Cidades

Carnavalesco: “vivo a festa, mas aprovo cancelamento”

Festejo não combina com tristeza, mas população tem que se fortalecer para 2022

Por Texto: Lucas França com Tribuna Independente 13/02/2021 10h04
Carnavalesco: “vivo a festa, mas aprovo cancelamento”
Reprodução - Foto: Assessoria
Com a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), o Carnaval foi cancelado este ano em Alagoas e em vários outros estados brasileiros trazendo tristeza e prejuízos para os foliões e profissionais que atuam na festa. O artista plástico e carnavalesco Ovídio Gurgel que organiza há 23 anos um dos blocos mais conhecidos de Marechal Deodoro, o Siri Mole, fala que é um folião nato e desde criança já curtia o festejo de Momo. “Sou do Rio Grande do Norte e desde muito pequeno já curtia o Carnaval. Quando entrei na faculdade passei a viver a festa intensamente – sempre me programava para ir a Olinda com um grupo de amigos e faço isso até hoje. Essa é minha rotina no período. O cancelamento traz uma frustração, mas compreendo que é necessário’’. Gurgel que é colecionador de muitas fantasias, diz que se não fosse à pandemia, estaria com as malas prontas embarcando para Olinda em Pernambuco para curtir o Carnaval tradicional. “Sempre viajo na sexta-feira antes do famoso sábado de Zé Pereira e retorno na terça-feira de Carnaval logo cedo que é quando sai o Bloco Siri Mole, que organizo aqui em Marechal. Mas, infelizmente este ano os planos mudaram. Estamos tristes – é algo que não combina com o Carnaval. E por outro lado estou tranquilo porque coloquei na mente que este cancelamento é para o nosso bem’’. Durante a reportagem Gurgel vestiu algumas fantasias e disse que estava com sentimento de nostalgia. “Bate uma tristeza, é uma festa brasileira de muita alegria’’. Além das fantasias, o folião também tem uma coleção de troféus que recebe por organizar um bloco de Carnaval tradicional. “Estes troféus recebo da Dona Dá – uma foliã de Olinda que a cada ano premia com troféus os blocos que passam em frente a sua porta lá na cidade pernambucana. Estes troféus são feitos por artistas nordestinos e traz a regionalidade – a cada ano ela escolhe um para produzir os troféus. O Siri Mole não passa por lá, é aqui em Alagoas, mas ela sabe a existência e nos presenteia’’. Ovídio Gurgel enfatiza que é importante que as pessoas entendam a situação e respeitem as normas sanitárias e decretos proibindo a organização de eventos. “Não existe Carnaval sem aglomeração, espero que as pessoas tenham ciência e respeitem as normas de distanciamento para o bem de todos e ano que vem a gente possa fazer uma Festa de Momo grandiosa’’. O carnavalesco mostra algumas fantasias que usou nos últimos anos e imagina como seria a festa este ano se não fosse cancelada por conta da Covid-19. “Todos os anos uso uma fantasia diferente – se fosse ter carnaval a Companhia Brasil por Dança iria produzir mais uma vez a fantasia. Sempre deixo nas mãos deles”, conta o carnavalesco lembrando que este ano também não irá produzir e montar o estandarte do Siri Mole. Gurgel descarta colocar bloco na rua este ano [caption id="attachment_427369" align="aligncenter" width="1200"] Artista plástico e carnavalesco Ovídio Gurgel faz um passo simbólico e solitário, mas defende cancelamento das festas por causa da pandemia (Foto: Edilson Omena)[/caption] O carnavalesco descarta a possibilidade de colocar o bloco Siri Mole nas ruas este ano. E diz que é contra a programação que está sendo planejada em alguns estados e cidades para realizar as festas em setembro. “Descartei a possibilidade de realizar o bloco em 2021. Vou me programar para 2022. Também discordo da ideia de setembro – acredito que em setembro o vírus ainda estará em alta e a população ainda não terá sido imunizada’’, finaliza Gurgel. MARECHAL Marechal Deodoro é uma das cidades que se destacam em Alagoas quando se fala em Carnaval, seguindo a linha tradicional a cidade tem vários grupos de frevos e músicos de filarmônicas que atuam neste período. No entanto, respeitando as recomendações do Ministério Público e obedecendo aos decretos do Governo Estadual referentes à pandemia, a Prefeitura coibiu a realização das festividades carnavalescos durante seu tempo comum. Mas, ressalta que tendo em vista que categorias artísticas, como os músicos, que dependem dos festejos para a geração da economia e renda, o município vem dando manutenção as ações já existentes, como os repasses mensais, as subvenções, dadas as filarmônicas, grupos culturais e artistas de destaques. Além disso, o município intermediou as inscrições de editais de cunho estadual e federal, tais como a Lei Aldir Blanc, para dar suporte e fomentar as manifestações culturais e artísticas nesta época de crise. Com relação aos eventos carnavalescos, a Prefeitura de Marechal Deodoro entende a importância sociocultural e econômica dos festejos e manifesta interesse de realizá-los em uma outra época, a depender da situação da pandemia. Entretanto, neste momento, o município está depositando seus esforços na vacinação da população e nas medidas de enfrentamento à Covid-19.