Cidades

Chuvas afetam mais de 65 mil pessoas em Alagoas

Somente na capital são quase 5 mil pessoas atingidas pelo transbordamento da Lagoa Mundaú, conforme Defesa Civil

Por Luciana Beder com Tribuna Independente 06/07/2022 07h04 - Atualizado em 06/07/2022 12h39
Chuvas afetam mais de 65 mil pessoas em Alagoas
Colégio Rui Palmeira abriga cerca de 700 vítimas das chuvas após o transbordamento da Lagoa Mundaú - Foto: Adailson Calheiros

As chuvas dos últimos dias causaram muitos estragos em Alagoas e já deixa mais de 65 mil pessoas afetadas. São 12.049 desabrigados e 54.102 desalojados em todo o estado. A capital registra quase 5 mil afetados, sendo 1.221 pessoas desalojadas e 3.498 desabrigadas, que foram atingidos pelo transbordamento da Lagoa Mundaú, conforme dados da Defesa Civil de Maceió.

O pescador Luciano da Silva está entre os 700 desabrigados que estão na Escola Municipal Rui Palmeira, no Vergel do Lago, junto com a esposa e os dois filhos do casal. Desde 2010, morando na beira da lagoa, essa é a segunda vez que passa por essa situação.

“Sou morador antigo dos barracos. Passei por tudo isso, de perder tudo, fui para o Trapichão, naquela época, e agora novamente. Perdi fogão, botijão de gás, geladeira, som, cama, tudo. Não tenho mais nada e agora, que não tem peixe para pescar, estou na mão de Deus. Só quando a chuva parar e a água começar a limpar para voltar a trabalhar”, disse.

A marisqueira Eliene Gomes morava com o companheiro em um barraco na beira da lagoa e também perdeu tudo. Desde sábado (2), ela está no abrigo e disse não saber para onde ir quando a chuva passar, já que a família mora em outra cidade.

“Sofá, cama, geladeira, tudo dentro da lama, fora os animais mortos lá, como rato. Só deu tempo de pegar algumas roupas e os nossos documentos. E ainda bem que foi pelo dia, porque poderia ser pior, com a gente dormindo. A gente está aqui, mas não sei para onde ir porque minha família é do interior. Não vou para a casa dos outros, que não é legal, e na rua é que não vou morar”, contou.

A dona de casa Maria Cristina só conseguiu salvar os documentos e está no abrigo com a neta desde domingo (3). “Só deu para salvar meus documentos. Até a roupa que estou vestindo aqui foi doação. Enquanto a rua estiver com água, eu não volto para casa, porque faz medo da lagoa encher novamente e entrar água dentro de casa de novo. Só volto quando a água secar”, afirmou.

E, nesse momento de necessidade, muitas pessoas estão arrecadando doações e levando para os abrigos, como é o caso do Rodrigo Teixeira, que se uniu com os familiares e amigos para arrecadar roupas e itens de higiene.

“A gente tenta ajudar na medida do possível, porque é muita gente necessitada, o estrago foi muito grande, então a gente tenta abraçar o que pode. Estamos ajudando com lençóis, toalhas, agasalhos, principalmente para crianças, calçados, tudo o que a gente consegue arrecadar”, disse.

Segundo a Defesa Civil de Maceió, foram disponibilizados 18 novos pontos de abrigamento provisório, nos bairros que estão sendo afetados pelo transbordamento da Lagoa Mundaú.

Nesses pontos, as famílias estão recebendo a assistência necessária, como alimentação, roupas e kits de higiene pessoal, para, em seguida, serem cadastradas nos auxílios necessários. Assistência em saúde e de outras secretarias também estão sendo realizadas para acolher as famílias.

De acordo com a Prefeitura de Maceió, o aluguel social será pago a todos os desalojados e desabrigados, com prioridade a quem está nos abrigos. O auxílio é no valor de R$ 250. O cadastramento dos abrigados ocorre nos próprios abrigos.

Quem não está em abrigo deve procurar a Defesa Civil, para obter o termo que comprove a situação de desalojado, e se dirigir ao Centro de Atendimento Socioassistencial (Casa), no bairro do Prado, para solicitar o aluguel.

Além do aluguel social, será liberado um auxílio emergencial no valor de R$ 500 por família, podendo chegar a R$ 3 mil.