Cidades

Número de vítimas de acidentes de trânsito aumenta em Alagoas

Mais de 10 mil pacientes foram atendidos no HGE e no HE do Agreste de janeiro a julho deste ano

Por Luciana Beder - colaboradora com Tribuna Independente 08/08/2023 08h30 - Atualizado em 08/08/2023 14h50
Número de vítimas de acidentes de trânsito aumenta em Alagoas
Conforme especialistas, o desrespeito às leis de trânsito é o principal fator que reflete nos números de acidentes, maior envolvendo motociclistas - Foto: Edilson Omena

O Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, e o Hospital de Emergência do Agreste (HEA), em Arapiraca, registraram aumento no número de atendimentos a pessoas envolvidas em acidentes de trânsito até julho deste ano, se comparado com o mesmo período do ano passado. Ao todo, foram 10.313 pacientes atendidos nos dois hospitais entre os meses de janeiro e julho de 2023.

O Hospital de Emergência do Agreste concentra o maior número de atendimentos, com 6.503 pacientes vítimas de acidentes de trânsito. Já o Hospital Geral do Estado atendeu 3.138 pessoas. No mesmo período do ano passado, foram 6.503 e 2.887 vítimas de acidente de trânsito atendidas nas unidades, respectivamente.

Entre os acidentes de trânsito estão as colisões, capotamentos, atropelamentos, acidentes de moto e de bicicleta. As vítimas de acidentes envolvendo motocicletas lideram os atendimentos, com 4.374 pacientes atendidos no HEA e 1.114 pacientes atendidos no HGE.

Para o engenheiro de trânsito Antônio Monteiro, o principal fator que reflete no aumento do número de acidentes é a falta da municipalização do trânsito. “Apenas 18 dos 102 municípios de Alagoas estão integrados no sistema. Então, são pouquíssimos municípios que têm alguma estrutura mínima de trânsito. Nós não vemos o respeito às leis de trânsito no interior do estado, é uma verdadeira bagunça a questão do uso do cinto, controle de velocidade e alcoolemia em muitas cidades”, afirmou.

Ainda segundo Monteiro, as vítimas de acidentes envolvendo motocicletas lideram os atendimentos, principalmente, por causa da imperícia, imprudência e desrespeito à legislação de trânsito. “Muitas pessoas não usam capacete, muita gente dirige sem saber pilotar moto. Você vê crianças pilotando e aí, muitas vezes, com excesso de velocidade, sem respeitar as sinalizações, com mais de dois passageiros na motocicleta. Enfim, isso só tem um resultado que é o acidente”, explicou.

O especialista ressalta que a maioria dos acidentes acontece porque o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) não vigora nos municípios que não têm superintendência municipal de trânsito. “Esse é o maior problema. O município fica omisso e termina resultando em acidentes, sendo muitos deles com mortes. Nós somos o único estado do Brasil que não tem controle de velocidade nas rodovias estaduais e nem nos municípios”, disse Monteiro.

De acordo com Monteiro, a velocidade sempre vai ser o fator determinante para a gravidade do acidente. “Uma colisão a 60km/h e uma colisão a 100km/h são totalmente diferentes. Então, se não tem controle de velocidade, por mais que faça alguma ação em todos os outros pontos, vai ter um número de acidentes sempre elevado”, explicou.