Cidades

Sociedade Civil Organizada contribui com FPI do São Francisco em Alagoas por meio de ONGs

Rede Mulheres de Comunidades Tradicionais, SOS Caatinga e IPMA têm papel de destaque para a atuação das Equipes que compõem

Por Ascom FPI do São Francisco 02/12/2022 10h13
Sociedade Civil Organizada contribui com FPI do São Francisco em Alagoas por meio de ONGs
Rede Mulheres de Comunidades Tradicionais, SOS Caatinga e IPMA têm papel de destaque para a atuação das Equipes que compõem - Foto: Ascom FPI do São Francisco

A Fiscalização Preventiva Integrada da Bacia do Rio São Francisco (FPI do Rio São Francisco) em Alagoas, neste ano de 2022, acontece a 11ª FPI em Alagoas, sendo a primeira após a suspensão das atividades em decorrência da pandemia de coronavírus, e conta com a participação de 31 instituições e entidades, pela primeira vez, três delas da sociedade civil organizada.

A FPI é um importante programa que reúne diversos órgãos e instituições públicas, a fim de vistoriar e combater o desmatamento, captação irregular, comércio ilegal de animais silvestres, prejuízo aos patrimônios ambiental, histórico e cultural, proteção das comunidades tradicionais, entre outros.

Rede Mulheres de Comunidades Quilombolas – A RMCT tem contribuído com a FPI, especialmente com a Equipe Comunidades Tradicionais e Patrimônio Cultural, realizando a articulação e mobilizando as comunidades que são visitadas durante a FPI. O papel da entidade é evidenciar a importância do reconhecimento e valorização das comunidades, assim como destacar para a Equipe as principais necessidades, buscando propor políticas públicas de proteção à memória e às tradições de povos remanescentes ligados à bacia do São Francisco.

Como atualmente, muitas das associações de comunidades tradicionais são lideradas por mulheres que fazem parte do coletivo, que possui membros quilombolas, de terreiros de matriz africana, indígenas, ciganas, além das mulheres que são colaboradoras em todas as áreas. Assim, a articulação é facilitada pela Rede e seus contatos espalhados por todo estado de Alagoas.

A Rede Mulheres de Comunidades Tradicionais surgiu junto com os movimentos quilombolas no Estado de Alagoas, que proporcionaram destaque para as ações das várias lideranças femininas que organizavam e articulavam ações sociais de proteção ao povo preto. No entanto, seu fortalecimento se deu no período da pandemia, quando as comunidades se viram na iminência de uma grande tragédia. Assim, surgiu um coletivo de mulheres de comunidades tradicionais para tentar amenizar as consequências do período da Covid-19.

“Essas mulheres se juntaram para fazer pequenos projetos e ações preventivas nas comunidades para que o coronavírus não se alastrasse, como: barreiras sanitárias, distribuição de cestas básicas e kits de higiene”, comentou Elis Lopes, representante da Rede Mulheres de Comunidades Quilombolas na 11ª Etapa da FPI Alagoas.

Instituto SOS Caatinga – A Organização Não Governamental (ONG) tem participado das últimas edições da FPI, sempre no intuito de garantir que o bioma Caatinga seja recuperado e conservado, no sentido de garantir o usufruto por gerações futuras, bem como de seus recursos naturais, como cursos d’água, fauna e flora.

Nesta Etapa da FPI, o SOS Caatinga, em parceria com Instituto do Meio Ambiente (IMA), montou pela primeira vez um Hospital de Campanha chamado Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas). Lá, os animais passam por tratamento com médico veterinário, recebem suplementos vitamínicos e passam por reabilitação para poder voltar para a natureza. Porém, alguns ficam impossibilitados de ganhar a liberdade por estarem muito debilitados ou acostumados com a presença humana.

Para o diretor-presidente do Instituto, Marcos Araújo, “contribuir com a FPI é, na verdade, aliar esforços em defesa dos animais e do bioma caatinga, estimulando ações de educação ambiental para promover a conservação, preservação e resgate da Caatinga. Por isso clamamos que os prefeitos dos municípios do Sertão de Alagoas incluam a educação ambiental nas escolas”.

Além do Cetas e do estímulo à educação ambiental, o SOS Caatinga tem buscado a instalação de passagens para animais silvestres nas rodovias federais e estaduais que atravessam a Caatinga, e também no Canal do Sertão, que leva água do Rio São Francisco para comunidades mais afastadas.

O Instituto foi criado em 2004 na cidade de São José da Tapera-AL, com a finalidade de realizar trabalhos sociais junto às comunidades menos assistidas. Ao longo de onze anos, as ações eram praticamente voltadas a questões sociais. Todavia, em virtude do surgimento de demandas maiores e, com o auge da discussão ambiental, bem como motivados por uma série de acontecimentos simultâneos, o Instituto repensou os objetivos e decidiu ampliar as ações para um enfoque mais amplo, de modo a contemplar a realidade ambiental local, mais precisamente no que diz respeito ao Bioma Caatinga.

Instituto para Preservação da Mata Atlântica – Nesta Etapa da FPI, o IPMA tem contribuído com apoio tanto na Promotoria de Delmiro Gouveia, onde está baseada a FPI, como também em incursões em campo, junto com a Equipe Fauna, no resgate de animais silvestres, dispondo de dois gestores ambientais e dois biólogos.

A ONG tem um importante trabalho de educação ambiental, em parceria com o MP do Estado de Alagoas, através dos projetos: Pró-Manguezais, com produção de mudas de espécies nativa da mata atlântica, do semiárido e da caatinga, e; Pró-Reservas, por meio do qual tem uma destacada atuação na implantação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs)*, especialmente junto ao setor sucroenergético.

O IPMA, criado em 1996, dedica-se à reprodução e reintrodução de aves nativas da Mata Atlântica de Alagoas, sobretudo o mutum-de-alagoas, espécie endêmica mas extinta no estado. A ave só era encontrada em cativeiro, mas começou a ser reintroduzida em 2017 a partir dos descendentes de indivíduos capturados há 40 anos. Mais recentemente, o papagaio-chauá, em parceria com a Universidade São Carlos, o Museu Natural da USP e o criatório CRAX, de Belo Horizonte (MG).

*RPPN é uma unidade de conservação (UC) de domínio privado, gravada com perpetuidade na matrícula do imóvel, com o objetivo de conservar a diversidade biológica.