Cidades

Transportadores escolares tiveram redução de 80% no número de alunos

Motoristas enfrentam situação complicada: média era de 25 a 35 alunos, pandemia reduziu quantidade para 10 a 15 no máximo

Por Tribuna Independente com Lucas França 05/06/2021 15h40
Transportadores escolares tiveram redução de 80% no número de alunos
Reprodução - Foto: Assessoria
“A situação é complicada. Temos uma perda de 80% no número de estudantes – antes, a média do transporte era de 25 a 35 alunos, e isso reduziu para 10 a 15 no máximo. E para piorar não temos apoio do poder público’’. A fala acima é do presidente da Associação dos Transportadores Escolares de Maceió (ATE), Daniel Lobo. Ele afirma que a categoria de transportes escolares trafega por um cenário de dificuldades e parte dos condutores passa por dificuldades financeiras. E que mesmo com o retorno às aulas presenciais em algumas escolas particulares a demanda para a categoria não é a mesma dos anos anteriores à pandemia. ‘’Se a situação persistir sem um maior auxílio dos órgãos públicos, não sabemos como vamos lidar. O retorno não foi 100% e, por conta disso estamos numa situação realmente complicada. Com a demanda, muitos nem conseguem pagar parcela do veículo de trabalho. Muitos companheiros já desistiram de atuar na área e tentam a vida em outras profissões – a média de desistência é de 15 transportadores escolares’’, expõe Lobo acrescentando que está e a realidade de 140 motoristas escolares da capital. O vice-presidente da ATE, Glício Santiago, lembra que a categoria sofre com o ‘abandono’ desde início da pandemia causada pela Covid-19. “Somos permissionários, MEIs e não temos nenhum tipo de ajuda. Na pandemia, adquirimos dívidas como prestação de carro, emplacamento, impostos e isso, fora as contas pessoais. Reivindicamos que nesse momento, o governo do estado, prefeitura, governo federal enfim, nos ajude com pelo menos um auxílio emergencial ou cesta básica, pois trabalhamos com contrato de 12 meses com os pais, mas por falta de aula ou apenas de forma remota, as famílias deixaram de honrar com o pagamento. Algumas que entendem a situação continuaram pagando, mas foi mínimo o número, de 40, cinco continuaram’’, lamenta. Taxas e impostos Para Santiago, outro fator que dificulta a situação atual são as taxas cobradas e impostos. Segundo ele, algumas dessas taxas foram mantidas em 2020, mesmo com a paralisação dos serviços. “Conseguimos contato com a prefeitura através da SMTT [Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito] e no segundo semestre do ano passado, tivemos isenção em uma taxa. Vamos tentar para este ano também uma vez que ainda estamos perdendo receita’’. O motorista escolar Rosinaldo Monteiro da Silva, ressalta que a situação ainda é pior para aqueles que são chefes de família. “Agora imagine não saber de onde tirar recurso para cumprir com os compromissos. Quando apenas um da casa trabalha – que é a maioria nesse caso. Por isso, pedimos que as famílias que puderem continuem horando com o contrato, que o governo nos ajude de alguma forma’’, pede. Daniel, Glício e Rosinaldo lembra que o transportador escolar vive unicamente disso, porque o carro de transporte escolar só tem autorização para este serviço. “Entendemos que a necessidade existe, as medidas tomadas pelos governantes são necessárias porque se trata de saúde, e respeitamos. Mas que a situação da categoria precisa ser vista. Profissionais da educação foram vacinados, e a gente que trabalha transportando crianças para as escolas, temos contatos com estes profissionais nãos fomos incluídos, na verdade em nenhum grupo prioritário’’, reivindicam os profissionais. Os transportadores lembram que para trafegar existe uma série de protocolos que vem sendo cumpridos e que os cuidados e adaptação por conta da pandemia foram feitos. “Nas vans temos álcool em gel, todos usam máscaras, temos o selo para transportar – é tudo regularizado. Seguimos as diretrizes’’, explicam. INTERIOR Assim como na capital, no interior de Alagoas a situação também não é fácil para os transportadores escolares. Em Rio Largo, segundo representantes da Associação dos Transportadores Escolares da cidade, que preferiram não se identificar, os profissionais estão a ‘ver navios’. “Em Rio Largo as aulas voltaram em fevereiro e no dia oito de março o gestor achou por bem que seria melhor fechar as escolas, por conta da pandemia. E até essa data as escolas permanecem fechadas”, explica acrescentando que a situação fica pior sem nenhuma ajuda do gestor municipal para a categoria, “infelizmente estamos nos virando fazendo bicos”.