Cidades

Digaê: ONU-Habitat inicia programa de formação de jovens em Alagoas

O ONU-Habitat iniciou as primeiras turmas do programa Digaê! – Juventudes, Comunicação e Cidade, que vai formar jovens de comunidades periféricas de Maceió em diferentes técnicas de comunicação e produção midiática

Por ONU-Habitat 08/09/2022 15h07 - Atualizado em 08/09/2022 18h38
Digaê: ONU-Habitat inicia programa de formação de jovens em Alagoas
Participantes vão aprender diferentes técnicas de produção midiática sob a perspectiva do direito à cidade e das agendas globais de desenvolvimento - Foto: © Minne Santos/ONU-Habitat Brasil

Visando reforçar e estimular a participação de jovens na transformação de seus territórios, o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) deu início, na terça-feira (5), às primeiras turmas do projeto Digaê! – Juventudes, Comunicação e Cidade. Ao total, a iniciativa vai formar 90 jovens das grotas de Maceió em diferentes linguagens de comunicação e mobilização comunitária.

A fase inicial do programa, que envolve uma turma de cerca de 40 jovens, acontece até novembro. O grupo terá acesso a oficinas gratuitas de podcast, audiovisual, fotografia, lambe-lambe, grafite, estêncil, entre outras técnicas de comunicação multimídia. A ideia é que, a partir da formação e sob a perspectiva do direito à cidade e do desenvolvimento sustentável, o grupo possa contribuir cada vez mais para melhorar a dinâmica da sua comunidade.

“Quero me formar como um artista periférico e o Digaê traz coisas importantes para a minha carreira. Não tenho estudado nada com essa estrutura que o projeto oferta e acho muito importante iniciativas assim, que dão uma perspectiva de futuro para as comunidades, que alimentam os sonhos. Fazer isso é também uma forma de reparar a injustiça social, de dar novas oportunidades, novos caminhos e destinos para a favela”, afirma Nia Agyei, participante do programa.

Jovens selecionados moram em regiões periféricas de Maceió, conhecidas popularmente como "grotas" (Foto: © Minne Santos/ONU-Habitat Brasil)

Realizado em parceria com o Instituto Pólis e a Viração, o projeto oferece capacitações gratuitas, bolsa-auxílio, reembolso de passagens e certificado para os participantes. Por meio da iniciativa, os jovens também vão receber um montante para que, em grupos, desenvolvam ações de intervenção em comunicação e mobilização em seus territórios.

“O programa vai seguir uma proposta de aprendizagem prática porque o intuito é que, durante a formação, esses jovens também produzam uma série de conteúdos multimídia. Com mentoria e apoio da equipe de educadores, eles vão contar histórias das grotas, de seus atores, desafios e realidades. No final do projeto, essa produção vai ser editada em uma coletânea de memórias e narrativas dessas grotas, que por muito tempo ficaram às margens dos debates sobre a cidade”, pontua a analista de Programas do ONU-Habitat, Fernanda Balbino.

De jovens para jovens - Antes mesmo de iniciar a formação dos 40 jovens que serão beneficiados pela iniciativa nesta edição, o programa já capacitou um grupo de dez outros jovens das grotas da cidade. Segundo a coordenadora adjunta da Viração, Vania Correia, o intuito é que eles atuem junto à equipe de educomunicadores na co-facilitação das turmas do Digaê.

“Esse é um grupo muito potente, diverso, formado por jovens de vários territórios, com diferentes repertórios e inserções em movimentos políticos, comunitários e culturais. É um grupo que contribui demais para o projeto e que vai atuar numa perspectiva de educação entre pares dentro do programa, de jovens para jovens”, explica Vania.

Grupo de jovens mobilizadores vai co-facilitar as formações dos demais participantes do programa (Foto: © Minne Santos/ONU-Habitat Brasil)

Em uma semana imersiva, eles puderam construir os acordos e o plano de trabalho do grupo, além de aprenderem mais sobre temas como direito à cidade, agendas globais de desenvolvimento, direitos das juventudes e algumas das metodologias que vão ser aplicadas durante o programa.

“Está sendo muito interessante para mim porque, mesmo sendo jovem, eu nunca tinha me visto sob uma ótica de ser mobilizadora, de ser capaz de transformar o local em que eu moro. Além de estar aprendendo sobre mobilização, eu estou aprendendo sobre mim”, comenta a mobilizadora Juliana Paz.

Próximos passos – A partir de agora, as turmas iniciais do programa vão se reunir duas vezes por semana nas capacitações, que vão até novembro. Já no início do ano que vem, o Digaê abre mais uma seletiva, visando atender grotas de outras regiões da cidade. Depois da seleção, cerca de novos 50 jovens vão poder participar e compartilhar suas histórias e vivências por meio da iniciativa.