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Etanol tende a ser mais vantajoso com a disparada da gasolina?

Há uma conta simples que o consumidor pode fazer na hora de decidir

Por Ana Paula Omena com Tribuna Independente 15/03/2022 09h18 - Atualizado em 15/03/2022 10h00
Etanol tende a ser mais vantajoso com a disparada da gasolina?
Após anúncio do aumento, motoristas em Maceió se apressaram para abastecer, e encontraram o valor do combustível já acima do esperado - Foto: Edilson Omena

O preço da gasolina, assim como o diesel e o gás de cozinha, foi reajustado na última sexta-feira (11). O aumento no valor da gasolina foi de quase 20%, fazendo com que o litro do produto ultrapassasse os R$ 7 em vários postos da capital alagoana. Geralmente o álcool acompanha a alta e não tem sido vantajoso para o consumidor abastecer com ele. Mas e desta vez?

O economista e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Jarpa Aramis, explicou que existe uma conta simples que o consumidor pode fazer na hora de decidir. “Dividimos o valor do litro do álcool pelo da gasolina. Quando o resultado é menor que 0,7, a recomendação é abastecer com álcool. Se maior, a recomendação é escolher a gasolina”.

Para ele, independente do álcool ser mais em conta do que a gasolina, o seu valor ainda é exorbitante mesmo sendo menor. O álcool é um principal componente dos gastos, seja das empresas, seja das famílias.

“Em relação às empresas, o álcool tem uma reação em cadeia, se você tomar como referência Alagoas, basicamente a gente consome os produtos industrializados que são fabricados em outros lugares. Se a pessoa abrir a prateleira, aproximadamente 70 a 90% dos itens vêm de outros lugares, ou seja, ele vai precisar ser transportado até aqui e vai consumir combustível. Então, isso é um impacto direto desse aumento e mesmo na condição do álcool para as famílias o preço está muito superior àquele que costumávamos praticar”, salientou o economista.

Do ponto de vista do trânsito, o docente ressaltou que se observado, continuará caótico em Maceió, diferente de outras regiões do estado de Alagoas, onde o poder aquisitivo é menor e as pessoas têm o hábito de abastecer o carro numa quantidade fracionada de combustível. “Esta parcela da população certamente vai começar a buscar alternativas de fazer seu translado”, comentou.

O motorista Gilberto Lúcio lamentou o aumento, e disse pessimista, que a tendência seja piorar. “Como meu carro é flex, ainda tenho a opção de abastecer com álcool, e quem não tem? Com certeza fica no prejuízo”, frisou. Roseane Paz que estava a passeio no Brasil, também reclamou do preço exorbitante da gasolina.

De acordo com o economista Jarpa Aramis, a redução de veículos na cidade de Maceió somente poderá acontecer quando de fato o valor do combustível afetar a classe média, isto é, quando pesar no bolso dessa fatia da população.

Segundo o especialista, essa fatia da população tem recursos para pagar seguro, tem uma renda que comporta outras despesas do veículo. “A classe média não será afetada pelo menos por enquanto, porque a classe média ela viaja, tem os momentos de lazer nos finais de semana, a margem de gastos para o veículo é maior, então ela suporta um pouco mais. Mas é claro que, em um determinado período ou momento esta vai sentir”, destacou.

“E aí é que a gente vai ver como se comporta a partir de então. Espero que não aumente mais, mas se esses aumentos sucessivos permanecerem é possível sim chegar no estágio de que haverá redução no número de carros nos postos”, mencionou.

O professor da Ufal explicou ainda que apenas quando o aumento de fato for sentido no bolso a situação pode se reverter. “Produtos nos postos de combustíveis, mas sem saída, então a alternativa é a oferta para poder atrair novamente este público”.

“O que acontece, é que essa estrutura de mercado dos postos de combustível é um oligopólio, são poucas empresas que oferecem esse produto e um grande número de pessoas que consomem esse produto. Então, eles têm de todo modo um poder de aumentar os preços, que determinam, mas quando se tem um cenário como esse, que tenha um grande número de produtos no mercado e as pessoas não estejam procurando, a tendência é que exista uma pressão para a redução dos preços”, detalhou.

FISCALIZAÇÃO

O Procon Maceió iniciou uma fiscalização para investigar se os postos na capital cometeram abuso contra o consumidor. Segundo o representante do órgão, Leandro Almeida, serão solicitadas aos empresários, cópias das notas fiscais de compra dos postos.

“Iremos mediante denúncias, que ainda podem ser realizadas por toda a população através de envios de imagens, e notas fiscais. Denúncias que já chegaram pela imprensa e redes sociais serão também apuradas”, disse Leandro Almeida, diretor executivo do Procon Maceió.

Ainda segundo ele, a fiscalização vai ver quais postos aplicaram o reajuste já na última quinta-feira (10), e estes, serão notificados a apresentar notas fiscais de entrada e saída. “Se houver constatação de abusos de postos ou distribuidoras, estes estabelecimentos serão punidos com multa”, explicou o diretor executivo.

Para realizar denúncias o cidadão pode utilizar os canais para reclamação são: 0800 082 4567 ou WhatsApp 98882 8326.



Veja cinco aplicativos para te ajudar na hora de abastecer


A alta do preço dos combustíveis gerou um grande problema para o bolso dos brasileiros. Para economizar na hora de abastecer, conheça cinco aplicativos para te ajudar a driblar o aumento dos preços e encher o tanque: Waze - funciona muito além do que só apontar rotas, o app conta com recursos úteis para motoristas que querem economizar e permite checar o preço dos combustíveis nos postos de gasolina mais próximos. A função compara valores e indica local com os preços mais em conta.

Para acessar a ferramenta toque em “Para onde?” e depois, no ícone de bomba de gasolina. Como o recurso é colaborativo, ou seja, os próprios usuários podem ajudar a manter o preço do posto atualizado, portanto, é importante adicionar o valor da gasolina no aplicativo quando for abastecer.

Gasosa
- Disponível apenas para celulares Android, o aplicativo Gasosa possui uma calculadora que mostra se é mais econômico abastecer o veículo com gasolina ou etanol. A ferramenta funciona da seguinte maneira: a pessoa deve adicionar o modelo do carro e informar os preços dos dois tipos de combustível.

O aplicativo faz o cálculo baseado no percentual do valor de consumo por litro (km/l) do veículo cadastrado e assim, mostra o preço que será gasto a cada 100 km percorridos. O combustível que for mais vantajoso aparecerá na cor verde e o menos vantajoso será na cor vermelha.

Shell Box
- O aplicativo Shell Box funciona como um programa de fidelidade e uma das vantagens é poder pagar o combustível pelo aplicativo. Para ter o benefício da rede Shell é só se cadastrar no app, escolher a forma de pagamento e ir até o posto de gasolina.

Como a plataforma é uma conta digital, o usuário pode adicionar dinheiro fazendo uma transferência via Pix ou cadastrar o cartão no app. O valor do dinheiro de volta varia entre 2% a 5%. A quantia resgatada cai na conta do aplicativo e pode ser usada como o usuário quiser.

Só que antes de iniciar o abastecimento, é importante selecionar a opção “Digite para Pagar” no app e informar o código localizado na placa ao lado da bomba do combustível escolhido. Isso porque o aplicativo gerará pontos que podem ser trocados por descontos em lojas parceiras ou milhas Smiles. Nisso, um litro de combustível comum equivale a um ponto, por exemplo.

Abastece Aí
- O aplicativo Abastece Aí é o app de fidelidade da rede Ipiranga e os motoristas podem receber parte do dinheiro gasto em gasolina de volta. Para aderir ao benefício é muito simples, basta fazer o pagamento pelo app e cada compra gerará pontos que podem ser revertidos em cashback.

Premmia
- O aplicativo do programa de fidelidade dos postos Petrobras. Depois de realizar o cadastro no app, você acumula pontos de acordo com o que comprar na rede e pode trocar por descontos, produtos ou serviços. Além disso, tem como selecionar um dos postos como “Posto Preferido” e então, a cada R$ 1 gasto no estabelecimento escolhido equivalerá a dois pontos. (Com agências)