Cidades

Professor da Ufal explica como evitar acidentes com animais marinhos durante o verão

Claudio Sampaio lembra que acidentes podem ocorrer mesmo com animais mortos, como foi o caso da menina que machucou o pé com ferrão de arraia na Pajuçara

Por Thayanne Magalhães 22/02/2023 15h33
Professor da Ufal explica como evitar acidentes com animais marinhos durante o verão
As águas vivas, ou caravelas, são discretas, frágeis e difíceis de serem observadas no mar, seu contato físico pode causar ferimentos semelhantes a queimaduras - Foto: Claudio Sampaio

Durante os meses de verão e com feriados prolongados, há uma maior frequência de turistas, banhistas, mergulhadores e pescadores amadores em nossas praias, rios e lagoas, notamos um aumento dos acidentes envolvendo animais aquáticos. Muitos são causados pela pouca informação sobre nossa fauna que devido a sua diversidade de formas, cores e hábitos atraem atenção e curiosidade de todos.

O professor e pesquisador da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) de Penedo, Claudio Sampapio, explica que o litoral alagoano é repleto de belezas naturais, cenários paradisíacos com recifes de corais, manguezais, lagoas e rios, onde uma rica fauna costuma ser encontrada. Alguns desses animais podem causar acidentes, como as águas vivas, ouriços e peixes.

O assunto veio à tona depois que uma criança machucou o pé no ferrão de uma arraia na Praia de Pajuçara na terça-feira (21) de Carnaval, assim como um surfista sofreu um ataque de tubarão na cidade de Olinda, em Pernambuco, na segunda-feira (20).

O especialista explicou para a Tribuna Hoje quais animais podem causar acidentes durante o banho de mar.

"As águas vivas, ou caravelas, são discretas, frágeis e difíceis de serem observadas no mar, seu contato físico pode causar ferimentos semelhantes a queimaduras. Em caso de acidente com águas vivas lavar com água do mar, sem esfregar. Vinagre também pode ser utilizado para limpar a área atingida. Jamais utilizar urina (xixi), água doce ou esfregar a região machucada. Recomenda-se atenção especial as crianças, idosos ou alérgicos que devem ser encaminhados ao posto de saúde mais próximo", explica Claudio. 

O professor lembra ainda que os ouriços são animais que vivem no fundo do mar, nos corais e bancos de algas. Seus espinhos longos e quebradiços são sua proteção. "Evite caminhar ou apoiar-se nos recifes, você pode pisar e tocar nos ouriços acidentalmente o que causará uma série de pequenos ferimentos, as vezes difíceis de remover os espinhos. Em acidentes devem ser lavados com água e sabão, nos casos envolvendo muitos espinhos, recomenda-se buscar um posto de saúde para uma avaliação médica", explica.

"Os peixes com dentes afiados, espinhos e ferrões podem causar acidentes graves mesmo depois de mortos, como o triste caso da criança na praia da Pajuçara. Moreias, Niquins e peixes pedra vivem nos recifes, escondidos entre corais e algas, sendo difícil observá-los. Já os bagres e arraias vivem, geralmente, em águas mais turvas e em fundos de areia, dificultando sua observação. Algumas vezes os peixes são tratados (eviscerados, com retirada dos espinhos e ferrões das nadadeiras) ainda na praia, onde podem ficar escondidos entre a areia e algas, causando acidentes dolorosos", continuou o professor. 

Claudio Sampaio reforça que não há registros de ataques de tubarões no litoral alagoano, mas se o banhista observar um grande peixe, a orientação é que evite se aproximar, pois eles podem apresentar um comportamento defensivo.

"Todo acidente envolvendo peixes deve ser bem lavado com água e sabão e encaminhado ao posto de saúde mais próximo. Para evitar esses acidentes evite andar nos recifes, colocar as mãos em tocas e buracos, observe com atenção onde pisa e evite nadar em águas mais turvas. Ao observar uma tartaruga ou peixe-boi mantenha distância de cinco metros, observe com atenção, não ofereça bebidas ou alimentos, pois eles são animais selvagens e tem seu alimento na natureza, assim como podem se defender causando acidentes com curiosos. Vale lembrar que importunar tartarugas e peixes-boi são crimes estaduais (Resolução CEPRAM Nº 2 DE 11/02/2020)", explica o professor universitário.


Nos rios e lagoas, a orientação de Claudio é que evite o banho próximo de plantas aquáticas, pois há peixes como a piranha que, nessa época do ano, depositam seus ovos na vegetação e podem defender com mordidas.

Além desses animais aquáticos, fique atento com o lixo, especialmente vidros e metais que podem causar ferimentos.

Uma outra dica importante é sempre buscar informações sobre a balneabilidade da praia, além de orientações com os salva-vidas, eles podem indicar a melhor área para banho de mar e como evitar acidentes.

"Conhecer nossa rica fauna também é uma maneira de fazer turismo e lazer com segurança.
O Laboratório de Ictiologia e Conservação (@lic.ufal.penedo) da UFAL Penedo desenvolve pesquisa e ações de educação ambiental com animais marinhos, disponibilizando informações em publicações técnicas e folders, caso tenha alguma duvida entre em contato via redes sociais", concluiu o professor.