Cidades
Paróquia é alvo de vandalismo e padre decide colocar grades
Imagens sacras amanheceram quebradas na porta da Igreja de São José no Trapiche e polícia foi acionada
Mais um ato de vandalismo foi registrado na manhã desta segunda-feira (6) em Maceió. Duas imagens sacras, uma de Nossa Senhora da Imaculada Conceição e outra de Padre Cícero, que ficavam expostas na fachada da Igreja de São José do Trapiche da Barra, foram destruídas por um homem que supostamente apresentava sinais de entorpecimento, segundo o padre.
“Pela filmagem nós vimos que essa pessoa quebrou é um morador de rua que costuma estar por aqui. A gente não viu o rosto exatamente, mas é um dos que dorme aqui, sempre a gente dá alguma coisa. Foi um ato de vandalismo mesmo, estava andando cambaleando”, descreveu o Padre Leonel.
A filmagem a que ele se refere foi obtida pelas câmeras de segurança de um estabelecimento comercial em frente. O religioso acredita que se trata de um caso de intolerância religiosa. “Com certeza teve motivação de intolerância religiosa, contra a igreja. Não foi a primeira vez, dessa vez quebraram mesmo, já vieram tentar arrancar a imagem aqui pra levar. Eu acho que foi uma coisa premeditada, primeiro porque essa imagem já foi mexida. Segundo porque ele dorme aqui todo dia, não tem problema nenhum”.
O padre relata que já sofreu ameaças antes por essas pessoas que costumam se abrigar na porta do templo. “Como a gente não sabe exatamente quem é, não pode dizer. Tem um que já prometeu jogar água aqui, pegar fogo em mim. Então a gente não sabe qual foi, mas a forma como essa pessoa agiu, não agiu só porque estava alterada. Foi vandalismo e pelo jeito foi intolerância religiosa. Eu mesmo já dei cobertor a todos eles que ficam aqui”.
Já foi feito um boletim de ocorrência e a polícia deve investigar o caso, mas a própria igreja já decidiu algumas medidas que serão tomadas. “Agora nós vamos ter outros critérios, vamos colocar câmeras quando tivermos condições e vamos colocar uma grade para fechar aqui. Essa grade era para colocar há tempo, mas como não tivemos condições não colocamos”.
Incomodado com o comportamento dos moradores de rua, ele afirma que não vai mais acolher. “Perdeu o direito de vez, não tem como deixar uns e acolher outros. Assim como um fez, pode ser que os outros façam, melhor evitar antes. Porque esses moradores de rua que ficam aqui fazem xixi aqui, fazem coco aqui e não limpam. Fica desagradável. A gente vai ter que fazer esse gesto”.
Por outro lado, o líder religioso afirma que do ponto de vista cristão não é certo condenar. “Quando eu mandei a mensagem pedi que a gente rezasse por essas pessoas. Ele não tem consciência moral do que fizeram. Então em vez de condenar pelo nosso espírito cristão a gente usa de misericórdia com essas pessoas”.
Ele utiliza histórias para completar. “Não temos que dizer assim, vamos condenar essas pessoas, e sim vamos ter misericórdia porque Deus faria desse jeito, Jesus faria desse jeito, um ato de misericórdia, tanto que na cruz Jesus fez, ‘perdoa que eles não sabem o que fazem’”.
O movimento foi visto também por quem estava passando na hora. Josilda Silva trabalha na rua ao lado e chegou a ver o suspeito. “Eu passei era 6h15, vi as imagens já no chão quebradas e estava aqui um senhor. Tinha um monte de lixo aqui na frente e eu até chamei uma senhorinha que mora aqui do lado. Ela falou que esse homem estava desde cedo pedindo fosforo e isqueiro. Era um coroa, moreno, com olhos claros, cheio de barba. Usava calça e estava sem camisa”.
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