Cidades
“Nossa situação é de calamidade”
Moradores do bairro do Bom Parto denunciam avanço de rachaduras em imóveis da região e falta de ações efetivas

“O título que eu dou a isso sabe qual é? Genocídio social. Patrocinado pela Braskem, Prefeitura de Maceió e Governo do Estado. Ninguém faz nada e não é uma revolta política não, é uma revolta geral, de ver que estão jogando contra nós, estamos à mercê da vontade do MPF de quando decidirem realmente tirar ou não tirar. Estão esperando que morra alguém, que a casa desabe na cabeça de alguém pra retirar. Entendeu? Essa é a nossa situação atual”, desabafa Fernando Lima, morador e líder comunitário do Bom Parto.
Desde 2019 a comunidade do Bom Parto vem denunciando os efeitos da subsidência nos imóveis e ruas. Parte da comunidade foi realocada, mas principalmente nas casas às margens da Lagoa Mundaú a situação é de “calamidade”, afirmam os moradores.
De acordo com Fernando Lima, as rachaduras vêm se intensificando e o medo da população é com a aproximação da quadra chuvosa. Num dos imóveis as rachaduras e movimentação do solo já provocaram inclinação das estruturas, mas por não terem opção, os moradores permanecem no local.
“Já foi constatado realmente a subsidência do lado de cá do perímetro, ou seja, o lado do Bom Parto realmente está afundando. Existem casas que estão inclinadas quase quarenta graus. Os moradores estão dentro delas e vendo a hora da casa desabar. E com a chegada da chuva a tendência é essa. Temos um corredor inteiro de casas semidestruídas. Eu não sei o que é que estão esperando. A gente pediu ao Ministério Público uma posição e a resposta que nós tivemos é que semestralmente eles vão fazer uma avaliação pra ver se realmente nós estamos prestes a morrer. Entendeu? Essa é a verdade. Aí vem a pior parte que é a ausência da Prefeitura e principalmente do Estado. Se as políticas públicas aqui já eram ruins ficaram muito pior”, detalha a liderança.
Os problemas extrapolam a subsidência. Envolvem onda de violência, furto de fios, falta de iluminação pública, falta de coleta de lixo, retirada de equipamentos públicos.
“Nós temos problemas de limpeza urbana. Está um caos, o mato está comendo. Está aí, vem a época da quadra chuvosa e os córregos estão todos entupidos e isso a gente tem solicitações de um ano. Poda de árvore nós pedimos há um ano. As árvores já estão quase na rede elétrica. Então não é só o genocídio social Braskem. É o genocídio, o assassinato social Braskem, prefeitura e estado. Ou seja, nós estamos a sorte. E é isso que nos revolta. E é isso que nos deixa indignados. Foi criado um comitê para auxiliar os bairros, mas você vê que realmente não tem uma ação em prol dos moradores. Ninguém faz nada”, critica o morador.
MPF cobra ações e órgãos têm 15 dias para retorno
Na semana passada o Ministério Público Federal (MPF) cobrou dos órgãos públicos e da Braskem descritivo de ações para o bairro com prazo de 15 dias para retorno. A Tribuna Independente esteve em contato com os respectivos órgãos.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) afirmou que encaminhou a demanda do MPF a Polícia Militar (PM) e que o órgão irá adotar providências.
Já a Prefeitura de Maceió por meio do GGI dos Bairros informou que está realizando um levantamento para identificar quais ações estão sendo tomadas na região e que deve responder ao órgão ministerial no prazo estipulado.
“O Gabinete de Gestão Integrada para a Adoção de Medidas de Enfrentamento aos Impactos do Afundamento dos Bairros (GGI dos Bairros) já está adotando as medidas cabíveis junto às secretarias e órgãos responsáveis pela realização desses serviços. Nos próximos 15 dias o GGI dos Bairros encaminhará um relatório ao MPF, a fim de responder os questionamentos sobre a realização desses serviços, além de reforçar o que já vem sendo feito na região”, explicou em nota a Prefeitura.
Em nota, a Braskem afirmou que tem desenvolvido ações a pedido da comunidade no sentido de minimizar os problemas.
“A Braskem está em diálogo com as autoridades para buscar uma solução conjunta que atenda à comunidade do entorno do mapa, por meio de iniciativas nas áreas social, econômica e urbanística. Em apoio à comunidade do Bom Parto, a Braskem vem realizando serviços de controle de pragas e de limpeza urbana, quando solicitado pelos moradores. Também por solicitação da comunidade, a empresa realizou obra de pavimentação em trecho da Avenida Francisco de Menezes. Sobre as câmeras de segurança, a Braskem informa que as quatro câmeras instaladas na rua General Hermes, no Bom Parto, não foram retiradas. Elas não estavam funcionando devido ao furto de cabos elétricos, situação que já foi resolvida. A prioridade da Braskem é a segurança das pessoas, propondo e executando as ações necessárias para isso”, disse a empresa.
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