Cidades

Grupo Claricena lança episódio de websérie sobre resistência dos marisqueiros da Mundaú

Episódio ‘O pão nosso de cada dia’ faz parte da websérie ‘Sobreviver é a salvação pois parece que viver não existe”, tributo aos cem anos de Clarice Lispector. Objetivo do trabalho foi mostrar a relação entre os textos de Lispector e os moradores e trabal

Por Assessoria 09/02/2021 18h06
Grupo Claricena lança episódio de websérie sobre resistência dos marisqueiros da Mundaú
Reprodução - Foto: Assessoria
Um corpo costurando os destroços do lugar e tentando contar uma história que abarca várias outras histórias de vida. O sururu, como um elemento de subsistência em Maceió, será o principal ator em um vídeo curto, criado para revelar a graça da sobrevivência em meio a uma guerra contra um inimigo invisível. Neste terceiro episódio da websérie alagoana “Sobreviver é a salvação pois parece que viver não existe”, o grupo Claricena decidiu relacionar a produção do sururu, as histórias de pessoas que vivem na periferia, com o corpo de uma dançarina e atriz em busca do sentir. Com o título “O pão nosso de cada dia”, o episódio será lançado nesta quarta-feira (10), às 20h, no Instagram @grupoclaricena, e tem como base o livro “Um sopro de vida” (1978), da escritora Clarice Lispector. A intérprete Cleci Nascimento trabalha com o corpo em movimento há anos. Ela coloca na ponta do pé e nas delicadas mãos diversos sopros de vida: uma espécie de ressurreição contínua. Para ela, o objetivo central do episódio foi mostrar a vivência nas periferias e dar ênfase na resistência dos moradores e trabalhadores que durante a pandemia enfrentaram e continuam enfrentando muitas privações em seu cotidiano. “Reconheci a importância de focar em uma realidade específica, e a da orla lagunar foi escolhida, com o objetivo de tornar visível a fortaleza dos indivíduos que moram e trabalham nas margens da Lagoa Mundaú”, disse Cleci. Ainda segundo ela, o processo criativo se deu por conversas com os marisqueiros e marisqueiras da região Lagunar, a participação de sua mãe, que também tem envolvimento no trabalho com o sururu, e registrar o trabalho dessas pessoas. Ela também conta que houve dificuldades com a produção técnica, porém está animada porque conseguiu utilizar o que tinha ao alcance. “O que considero mais significativo foi a oportunidade de ir pra Lagoa Mundaú, conversar com os marisqueiros e marisqueiras, registrar todo o processo de trabalho deles, conhecer de perto a realidade dessas pessoas, que desde a infância eu tenho uma relação de afeto, um carinho muito grande. A sala da minha casa se tornou cenário, o quintal que se tornou cenário, e utilizou o que se tinha. As possibilidades que existiam por mim eram ignoradas, eu não as enxergava como elementos cênicos. O fato de eu registrar todas as cenas através da câmera do meu celular… Nunca tinha passado por uma experiência como essa”, relatou Cleci Nascimento. O fundador do grupo, ator e diretor, Anderson Vieira, é de Pernambuco, mas passou um tempo em Maceió, Alagoas, para estudar Artes Cênicas. O grupo foi criado na capital alagoana. Ele relatou que tem um apreço muito grande pela paisagem de Maceió, e que isso foi uma das propostas de materialidade da intérprete ao ter o registro da Lagoa Mundaú. Para Vieira, o maior desafio foi costurar e conectar a dança de um corpo em isolamento social, com o texto de Clarice Lispector e a sobrevivência dos marisqueiros da região. “Além do encanto pela proposta que a intérprete nos trouxe, investigamos narrativas do livro Um Sopro de Vida, um livro póstumo de Clarice Lispector. A intérprete do vídeo tem uma prática com a arte do movimento/dança e pensar no desafio da dança registrada em um momento de isolamento social por vídeo, e a conexão com a sobrevivência da comunidade local com a produção do sururu para comercialização e consumo me desafiou a "costurar" este episódio”, disse Anderson Vieira. A websérie “Sobreviver é a salvação pois parece que viver não existe” é o primeiro trabalho audiovisual do grupo Claricena, e teve seu lançamento no dia 10 de dezembro de 2020, ano de nascimento da escritora Clarice Lispector. O projeto é um tributo aos cem anos do nascimento da escritora. O grupo alagoano Claricena vem testando nos palcos e pesquisando sobre a relação do corpo com a dramaturgia escrita através de textos, pensamentos e ideias da escritora Clarice Lispector. O grupo já participou de vários festivais, mostras, apresentações privadas com a criação de 5 espetáculos na carreira, ”Espectro", A granja dos corações Amargurados”, "A Descoberta de Um", "Adeus, Clarice” e "TEMOS FOME". Serviço Grupo Claricena “Sobreviver é a salvação pois parece que viver não existe” Lançamento do terceiro episódio: “O pão nosso de cada dia” Data: 10/02/2021 Horário: 20h Local: Instagram @grupoclaricena Exibição gratuita e sem arrecadação financeira