Cidades

Vídeo: MPF recebe novas denúncias contra a Máfia da Areia na Praia do Francês

Moradores de Marechal Deodoro avisam ao Ministério Público que empresas investigadas continuam extraindo e comercializando areia na região do Cavalo Russo

Por Ricardo Rodrigues - colaborador / Tribuna Independente 19/05/2023 23h27
Vídeo: MPF recebe novas denúncias contra a Máfia da Areia na Praia do Francês
Como mostra a imagem georreferenciada, foto que mostra caçambas transportando areia foi tirada na quinta-feira (18) - Foto: Cortesia à Tribuna Independente

Apesar de proibida, por determinação judicial, a extração de areia continua à luz do dia, na região das Dunas do Cavalo Russo, na Praia do Francês, em Marechal Deodoro. A denúncia foi feita por moradores do município e chegou ao conhecimento do Ministério Público Federal de Alagoas (MPF/AL).

“Informamos que o caso da areia de Marechal Deodoro está sendo investigado e, no momento, não é possível antecipar informações para não prejudicar a investigação. Só recentemente o IMA (Instituto do Meio Ambiente) encaminhou documentos, que logo serão analisados”, garantiu o MPF/AL.

“A última informação oficial sobre o funcionamento da empresa, se deu em março por ocasião de uma visita realizada pela Polícia Federal que não identificou atividade no local. As informações e vídeos encaminhados neste momento serão investigados”, acrescentou o MPF, por meio da sua assessoria de comunicação.

De acordo com a denúncia, o empresário Sérgio Chueke, dono do Sítio Accioly, às margens da rodovia AL-101/Sul, estaria descumprindo decisão judicial e comercializando areia de praia das terras dele e dos vizinhos. Para comprovar a continuidade do crime ambiental, os denunciantes encaminharam fotos e vídeos ao MPF.

No começo do ano, ele foi denunciado e o MPF proibiu a extração de areia. Na época, de acordo com a denúncia, a Braskem estava entre os clientes de Chueke. A mineradora comprava areia para tamponar as minas de sal-gema desativadas, no subsolo dos bairros atingidos pelo afundamento do solo.

Em nota à imprensa, a assessoria de comunicação da Braskem confirmou que a empresa comprava areia para a operação de tamponamento das minas, mas tudo de acordo com a legislação ambiental e os órgãos de fiscalização. No entanto, não assumiu que estava comprando areia de uma área de proteção ambiental.

CRIME AMBIENTAL?

Juntos com as imagens de caçambas e máquinas operando na extração ilegal de areia na praia do Francês, os denunciantes questionaram: “Gostaríamos de saber se o Ministério Público Federal tem conhecimento desses fatos e quais as providências poderão ser tomadas para combater esse crime ambiental?”.

Além das fotos e imagens, os denunciantes escrevem mensagens direcionadas aos integrantes do órgão ministerial, detonando o “Rei da Areia”: “Sérgio Accioly Chueke desafia todos os órgãos ambientais do Estado e continua roubando areia da região do Cavalo Russo, de madrugada e em plena luz do dia”.

FOTOS GEORREFERENCIADAS

As fotos da denúncia foram produzidas na manhã da última quinta-feira, conforme consta nas informações de georreferenciadores operados por satélite. Ou seja, para não deixar dúvidas quanto à localização e ao horário da captação das imagens, as fotos mostram a data do dia, a hora e as poligonais indicando a área fotografada.

Numas dessas fotos dá para ler o nome "Cavalo Russo", na identificação da localização da imagem. Numa outra foto, também georreferenciada, os denunciantes mostram uma das caçambas carregadas com areia saindo de um terreno, nas proximidades do Sitio Bom Retiro, que pertence à Igreja Católica.

Caminhões transportam areia extraída das Dunas do Cavalo Russo (Foto: Cortesia à Tribuna Independente)


“Areia roubada da região do Cavalo Russo, não tributada em impostos e entrando na indústria de pré-moldados de Sérgio Chueke, principal insumo, com isso transforma em pré-moldados e se lava o dinheiro, milhões de reais que deixam de ser arrecadados pelo Estado de Alagoas e pelo Governo Federal”, afirmam os denunciantes.

A reportagem da Tribuna Independente procurou ouvir o empresário Sérgio Chueke, no escritório do Sítio Accioly, em Marechal Deodoro, mas ele não foi localizado. Um de seus funcionários disse que ele tinha viajado a Maceió, para resolver uma questão judicial, numa reunião com advogados.