Cidades
Novo boletim da Defesa Civil aponta desaceleração do deslocamento vertical
Velocidade de 0,7cm/h registrada pela manhã caiu para 0,3cm/h no final da tarde; local já cedeu quase 2 metros
A Defesa Civil de Maceió informou no final da tarde deste domingo (3), que a velocidade do deslocamento vertical na mina 18 reduziu para 0,3cm por hora, apresentando um movimento de 7,4cm nas últimas 24h. O acumulado do deslocamento vertical da mina é de 1,70m. Pela manhã o deslocamento vertical era de 0,7cm por hora, conforme boletim divulgado por volta das 9h. O órgão destaca que permanece em alerta máximo devido ao risco iminente de colapso da mina 18, que está na região do antigo campo do CSA, no Mutange.
O órgão recomenda a população que não transite na área desocupada até uma nova atualização do órgão, enquanto medidas de controle e monitoramento são aplicadas para reduzir o perigo.
Desde terça-feira (28), a mina 18 acumula 1,70 metros de afundamento. Não houve registro de novos abalos sísmicos na região. Na sexta-feira e no sábado, dois tremores foram detectdados, o primeiro de magnitude 0,39 e o segundo de 0,89. Os dois a 300 metros de profundidade.
Desde que começou o alerta nessa semana, 23 famílias que ainda resistiam nas áreas de risco tiveram que desocupar os imóveis por determinação da Justiça. A medida preventiva visa a preservação de vidas diante da iminência de colapso da cavidade 18.
Segunda a Defesa Civil, a área da mina número 18 ameaça desabar a qualquer momento, com potencial de criar na área uma cratera maior que o estádio do Maracanã. Desde a última quarta-feira (29), os moradores que permaneceram em áreas que ainda não foram evacuadas estão em alerta.
A Braskem informou que pode ocorrer um grande desabamento da área, mas que também é possível que se estabilize e pare de afundar. "Os dados atuais de monitoramento demonstram que a acomodação do solo segue concentrada na área dessa mina e que essa acomodação poderá se desenvolver de duas maneiras: um cenário é o de acomodação gradual até a estabilização; o segundo é o de uma possível acomodação abrupta. Todos os dados colhidos estão sendo compartilhados em tempo real com as autoridades, com quem a Braskem vem trabalhando em estreita colaboração", informou a empresa em sua página na internet.
A empresa garante que encerrou totalmente as atividade de extração de sal-gema em Maceió em maio de 2019 e que vem adotando as medidas para o fechamento definitivo dos poços de sal, conforme plano apresentado às autoridades e aprovado pela Agência Nacional de Mineração (ANM). "Esse plano registra 70% de avanço nas ações, e a conclusão dos trabalhos está prevista para meados de 2025", destaca.
Ainda conforme a Braskem, das 35 cavidades, 9 receberam a recomendação de preenchimento com areia. Destas, 5 tiveram o preenchimento concluído. Em outras três os trabalhos estão em andamento e uma já está pressurizada, indicando não ser mais necessário o preenchimento com areia. Além dessas, em outras cinco cavidades foi confirmado o status de autopreenchimento.
"As demais 21 cavidades estão sendo tamponadas e/ou monitoradas, sendo que em 7 delas o trabalho já foi concluído. As atividades para preenchimento da cavidade 18 estavam em andamento e foram suspensas preventivamente devido à movimentação atípica no solo. Todo o trabalho segue prazos pactuados no âmbito do plano de fechamento, que é regulamente reavaliado com a ANM", informa a mineradora.
ENTENDA O CASO
O processo de afundamento de solo, apontado pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) como decorrente da extração de sal-gema vem afetando aproximadamente 57 mil moradores nos bairros do Pinheiro, Bebedouro, Mutange, Bom Parto e parte Farol desde que o problema começou. A situação de calamidade pública dos bairros foi decretada no fim de 2018 e renovada várias vezes.
Desde o dia 3 de março de 2018 quando um tremor de 2,5 na escala Richter foi sentido no bairro do Pinheiro e adjacências a escalada de rachaduras em imóveis e vias não parou de se intensificar. O abalo foi sentido em vários bairros de Maceió. Devido ao problema, os moradores da região precisaram deixar seus imóveis. A destruíção deixou a paisagem de bairros fantasmas.
Em 2020, um acordo judicial firmado entre órgãos de controle e a Braskem estabeleceu a retirada de 17 mil pessoas das áreas de maior criticidade dos airros do Pinheiro, Bebedouro, Mutange, Bom Parto. À época, o bairro do Farol ainda não apresentava o problema. Além de retirar as pessoas, a Braskem teve que indenizar as famílias afetadas pelo afundamento do solo. As ações previstas no acordo poderiam levar até dois anos para a conclusão. Mas muitas famílias ainda não foram indenizadas.
Em cronograma divulgado pela Braskem e órgãos de controle em 2020, a saída dos moradores das áreas consideradas de risco deveria ocorrer até o dia 1º de abril de 2021. No entanto, um relatório do CPRM pedia que a área de desocupação fosse expandida devido à aceleração do processo. As análises do CPRM em 2020 apontavam que entre os anos de 2016 e 2019 já houve 70 cm de afundamento.
Em junho de 2020, uma modificação no nível de risco determinou a desocupação de mais 1.900 imóveis nas regiões monitoradas. De lá para cá o problema se agravou ainda mais e já afeta mais de 55 mil pessoas.
Durante anos moradores do Flexal de Baixo e Flexal de Cima, em Bebedouro, que foram afetados pelo isolamento social decorre do esvaziamento da região vizinha, e do bairro do Bom Parto, que teve apenas parte de sua área incluída no mapa de risco, vêm lutando para serem incluídos no Programa de Compensação Financeira da Braskem. Mas não tiveram sucesso.
Na última quinta-feira (30), a Defesa Civil de Maceió divulgou atualização do mapa de risco do afundamento dos bairros. Neste novo mapa, está incluída a área do Bom Parto. O novo Mapa de Linhas de Ações Prioritárias versão 5 foi atualizado em colaboração com a Defesa Civil Nacional e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).O documento foi base para Justiça Federal determinar, através de liminar obtida pelo Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL) e Defensoria Pública da União (DPU), a inclusão de área do Bom Parto no programa de realocação da Braskem e que a mineradora adote providências.
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