braskem. Mas não tiveram sucesso.

Na última quinta-feira (30), a Defesa Civil de Maceió divulgou atualização do mapa de risco do afundamento dos bairros. Neste novo mapa, está incluída a área do Bom Parto. O novo Mapa de Linhas de Ações Prioritárias versão 5 foi atualizado em colaboração com a Defesa Civil Nacional e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).O documento foi base para Justiça Federal determinar, através de liminar obtida pelo Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL) e Defensoria Pública da União (DPU), a inclusão de área do Bom Parto no programa de realocação da Braskem e que a mineradora adote providências.