Cidades

Justiça pede a prisão de líder da máfia da areia

Sérgio Chueke estaria envolvido com a venda ilegal do mineral para a Braskem tapar poços desativados de sal-gema

Por Ricardo Rodrigues - especial para Tribuna Independente com Tribuna Independente 02/03/2023 10h48 - Atualizado em 02/03/2023 16h19
Justiça pede a prisão de líder  da máfia da areia
A venda ilegal de areia em área de preservação provocou um grave crime ambiental na praia do Francês - Foto: Edilson Omena

A casa caiu para o empresário Sérgio Accioly Chueke, dono do Sítio Accioly, na Praia do Francês, que extraia e vendia areia à Braskem Indústrias Química. A Polícia Federal está no encalço dele e a qualquer momento ele pode ser preso.

De acordo com o geólogo que denunciou Chueke de envolvimento com a chamada ‘Máfia da Areia’, o mandado de prisão foi expedido pela Justiça Federal, no final da tarde desta quarta-feira (1/3). O pedido de prisão tem como base uma ação movida pelo Ministério Público Federal de Alagoas (MPF/AL).

O denunciante diz que trabalha com geologia e sabe de várias informações que comprovam o envolvimento da Braskem com a extração ilegal de areia na Praia do Francês, em Marechal Deodoro. Segundo ele, a mineradora estaria comprando areia retirada de área de proteção ambiental, explorada por uma empresa que comercializa o produto com base numa Licença Ambiental “comprada”.

A areia comprada pela Braskem para tampar os 36 poços de sal-gema desativados estava sendo vendida por Sérgio Chueke e pela Fundação Leobino e Adelaide Motta, que é ligada à Cúria Metropolitana da Igreja Católica.

Segundo ele, o “roubo de areia” da praia do Francês provocou um verdadeiro crime ambiental nas Dunas do Cavalo Russo, considerada área de proteção permanente. “E o que é mais grave: a extração clandestina de areia contaria com a cumplicidade dos órgãos ambientais e a conivência da Prefeitura de Marechal Deodoro”, denuncia o geólogo.

De acordo com o denunciante, a exploração desordenada de areia chegou recentemente ao Loteamento Trevo do Francês, que faz limite com a empresa de Sérgio Chueke, dono do Sítio Accioly. A propriedade fica ao lado do terreno da Igreja e de frente para a rodovia AL-191/Sul, em Marechal Deodoro.

Entre as empresas que compram a areia retirada de forma irregular na Praia do Francês estaria a Braskem Indústrias Químicas, que faz parte do Grupo Odebrecht. Segundo o denunciante, apesar de já ter sido notificada, “a Braskem continua comprando areia roubada da Praia do Francês, através do Sérgio Chueke. É um escândalo!”.

As informações do geólogo batem com a denúncia original de crime ambiental endereçada ao Ministério Público Federal de Alagoas (MPF). Foi com base nessa denúncia, reafirmada por esse geólogo, que o MPF/AL decidiu investigar a possibilidade de crime ambiental na Praia do Francês – um dos principais cartões postais de Alagoas.

Ainda assim, pergunto se ele tem como provar que a Braskem continua comprando areia clandestina, mesmo depois de iniciadas as investigações do MPF/AL. O denunciante diz que sim e ficou de me encaminhar as provas. Logo em seguida, recebo pelo WhatsApp, várias imagens de movimentação de caçamba saindo do Sítio Accioly.

Na legenda das fotos, o denunciante diz que essa área onde estão essas máquinas foi invadida por Chueke, para a extração de areia.