Cidades

Grupo de patinação promove integração, esporte e lazer

Atividade tem se tornado cada vez mais uma oportunidade de conhecer pessoas novas e se divertir com saúde

Por Emanuelle Vanderlei - colaboradora / Tribuna Independente 07/01/2023 08h15
Grupo de patinação promove integração, esporte e lazer
Rollers Mcz: grupo de patinadores surgiu oficialmente em 2019, quando alguns amigos sentiram a necessidade de se reunir para treinar - Foto: Edilson Omena

Descobrir uma forma de lazer que pode movimentar o corpo e trazer benefícios à saúde parece ser o desejo da maioria da população. Para muitos, esse objetivo é alcançado com os patins. Em Maceió, a prática tem se tornado cada vez mais uma oportunidade de formar grupos, conhecer pessoas novas e se divertir com saúde, saindo um pouco do ambiente digital.

Amaro Bernardo viu sua vida transformada pelas rodinhas. Uma paixão de criança que ficou esquecida por anos, voltou na vida adulta e ajudou a superar um momento muito difícil.

“Em novembro de 2018 minha mãe faleceu e, pra mim, isso foi um baque muito grande. Foi então que entrei em depressão. Passei muito tempo em casa até decidir que não queria mais ficar nessa, aí voltei a patinar. Nesse mesmo período, meus irmãos também estavam na mesma condição que eu e então fiz o convite pra eles virem comigo. Passei a patinar todos os dias na orla, quando não ia com meus irmãos, ia sozinho, mas nunca deixava de ir. Aí começamos a conhecer mais gente que patinava também e começamos a nos encontrar pra treinar. Foi assim que surgiu o Rollers”, disse ele.

O Rollers Mcz é um grupo de patinadores que surgiu oficialmente em 2019 quando Amaro e alguns amigos sentiram a necessidade de reunir pra treinar. “Na época, não tinha nenhum outro grupo de patins ativo e a gente se reunia pra ajudar uns aos outros e ir aprendendo aos poucos. Estamos com atividades desde então, procurando sempre apoiar aqueles que querem começar a patinar e não sabem como”.

Atualmente, o grupo conta com cerca de 105 participantes e promove aulões gratuitos, passeios e encontros durante a semana praticamente toda. “Hoje, procuramos disseminar o patins como nosso esporte, apesar de também termos como lazer. Em nosso estado, o patins ainda não tem muita visibilidade, é sempre visto como brinquedo ou recreação, mas nós levamos bem a sério. Fazemos eventos, ações sociais, treinos e tudo que podemos para mudar essa visão que as pessoas têm”.

Usando seu caso como exemplo, ele atesta o papel que a patinação pode ter na vida de algumas pessoas. “O patins para além do lazer, para muitos é como uma terapia. Conheço muita gente que saiu de quadro depressivo por causa da patinação, eu sou um desses casos, inclusive”. E incentiva a prática para qualquer pessoa que tenha interesse. “Qualquer pessoa pode, tenho alunos de 3 até de 70. Para começar a patinar, basta ter força de vontade e o apoio necessário. Não recomendamos começar sem apoio nenhum, é sempre melhor saber mais ou menos o que fazer”.

Os mais experientes fazem manobras e dão um show à parte (Foto: Edilson Omena)

A programação do grupo conta com uma agenda fixa e treinos esporádicos que são marcados espontaneamente pelo grupo. Têm passeios, chamados por eles de rolês, para todo tipo de público. “No caso de segunda feira, é o ‘pró’, geralmente fazemos passeios de 40km pra mais num ritmo mais avançado, andando numa média de 18 a 20km/h constante. Quartas feiras são os aulões onde a gente se reúne pra treinar temas diversos em todos os níveis. Então, desde quem é iniciante até quem é avançado pode participar.

A preocupação com a segurança também é levada a sério. “Equipamentos de proteção são sempre recomendados na nossa prática. Joelheira, cotoveleira, munhequeira e capacete. Algumas pessoas do grupo usam também protetor de quadril. Para além dos equipamentos, a gente ensina a cair também, o que ajuda muito a reduzir os impactos da queda”, destaca o fundador do grupo.

Apesar do entusiasmo, ele lamenta a falta de uma condição adequada na cidade. “Infelizmente ainda não temos um local próprio para patinar. O espaço que utilizamos é o segundo trecho do corredor Vera Arruda. Lá a gente meio que adaptou o espaço para nossa prática. O espaço ideal seria uma quadra com um piso legal (liso, sem rachaduras/buracos), coberto, já que sempre que chove ficamos sem ter onde treinar, e que fosse realmente definido como pista de patinação. Porque o espaço que utilizamos, sempre que tem evento lá, ficamos sem destino certo”.

De acordo com a Educadora Física Ezira Dias, a patinação é um exercício físico aeróbico considerado de baixo impacto, mas que exige equilíbrio, força e resistência. Ela enumera os benefícios. “Melhora equilíbrio, concentração, resistência cardiorrespiratória, resistência muscular e, como todo exercício aeróbico, ajuda na perda de peso. Traz também bem estar, que auxilia na capacidade cognitiva, ajudando com transtorno de ansiedade, TDAH e quadros depressivos”.

Ela garante que não tem limite de idade como alguns pensam. “Crianças a partir de 4 anos já podem iniciar no esporte e idosos podem praticar, desde que com auxílio e devida instrução para os iniciantes”. Mas há um público que deve evitar: “pessoas com deficiência óssea ou problema crônico articular (alguns deles), pois [a prática] tem risco de fraturas, desgastes ósseos e articulares”.

Iniciantes podem recorrer a aluguel de equipamentos

Apesar de não ser um dos esportes mais caros, o patins exige um certo investimento inicial, um custo considerável. Para quem ainda não sabe se gosta ou não pode comprar o próprio equipamento, uma alternativa é o aluguel.

Desempregado durante a pandemia, Amaro criou a primeira loja especializada em patins em nosso estado, Rollers Shop. “Essa é uma iniciativa privada, porém lá disponibilizamos patins pra aluguel, equipamentos e instrução. Então pra quem quer começar e não tem patins, também tem a opção de começar alugando”.

Caso você compre um patins, depois o custo é só com rodas e manutenção. Rodas (a depender do uso e do cuidado) você troca praticamente de ano em ano, às vezes dura até mais de um ano. Manutenção é possível fazer em casa mesmo, então não tem um custo alto. Tudo começou de forma despretensiosa, mas acabou virando um negócio. “Durante a pandemia fiquei sem trabalho, e eu já ensinava a turma sem cobrar nada. Daí um amigo meu perguntou se eu cobraria dele pra ele ter aulas particulares. Hoje vivo do patins, tenho como esporte, terapia e meio de sobrevivência também. Não só pra mim, mas pra muita gente, o patins vai bem além do que é”.

Emanuelle tem uma paixão pelo patins desde criança. “Eu comecei a andar de patins eu acho que com uns dez anos, nove anos. Meu primeiro patins era aquele com quatro rodas e eu sempre amei andar, aí depois eu ganhei um daquele que as rodas são só no meio e gostei mais ainda de andar porque ele corre muito. Então eu sempre andava com as minhas amigas de patins. A gente passava praticamente todas as tardes andando. Até adolescente eu andei muito. Aí depois me casei tive meu primeiro filho e às vezes minha cunhada mais nova ia lá pra casa e também tinha patins, aí quando meu filho dormia deixava ele lá com o pai e ia andar de patins na Praça Vera Arruda”.

A expectativa dela era que o filho, hoje com 17 anos, acompanhasse. “Mas ele nunca gostou muito. Aí eu desisti. Eu tenho um patins antigo aqui, de vez em quando eu andava, mas o patins estava bem velho e acabou que eu deixei, não prestava mais. Aí eu tenho uma outra filha agora de 7 anos e que gosta de andar. Aí a gente às vezes aluga na praia, e eu amo”.

Apesar de ser uma boa atividade física, Emanuelle só vê diversão. “Na verdade eu gosto muito de esporte e tal, mas eu fazia mais por prazer mesmo. Eu acho muito bom. Gosto de andar, sentir aquele ventinho. Então hoje em dia eu ainda não tenho patins, eu tenho vontade de comprar. Quando quero eu vou à orla andar. Geralmente eu vou no domingo com a minha filha. A gente anda e aí eu relembro de tudo e gosto demais”.