Cidades

Alagoanos sentem no bolso aumento do preço do leite

Segundo o IBGE, somente em julho, o longa vida disparou 25,46% no país; acumulado do ano chega a até 77,84%

Por Luciana Beder com Tribuna Independente 10/08/2022 06h39
Alagoanos sentem no bolso aumento do preço do leite
Mãe de duas crianças, Mayara Morgana compra para o mês todo quando encontra promoção: “não está fácil” - Foto: Edilson Omena

Os consumidores alagoanos estão se deparando com preços mais elevados, em cada ida ao supermercado. A lista de produtos que vêm sofrendo aumento é extensa. Entre eles, o leite, que custava em média R$ 4 e hoje é encontrado nos supermercados da capital com preços que variam entre R$ 7,39 e R$ 9,19.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apesar do mês de julho ter registrado deflação de 0,68%, o leite longa vida subiu 25,46%. A disparada do produto veio após um avanço de 10,72% no mês anterior. No ano, o leite passou a acumular alta de 77,84% até julho. Em 12 meses, a elevação chegou a 66,46%.

O economista Diego Farias afirmou que esse resultado já era esperado, pois o que provocou a baixa dos preços foram, principalmente, os combustíveis, por conta das medidas do governo de redução de impostos.

“Os preços da gasolina caíram em média 15,48% e os do etanol, 11,38%. A gasolina, individualmente, contribuiu com o impacto negativo mais intenso entre os 377 subitens que compõem o IPCA [Índice de preços no consumidor], com -1,04 ponto percentual. Além disso, também foi registrada queda no preço do gás veicular, com -5,67%”, disse.

De acordo com Farias, o preço do leite não baixou por causa de três principais fatores: entressafra que ocorre nesse período; fator climático que prejudicou os produtores neste ano; e aumento dos insumos (ração, vacinas, fertilizantes etc). “Vamos sentir, nos próximos meses, uma pequena baixa no preço do leite, principalmente, devido a redução dos combustíveis, pois vai aliviar nos custos de logística de distribuição”, ressaltou.

Os derivados do leite também subiram para o consumidor em julho, conforme o IPCA. O queijo subiu 5,28%. O leite em pó ficou 5,36% mais caro. A manteiga aumentou de 5,75%. O leite condensado registrou alta ainda maior, de 6,66%.

Famílias pagam caro pelo alimento de difícil substituição

A recepcionista Mayara Morgana é mãe e falou que não tem jeito, tem que comprar leite para os filhos, de 2 e 4 anos, independente do preço. Quando encontra na promoção, aproveita para comprar para o mês todo.

“A última vez que comprei o pacote de 800g foi no começo do mês e estava por 40 reais. Eu tive que comprar porque tenho dois filhos que consomem muito leite, principalmente, o mais novo, que ainda toma muita mamadeira. Não é fácil e pra quem ganha um salário mínimo é que não é fácil mesmo”, afirmou.

Segundo o nutricionista Mário Neto, o leite é um dos alimentos mais completos existentes e ajuda no crescimento e manutenção da saúde das crianças. Mas, com os preços mais altos, ele pode ser substituído por outras opções.

“Ele é uma excelente fonte de proteína, gordura, vitaminas e minerais, além de ser um alimento prático e bastante saboroso para as crianças, mas existem outras opções. Tem o leite de soja, de aveia, de arroz, de amêndoa e outros, que são alternativas para o consumo de leite”, disse.

Mário Neto ressaltou que é fundamental procurar um nutricionista para adequar a ingestão dos nutrientes, ao longo do dia, e não esperar atingir a meta diária através apenas de um alimento. “É fundamental ter uma dieta equilibrada, consumindo boas fontes de proteínas como, por exemplo, ovos, peixes, frango e carnes magras; boas fontes de gorduras tipo, amendoim, castanhas, amêndoas, sementes e óleos vegetais de qualidade; e para atingir as quantidades de vitaminas e minerais é fundamental incentivar o consumo de frutas, legumes e raízes”, explicou.

A funcionária pública Rejane Araújo costuma tomar leite, mas também afirmou ter sentido o aumento no preço do produto e só leva quando encontra na promoção. “Um absurdo. Comprei por R$ 5,35 e agora está R$ 9. Costumo tomar o desnatado ou sem lactose, mas não tem mais condições. Só levo quando acho na promoção, não estimulo esses preços”, disse.

Já a aposentada Ivanilda Cavalcante não deixa de levar o produto, mas não escolhe a marca e a quantidade que compra é menor. “Todo mês, eu compro leite por causa do meu filho, apesar de já ser adulto. Mas, como o preço aumentou bastante, a gente leva menos e nem escolhe marca, vai pelo preço mesmo”, afirmou.