Cidades

Moradores do Pinheiro questionam valores dos imóveis propostos pela Braskem

Segundo levantamento, percentual de perda é de no mínimo 12% nas propostas feitas pela empresa; MPF apura o caso

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 05/05/2021 08h33
Moradores do Pinheiro questionam valores dos imóveis propostos pela Braskem
Reprodução - Foto: Assessoria
O Ministério Público Federal (MPF) apura reclamações de proprietários de imóveis no Pinheiro que reclamam dos valores apresentados nas propostas da Braskem. De acordo com relatos dos proprietários segundo tem havido perdas de no mínimo 12% entre as primeiras propostas e as atuais. Por questões de sigilo das negociações, os moradores ouvidos pela reportagem preferiram não se identificar para não comprometer o andamento das tratativas. O proprietário de um imóvel no Pinheiro, elaborou uma pesquisa entre imóveis do mesmo padrão que o seu em outros bairros similares e também de outras quinze propostas anteriores apresentadas para outras pessoas pela Braskem. Segundo ele, as perdas vão de 12% a 24%. “Todos estamos revoltados, tive uma reunião, a Braskem ridiculariza nossos imóveis, usa a força que esse acordo lhe transferiu para propor valores bem, mas bem abaixo da média de 15 propostas que ela mesmo fez a outros moradores. Falo de valores propostos por ela. Tenho compilado em dados estatísticos 15 propostas da Braskem. A Braskem não apresenta os valores referente a terreno e área construída. Em relação ao valor praticado no mercado o metrô quadrada em fevereiro de 2021 era de R$ 2.434,28. A perda em relação ao metrô quadrado proposto pela Braskem é de R$ 481,90 (-24,47%). A média referente a15 propostas Braskem é igual a R$ 2.235,04, a Perda em relação a média das propostas Braskem é de R$ 282,66 ou  (-12,64%)”, aponta o morador. De acordo com outra moradora que também preferiu não se identificar a diferença tem ocorrido também entre as propostas. “A Braskem vem sim reduzindo drasticamente o valor do metro quadrado edificado em suas propostas”, afirma. Procurada, a Braskem informou que vários critérios são utilizados para a confecção do valor das propostas. “Para o cálculo da compensação financeira, a Braskem utiliza como referência o valor de imóveis semelhantes, por exemplo, imóveis com as mesmas dimensões e que estejam situados em bairros que possuem as mesmas características. São também consideradas as benfeitorias, que são relevantes para determinação do padrão construtivo do imóvel e que são somadas ao valor do imóvel. Além disso a Braskem não considera depreciação dos imóveis. A empresa avalia os pleitos trazidos pelos moradores e, se comprovada a necessidade de uma nova análise, as propostas são revistas”, diz a empresa em nota. Ainda de acordo com a Braskem, os dados seguem sendo enviados aos órgãos responsáveis pelo acordo. “Todos os dados são periodicamente apresentados às autoridades públicas. No fluxo de compensação, os moradores são acompanhados por advogado ou defensor público. Além disso, os acordos são homologados pela justiça.Mais de 4 mil famílias receberam sua compensação financeira, e o programa já apresentou mais de 6 mil propostas de indenização, com índice de aceitação de 99,8%. A Braskem já pagou cerca de R$ 713 milhões em indenizações, auxílios-financeiros e honorários advocatícios”, explica a empresa. Prefeitura de Maceió inaugura espaço para intermediar tratativas   A Prefeitura de Maceió inaugurou um centro de apoio aos moradores dos bairros que sofrem com afundamento. Segundo o GGI dos bairros, dentre as opções o proprietário terá acesso a um serviço de avaliação dos imóveis a partir de convênio com o CREA. A OAB também ofertará apoio jurídico aos moradores. “A ideia é credenciar advogados e advogadas que estejam dispostos a contribuir com as negociações, que estejam dispostos a se debruçar sobre os termos do acordo e se encaixem nas premissas do credenciamento. Vamos utilizar o espaço no Centro de Acolhimento e Triagem para auxiliar a população em relação à garantia de direitos, atendendo as demandas que estão altas”, salientou. Durante pronunciamento no evento, o prefeito de Maceió, JHC, afirmou que a parceria com a Ordem é um ganho para as medidas relacionadas ao acompanhamento dos moradores dos bairros. “A OAB é uma instituição que pode estar ajudando bastante, com pessoas interessadas em ajudar a população, dando o suporte jurídico necessário, até para contrapor informações que não sejam verdadeiras, auxiliando e agilizando todo o processo”, pontuou o prefeito. O coordenador do GGI dos Bairros, o advogado Ronnie Mota, salientou a importância da parceria com a Ordem, frisando seu papel indispensável na garantia do acesso à Justiça. “A Ordem sempre foi um instrumento combativo a favor da sociedade. Em todos os momentos importantes da história, há a participação dela, cobrando garantias para os menos favorecidos e, quando o presidente sinalizou a possibilidade de uma participação nesse sentido, nós, como representantes do município, temos que buscar a construção de um instrumento que possibilite acesso à Justiça aos atingidos pelo afundamento”, disse Mota. O equipamento fica localizado na Rua Miguel Palmeira e irá prestar serviços de assistência social e psicológica aos moradores dos bairros afetados pelo afundamento do solo. Segundo a Prefeitura, a estrutura é permanente e ficará disponível enquanto se manter o problema. (Com assessoria)