Cidades

Vítimas acampam na porta da Braskem

Moradores dos Flexais e de outras áreas do Bebedouro protestam e fecham entrada da unidade da petroquímica no Mutange

Por Ricardo Rodrigues/Colaborador com Tribuna Independente 14/09/2023 08h28 - Atualizado em 14/09/2023 08h31
Vítimas acampam na porta da Braskem
Protesto de moradores dos Flexais de Cima e de Baixo fechou portão de entrada da Braskem, em unidade da empresa no bairro do Mutange - Foto: Cortesia

Na manhã de ontem, vítimas da Braskem protestaram e fecharam o portão de entrada da unidade do Mutange da petroquímica, na região de Bebedouro, em Maceió. Segundo as lideranças do movimento, o protesto é por tempo indeterminado e tem como objetivo forçar a empresa a atender as reivindicações dos moradores dos Flexais, que exigem a realocação do bairro.

“Já estamos aqui há dois dias e não vamos sair até que a empresa sente com a gente para negociar indenizações justas e a realocação dos moradores do Flexal de Baixo e do Flexal de Cima, além da Avenida Marquês de Abrantes, em Bebedouro”, afirmou Valdemir Alves, 51 anos, que mora no Flexal de Cima.

Segundo ele, a manifestação é pacifica e conta com o apoio dos moradores dos outros bairros atingidos pelo afundamento do solo, provocado pela mineração em Maceió. “Vamos até as últimas consequências e estamos prontos para permanecer o tempo que for necessário, até a empresa abrir um canal de negociação conosco”, acrescentou.

De acordo com Valdemir, enquanto durar o protesto, não entra e nem sai nenhuma carreta ou caçamba da unidade da Braskem no Mutange. “O protesto é a única arma que dispomos para fazer com que a empresa respeite as nossas reivindicações”, observou outro morador, que também participava da manifestação.

A insatisfação dos moradores dos Flexais começou depois que a Braskem ofereceu apenas R$ 25 mil para cada família deixar o imóvel no bairro. Para eles, o valor além de irrisório, não cobre as despesas com a mudança e muito menos com a compra de um outro imóvel.

“Quem aceitou receber esse ‘cala-boca’ da Braskem, depois se arrependeu e agora está sem ter onde morar ou voltou para o aluguel”, acrescentou Valdemir, dizendo que ele próprio rejeitou a proposta. “Graças a Deus, não estava passando fome para aceitar uma proposta como essa”.

“Vamos continuar lutando, com o apoio da Defensoria Pública do Estado, por uma indenização justa”, completou o líder dos moradores dos Flexais.

Segundo ele, o acordo feito com a Braskem, apesar de ter tido o aval do Ministério Público Federal, é prejudicial aos moradores. “Esse acordo só interessa a Braskem, por isso que a Defensoria Pública do Estado entrou na Justiça pedindo que ele fosse revisto”, disse.

Valdemir disse ainda que os moradores dos Flexais estão com suas casas rachadas por causa da mineração. Como se não bastasse, eles ainda sofrem quedas de barreira toda vez que chove forte em Maceió.

Um dos manifestantes disse que a Prefeitura de Maceió, ao invés de fazer acordo com a Braskem para receber quase R$ 2 bilhões, deveria se colocar a favor dos moradores dos bairros atingidos pelo afundamento do solo.

]“A Defesa Civil de Maceió sabe que estamos correndo risco de vida e a única coisa que fez foi colocar uma lona para evitar a queda da barreira e nada mais”, disse.