Cidades

Vestígios históricos encontrados no Centro podem ter de 100 a 150 anos

Durante as obras de revitalização podem ser encontrados novos objetos; arqueólogos irão acompanhar os serviços

Por Ana Paula Omena com Tribuna Independente 19/11/2021 07h32
Vestígios históricos encontrados no Centro podem ter de 100 a 150 anos
Reprodução - Foto: Assessoria
Os possíveis vestígios históricos encontrados na Rua da Alegria, no Centro de Maceió, a primeira contemplada pela Prefeitura Municipal, com obras de revitalização na região, podem ter por volta de 100 a 150 anos. A informação é do historiador e professor Daniel Marinho. Por lá, foram encontrados indícios de objetos de antigos bondes, além de elementos que podem caracterizar um sambaqui, espécies de colinas formadas a partir da ação de habitantes pré-históricos, e que são resultado do acúmulo de conchas, ossos e outros materiais. A Prefeitura de Maceió por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra) informou que durante as obras podem ser encontrados novos objetos e que arqueólogos contratados irão acompanhar o andamento dos serviços. As atividades que tinham sido paralisadas por conta dos achados foram retomadas na última terça-feira (15), após uma vistoria feita por técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O historiador Daniel Marinho explicou que nas cidades mais antigas como Salvador, Roma, é comum acontecer achados em construções da parte baixa das cidades. “Se forem vestígios históricos da cidade de Maceió, os objetos encontrados durante a obra na Rua da Alegria podem ter de 100 a 150 anos, porém se forem de fósseis de animais são milhares de anos, e é necessário fazer um estudo de datação, com carbono 14”, destacou. “O achado do Centro é interessante porque parece ser de fogueira ou material de madeira de construções antigas que são bem comuns de lugares, onde há vários momentos de construção e reconstrução que vão se depositando”, ressaltou o professor, acrescentando que: “as cidades são como camadas, então essa parte mais antiga vai ficando para baixo e a parte nova vai sendo construída para cima”. Ainda conforme o historiador, um estudo como este, depende muito dos objetos que são encontrados. “O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) estabelece que para essas construções serem refeitas precisam de laudos arqueológicos que pelo visto seja o que está acontecendo agora no Centro”, lembrou. “Preservar o patrimônio e ao mesmo tempo a vida econômica”   Para Daniel Marinho é de fundamental importância que sejam desenvolvidas políticas públicas para preservação do patrimônio. “Quem normalmente trabalha com o processo da preservação do patrimônio também está interessado e preocupado com a urgência da situação de trabalho das pessoas daquela rua, para que seja resolvida logo. Nós precisamos preservar o patrimônio ao mesmo tempo em que a vida econômica daquela rua e qualquer outro lugar continuem”. É exatamente o que Carlos Eduardo Soares, que vive do seu comércio, está passando desde que a obra começou. Ele que abre seu estabelecimento às 11h e fica até 21h amarga prejuízos com a queda do movimento. “Circulação de pessoas não existe mais aqui na Rua da Alegria, já tive que demitir duas pessoas e agora só restou eu e minha mãe. Tenho aluguel do ponto para pagar, além de água, energia. O prejuízo é grande porque eu que tenho bar o pessoal ainda parava e tinha onde estacionar, mas agora parou tudo. Tem quatro semanas assim”, desabafou o comerciante. “Se eles cumprissem com o que promete seria bom, já planejando a calçada ajudaria, vemos a dificuldade das pessoas em transitar por aqui, está inviável para todos, comerciantes, clientes e pedestres”, criticou a obra Carlos Soares. ESTUDOS Uma equipe de arqueólogos irá realizar estudos nos possíveis vestígios históricos encontrados na Rua da Alegria, no Centro de Maceió. Por enquanto ainda não houve datação dos materiais encontrados para saber o período geológico e há quantos anos estavam enterrados no local. De acordo com a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra), caso novos materiais voltem a aparecer durante as obras, a prefeitura seguirá os critérios estabelecidos pelo Iphan com o acompanhamento técnico especializado e adotando as medidas necessárias para a preservação do patrimônio histórico cultural de Maceió. “A Seminfra segue empenhada em cumprir o prazo final da obra, beneficiando lojistas e usuários do Centro”, frisou a pasta municipal. A Seminfra encaminhou os achados arqueológicos para a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente (Sedet) para que os estudos sejam realizados pela equipe de arqueólogos. “Os dormentes (pedaços de madeira que formavam o trilho do bondinho) foram encontrados durante escavação superficial para retirada do antigo asfalto e calçadas. No local estão sendo implantadas as melhorias que garantirão acessibilidade aos pedestres”, informou a Seminfra por meio da assessoria de comunicação. No dia 12 passado, a Prefeitura de Maceió se reuniu com o Iphan para discutir a situação da retomada das obras, que foi paralisada após os objetos serem encontrados durante a escavação. As obras foram retomadas seguindo os critérios necessários para preservação do patrimônio cultural e histórico da cidade. Obras nas calçadas iniciaram na Rua da Alegria   As obras de regularização de calçadas e acessibilidade, no Centro, começaram na Rua da Alegria e a previsão é que outras nove ruas também passem pelas reformas, que têm prazo de um ano para execução dos serviços. IPHAN Melissa Mota, superintendente do Iphan/AL, disse que o Instituto não pode retirar nada do local e nem realizar estudo arqueológico, porque está na circunscrição da Prefeitura de Maceió e somente ela quem tem que contratar estudo. “A responsabilidade atual é da Prefeitura de Maceió”, frisou. “Os dormentes foram retirados do local e estão sob a guarda da prefeitura, os demais objetos somente quando houver estudo para poder fazer o resgate da peça. Teve alguns achados superficiais na hora que embasaram o relatório para pedir um estudo”, disse. A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente (Sedet) estuda a possibilidade de promover uma exposição com os achados, mas ainda sem previsão. Não tem nada confirmado. Os sítios arqueológicos são conjuntos diferentes de achados arqueológicos sejam eles paleontológicos ou históricos. Ou seja, é muito é comum que normalmente se ache dois tipos de sítios arqueológicos, aqueles que são para pré-históricos normalmente com vestígios arqueológicos humanos ou com restos de fogueiras, pinturas rupestres que remontam inclusive as sociedades humanas ágrafas, aquelas que não possuíam cultura escrita e também existem os sítios arqueológicos históricos, normalmente quando se faz algum tipo de obra em uma cidade ou quando já têm sociedades ágrafas, que possuem escrita.