Os comerciantes da Praia da Sereia, em Maceió, estão apreensivos com a possível demolição das barracas instaladas à beira mar por causa de um projeto da Prefeitura de ordenação de toda a área costeira, que vai do bairro do Pontal da Barra até Ipioca.

“Assim que recebemos a informação desse projeto, soubemos que iam derrubar as barracas em dezembro. Aí ficamos todos apreensivos. Tivemos hoje uma reunião na Prefeitura e eles disseram que estão fazendo um diagnóstico. Mostraram uma planilha com as características, potencialidades e problemas que existem em cada local. Apoiamos a revitalização, desde que as pessoas permaneçam, tem que garantir a preservação do comércio daqui. Todo mundo ainda está apreensivo porque já passamos por muitos problemas. Somos a favor da reurbanização do local com a preservação de uma estrutura para que a gente continue trabalhando. Se fizer assim, vai ser ótimo porque atrai mais turistas. Seria ótimo até para a Prefeitura e Estado porque arrecada mais, movimenta toda a economia”, afirmou Sérgio Tavares, que é proprietário de uma das barracas.

A comerciante Ana Maria de Góes também teme a demolição. “Nós estamos aqui há mais de 30 anos e tem gente bem mais antiga do que nós. E as pessoas que comercializam aqui são todas daqui, não tem ninguém de fora. Outra coisa que nós queremos é que não tenha licitação. Se tiver licitação, a gente não ganha. E não é somente os proprietários, são os funcionários, ambulantes, são muitas pessoas que trabalham aqui e dependem dessas barracas”, contou.

O barraqueiro Jailton Reis disse que estão ansiosos para saber a proposta da Prefeitura. “Estamos temerosos porque já enfrentamos tantas batalhas e sofremos com a falta de auxílio. Aí temos medo de ficar no prejuízo porque, geralmente, a tendência sempre é o nosso deslocamento, sem a nossa recolocação. Essa é uma das nossas maiores preocupações, como em várias outras batalhas que já enfrentamos. Lembrando que nós não somos contra uma renovação, uma reestruturação daqui da praia da Sereia. Muitas pessoas pensam que somos contra, mas não somos, é porque, na maioria das vezes, o que vemos é só querer tirar a gente”, afirmou.

Para o comerciante Ismael Almeida, é preciso olhar a questão social e econômica. “A retirada de quiosques no passado prejudicou muito o Mirante da Sereia e com isso também houve o avanço da maré. Esperamos que olhem de outra forma para o Mirante da Sereia, para os barraqueiros e para a população. Além de olhar a questão ambiental, é preciso olhar a questão social, as pessoas que dependem da economia do local. Somos a favor de uma forma que estejamos juntos nesse projeto”, destacou.

Por meio de nota, a Prefeitura de Maceió informou que o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Maceió (Iplan) está trabalhando na elaboração do Plano de Gestão Integrada da Orla (PGI), um instrumento participativo que envolve a realização de reuniões, oficinas e audiência com todos os setores da orla, do Pontal da Barra até Ipioca, incluindo o território da Praia da Sereia.

Segundo a Prefeitura, o objetivo do plano é estabelecer um conjunto de ações e diretrizes para a ordenação de toda a área costeira e as pastas municipais envolvidas devem trabalhar de forma conjunta com plena integração à comunidade.