Cidades
Erosão afeta 70% do litoral alagoano
IMA tem recebido constantes solicitações de intervenção em todo Estado e constata casos de avanço do mar de até 50 metros

A erosão marinha – processo de desgaste de solos litorâneos – tem afetado cerca de 70% das praias do litoral de Alagoas. Segundo o coordenador de Gerenciamento Costeiro do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL), Ricardo Cesar, o órgão tem recebido demandas, praticamente diárias, de solicitações de intervenção de contenção da erosão marinha em todo o estado.
“O fenômeno da erosão marinha é recorrente em quase todo o litoral de Alagoas. Quando recebemos essas solicitações, pedimos que o interessado elabore com a ART [Anotação de Responsabilidade Técnica] um estudo de evolução morfológica daquela praia, para saber se realmente está erodindo. E a gente tem constatado que acima de 60% a 70% das nossas praias estão passando por um processo de erosão marinha, de avanço do mar. Já constatamos trechos com erosão de 30, 40 e até 50 metros”, afirmou.
Ricardo Cesar explica que o fenômeno consiste em um sinergismo de fenômenos naturais. “Temos a elevação do nível dos oceanos; um déficit de sedimento, ou seja, não temos areia para formação de praia; as ocupações urbanas próximas a praia e também as mudanças climáticas. Tudo isso se soma e é refletido na costa, agravando o avanço do mar”, disse.
Entre as áreas mais afetadas, estão as praias do Litoral Norte do estado. “É praticamente em todo o litoral de Alagoas, destacadamente muito forte no Litoral Norte. Eu acredito que se destaca muito o Litoral Norte em função da taxa de ocupação ser bem maior do que o Litoral Sul. Como existe referencial e ocupação, o mar vai chegando nas ocupações e a percepção é maior. Em Maceió já temos exemplos claros, que ficam bem visíveis, nas praias de Jatiúca e Ponta Verde, por exemplo, a gente já perdeu boa parte da praia. No Litoral Sul, temos como destaques o avanço do mar Pontal de Coruripe e Piaçabuçu. Um dos principais impactos decorrentes do avanço do mar em áreas urbanizadas é o desaparecimento da parte recreativa da praia”, explicou o coordenador do IMA/AL.
Ainda segundo Ricardo César, há algumas formas de evitar e diminuir a erosão marinha. “Nas áreas já urbanizadas podem ser adotadas medidas adaptativas, como a implantação de obras de contenção, já que é inexequível tirar a população da beira do mar e realocar para uma área mais interna para que o mar vá invadindo e vá formando outras praias. Já nas áreas que ainda não são ocupadas, que são poucas em nosso litoral, podem ser adotadas medidas preventivas, como um planejamento de ocupação, observando a vulnerabilidade de suscetibilidade daquela área ao avanço do mar, estudos para identificar a elevação do nível dos oceanos, quais faixas vão ser invadidas pelo mar para que se façam recuos grandes que perdurem por mais tempo”, afirmou.
Uma análise recente produzida pelo site de hospedagem Hawaiian Islands com base em dados do Centro Conjunto de Pesquisa da Comissão Europeia apontou que a Praia do Gunga, no município de Roteiro, no Litoral Sul de Alagoas, deve perder 63,3 metros de faixa de areia até o ano de 2100. Na análise, a Praia do Gunga ficou na 10ª colocação entre as praias do continente que mais devem perder litoral.
Avanço do mar causa estragos em Maceió e na Barra de Santo Antônio
No Litoral Norte do estado, no município da Barra de Santo Antônio, por exemplo, a erosão costeira tem causado diversos estragos em residências localizadas na Ilha da Croa. Casas repletas de rachaduras e que perderam os quintais para o mar.
Outro exemplo é a capital alagoana, onde a erosão marinha atinge 12 pontos da orla, que vão da Praia do Pontal da Barra até a Praia da Sereia, em Riacho Doce. O avanço do mar vem causando estragos e afeta a passagem de pedestres e ciclistas no calçadão.
A Prefeitura de Maceió iniciou em agosto do ano passado intervenções para frear a erosão da costa da capital. Segundo a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra), as obras já estão em processo de finalização em pontos nos bairros de Jatiúca e Jacarecica. A obra se concentra também no Sobral e, em breve, começará no Pontal.
Ao todo, 2,4 quilômetros receberão blocos de concreto pré-moldados e anéis hexagonais, que funcionam como dissipadores de energia da maré e também protegerão a ciclovia, passeio e as vias.
Para o ambientalista Alder Flores, o ideal seria o método de engorda de praia, mas acredita que essa obra também seja eficiente e mais barata. “Existem obras de engenharia que de certa forma servem para impedir estes processos erosivos e estão sendo aplicadas em várias regiões costeiras do país. O método no meu entendimento pessoal, deve ser a engorda da praia. No entanto, este método é muito caro e precisa de vários estudos que devem ser feitos por especialistas para se ter a certeza da intervenção. De todo modo, algumas intervenções, a exemplo das que estão sendo aplicadas na orla de Maceió, servem para resolver o problema por um longo período tempo”, explicou.
A Seminfra informou que o método de engorda só seria possível se houvesse jazidas de áreas doadoras, ou seja, praia com areias de características iguais aquelas existentes no local da contenção, para que houvesse a transferência do material de uma área para outra, o que não existe em Maceió. Segundo a pasta, engorda não é contenção e sim aumento de faixa de areia, que requer manutenção periódica e nem sempre é a solução mais viável.
O órgão reforçou que a obra em andamento é uma tecnologia holandesa avançada e sustentável, que não afeta o meio ambiente, de longa durabilidade, com vida útil de 200 anos.
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