Cidades

Associação Comercial vai isolar prédio em eventos festivos

Medida foi tomada após reiterados atos de depredação e vandalismo contra a sede da entidade, localizada em Jaraguá

Por Luciana Beder – Colaboradora com Tribuna Independente 15/02/2023 09h47
Associação Comercial vai isolar prédio em eventos festivos
Após depredação de luminária, prédio histórico será isolado com tapumes durante eventos festivos no entorno - Foto: Edilson Omena

A Associação Comercial de Maceió decidiu isolar o prédio histórico com tapumes, após casos de depredação e vandalismo contra a sede da entidade. A Diretoria da Associação Comercial de Maceió informou que os tapumes serão colocados apenas durante a realização de eventos festivos.

Em nota divulgada no último sábado (11), a Associação Comercial disse que “inconformada, assim como toda a população alagoana, com o descaso de alguns participantes de eventos no bairro de Jaraguá, a diretoria da entidade já estava decidida em arrodear sua sede com o fechamento por tapumes, para proteção de suas instalações”.

Na última sexta-feira (10), durante o Jaraguá Folia, um homem subiu em um poste de iluminação da entidade, arrancou peças de luminárias e jogou no público que estava aproveitando o evento. Após o ato de depredação, o homem caiu do poste, levando junto duas lâmpadas.

De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBM/AL), ele sofreu fratura exposta na perna esquerda e suspeita de fratura no braço esquerdo. A vítima foi atendida no local e encaminhada a um hospital particular de Maceió.

A Associação Comercial havia emitido um comunicado, na última quinta-feira (9), pedindo sensibilidade e atenção na preservação do patrimônio durante os desfiles do Jaraguá Folia, pelas prévias carnavalescas da capital, porque, nos últimos meses, as escadarias históricas passaram a ser alvo de vandalismo e falta de cuidado de muitas pessoas que voltaram a frequentar a vida noturna no bairro.

O prédio foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico de Alagoas, em 1983. O tombamento implica na preservação da volumetria com a manutenção das fachadas e demais elementos como escadarias, balcões e mobiliários. Portanto, de acordo com o decreto Nº 5.304 de 9 de fevereiro de 1983, é de responsabilidade do proprietário a preservação do bem de valor histórico, cultural, arquitetônico e também de valor afetivo para a população, impedindo que venha a ser destruído ou descaracterizado.

Para o flanelinha Adeilton Ferreira, que trabalha em frente ao prédio histórico, o isolamento com tapumes vai prejudicar o turismo. “Eu deixaria do jeito que está porque os turistas vão querer ver, entrar e não vão poder, mesmo sendo apenas em época de festividade, se fechar vai ficar feio. O ruim é que estão sujando, quebrando”, afirmou.

O ambulante Osmar Pereira também trabalha na Rua Sá e Albuquerque, no bairro do Jaraguá, e, para ele, deveriam colocar seguranças ao invés de tapumes. “Mas, se for para ajudar e não atrapalhar ninguém, está tudo certo, eles que sabem a melhor solução. O ruim é porque tira a visibilidade do prédio, vai acabar com a frente, aí pode ser que prejudique o turismo”, disse.

Segundo o historiador alagoano Edberto Ticianeli, o Palácio do Comércio é uma das construções mais importantes de Maceió. Ele foi inaugurado em 7 de setembro de 1928 para ser a sede da Associação Comercial de Maceió. “De estilo neoclássico, foi projetado pela firma Fulgêncio de Paiva & Filho. Ficou pronto em 1926, mas a maré alta provocou inundações forçando os construtores a elevarem barreiras de contenção, retardando a entrega da obra”, contou.

Para Ticianeli, o episódio envolvendo uma pessoa emocionalmente desequilibrada foi lamentável. “Danificou o poste de iluminação e sofreu um grave acidente. Um momento triste em nossas prévias. Não lembro de outro caso semelhante, mas sei que o Bendito Ramos conversava comigo sobre os danos às peças da escadaria, mas não por ação destrutiva, mas pelo pisoteio. Além disso, muitos foliões utilizavam suas laterais para uso como banheiro público”, disse.

Na opinião do historiador, os tapumes não configuram a melhor solução, mas a medida cabe à direção da entidade. “É possível resolver, por exemplo, com a presença da Guarda Municipal em alguns pontos estratégicos do prédio. Mas, repito, esse importante patrimônio arquitetônico e histórico de Alagoas tem que ser preservado de ações como esta”, ponderou.