Cidades
“Maceió precisa de mais ciclovias”
Segundo o presidente da Associação Alagoana de Ciclismo, capital tem 5% da infraestrutura cicloviária que necessita
Nesta sexta-feira (19) é celebrado o Dia Nacional do Ciclista, mas em Maceió não há muito o que comemorar. Segundo o presidente da Associação Alagoana de Ciclismo (AAC), Antônio Facchinetti, a cidade precisa de mais de 800km de infraestrutura cicloviária. “Como não temos nada, falta tudo. Só temos 43km de ciclovias e ciclofaixas, ou seja, 5% do que seria necessário. Não temos ciclorotas e nem calçadas compartilhadas, não temos bicicletários e os paraciclos são muito pequenos no tamanho e poucos na quantidade”, afirmou.
Facchinetti falou ainda que a ciclovia da Avenida Fernandes Lima não atende aos parâmetros técnicos para ser considerada uma ciclovia. “A ciclovia da Av. Fernandes Lima não atende aos parâmetros, especialmente, para aquela avenida, onde temos mais de 1.000 ciclistas por dia passando por ali”, disse.
Para a integrante da Ciclomobilidade de Maceió, Juliana Agra, o maior desafio é o ciclista ser entendido e reconhecido não somente pelos governantes, mas por toda sociedade, como usuário de meio de transporte legítimo. “A bicicleta é, comprovadamente, uma opção como meio de transporte por ser mais rápida e prática. A maioria das pessoas entendem a bicicleta com outros benefícios, além do financeiro. Mas acaba sendo uma opção difícil, por causa da falta de segurança”, afirmou.
Segundo Agra, a situação tem melhorado com a Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU), porque toda construção de via tem que prever as ciclovias, mas há muita resistência para as vias existentes realizarem adaptações.
“O movimento cicloativista teve uma grande vitória, em Maceió, que foi, depois de muitos anos, o início da implementação da ciclovia da Fernandes Lima, mas na Avenida Menino Marcelo, por exemplo, não existe pista alternativa ou uma ciclovia. Então, o ciclista que vai se deslocar do Benedito Bentes para Serraria, precisa pegar a Menino Marcelo e disputar o espaço com veículos andando a 60km/h, veículos pesados”, disse.
A pesquisa nacional Perfil do Ciclista 2021, organizada pela Transporte Ativo e pelo LABMOB-UFRJ, mostrou que 91,5% dos entrevistados, em Maceió, utilizam a bicicleta como meio de transporte para o trabalho. Revelou ainda que mais e melhores infraestruturas adequadas fariam 63,9% dos maceioenses utilizarem a bicicleta com mais frequência.
Usuários da bicicleta como transporte reclamam da falta de segurança
Quem utiliza, diariamente, a bicicleta como meio de transporte reclama da falta de segurança. Genival da Silva trabalha vendendo quebra-queixo na bicicleta pelas ruas de Maceió e disse que o dia a dia não é fácil.
“Tem mais de 30 anos que eu ando de bicicleta. Meu meio de transporte sempre foi esse e, graças a Deus, nunca me acidentei, mas tenho bastante medo. Ando sempre atento, procuro trabalhar nas áreas com ciclovia e que não têm muitos carros, para ter mais segurança. Precisamos de muitas melhorias”, afirmou.
O jardineiro Victor Oliveira também utiliza a bicicleta como meio de transporte todos os dias para ir e voltar do trabalho. Segundo ele, acaba economizando com transporte e melhora a saúde, com a pedalada, mas considera arriscado e disse que já passou por alguns sustos.
“Têm partes do trajeto que acabo pegando a pista normal, sem ciclovia, e aí tenho que me arriscar. De vez em quando, a gente encontra uns abençoados na contramão. Um dia desses, um carro quase me pegou. O motorista estava ao telefone e foi embora sem nem falar nada”, contou.
Atualmente, Maceió possui cerca de 42km de extensão, divididos entre ciclovias e ciclofaixas, segundo a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT). Em nota, o órgão disse que elabora projetos para a expansão da malha cicloviária na capital, que contemplará a conexão das já existentes.
PASSEIO CICLÍSTICO
Em alusão ao Dia Nacional dos Ciclistas, a Associação Alagoana de Ciclismo (AAC) realiza nesta sexta-feira um passeio ciclístico, com a intenção de mostrar a falta de atenção e cuidados que ocorrem no trânsito e, consequentemente, os graves acidentes, que muitas vezes são fatais.
A concentração acontece às 19h30, na Praça do Centenário, no bairro do Farol, e a saída às 20h. O percurso vai da praça até o Centro Educacional de Pesquisa Aplicada (Cepa). Depois, até a praça dos ciclistas, no Corredor Vera Arruda, no bairro da Jatiúca.
A AAC foi criada, em 31 de março de 2010, com a ideia de fazer uma revolução nas cidades alagoanas através das bicicletas. A associação busca melhorar a segurança e mobilidade dos ciclistas.
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