Cidades

IMA verifica denúncia de mortandade de peixes na laguna Mundaú

Em alguns locais, indicados pelos moradores, foram feitas coletas de amostras e medições através de sonda

Por Tribuna Hoje 07/02/2023 16h59 - Atualizado em 07/02/2023 23h34
IMA verifica denúncia de mortandade de peixes na laguna Mundaú
Em alguns locais, indicados pelos moradores, foram feitas coletas de amostras e medições através de sonda - Foto: Ascom/IMA/AL

A equipe do Laboratório de Estudos Ambientais do Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA/AL) esteve, na tarde dessa terça-feira (08), na região entre os bairros do Vergel e Trapiche, para verificar denúncia de mortandade de peixes na Laguna Mundaú. Em alguns locais, indicados pelos moradores, foram feitas coletas de amostras e medições através de sonda.

Segundo os técnicos que estavam na ação, a verificação nos locais indicou, entre outros parâmetros, a baixa de oxigênio e alta temperatura na água. Acredita-se que a situação pode ter sido provocada pelas chuvas que incidiram no estado. A água e os sedimentos revolvidos podem ter provocado proliferação de microalgas que, por sua vez, consomem o oxigênio. Todavia, ainda serão feitas as análises.

A equipe alerta que, em caso de novos incidentes, a população denuncie diretamente ao IMA/AL, através do aplicativo IMA Denuncie. Também é possível entrar em contato através do Whatsapp geral do órgão: (82) 988339407.

Em 2022 também aconteceu

Em março do ano passado, especificamente no dia 13 de março, um domingo, os peixes também apareceram mortos na Lagoa Mundaú.

Na época, os resultados parciais das análises dos peixes que surgiram mortos indicaram intoxicação por produtos químicos. Os pesquisadores seguiram realizando estudos para determinar quais tipos de compostos provocaram a mortandade. 

Na ocasião, o doutor em Ciências Aquáticas Emerson Soares, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), afirmou: “Identificamos que os peixes morreram intoxicados, devido às células sanguíneas não conseguirem fazer o transporte de oxigênio, e os íons diminuírem a permeabilidade celular para entrada de íons indesejáveis na célula. Pelas análises não foi matéria orgânica da lagoa, não foi toxina de microalgas e nem foi óleo. Fizemos a avaliação em 25 parâmetros”.

Após alguns dias, pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) identificaram as causas da mortandade de peixes em 13 de março de 2022. Conforme laudo, a mortandade aconteceu pelo lançamento de compostos químicos proibidos e fertilizantes conhecidos como NPK que provocaram o episódio. Além disso, as análises indicaram um alto nível de poluição com presença de metais pesados e extremamente nocivos ao meio ambiente e aos seres humanos.

O coordenador das análises, professor Emerson Soares, classificou o caso como um “crime contra a saúde pública”. “Esse laudo traz um problema gravíssimo. Isso é grave. Do ponto de vista legal isso é criminoso. Usar um produto, um pesticida, que é proibido pela OMS inclusive. O outro composto, o NPK é de fertilizante e agroquímicos também. Por isso tem que ser analisado. Quem é que trabalha com isso? Cana, plantação às margens? Não é numa área tão longe, porque o peixe não morreu em toda a área, foi em uma certa área. Além de tudo isso tem a presença de metais pesados que pode estar em algum produto químico que vem sendo acumulado também”, detalhou.

Emerson esclareceu que as análises identificaram a ocorrência de duas situações distintas: o lançamento de produtos químicos que ocasionaram a morte dos peixes e o alto nível de poluição na Lagoa Mundaú, resultado de uma contaminação que vem se acumulando. Ainda segundo o pesquisador, não foi possível determinar a origem desse lançamento ilegal.

Foto: Ascom IMA/AL