Cidades

Alagoas é o terceiro estado do Nordeste em número de barragens críticas

Relatório aponta que problemas em 2017 permaneceram oferecendo riscos em 2018

Por Emanuelle Vanderlei com Tribuna Independente 17/12/2019 09h18
Alagoas é o terceiro estado do Nordeste em número de barragens críticas
Reprodução - Foto: Assessoria
Em relatório divulgado pela Agência Nacional de Águas (ANA), no início deste mês, seis barragens de Alagoas figuram na lista entre as que apresentam algum comprometimento estrutural importante. Os dados são relativos ao período de janeiro a dezembro de 2018, e repete as mesmas barragens com o problema do relatório apresentado no ano anterior. Através de fiscalização in loco pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), as barragens de Alagoas geram preocupação por problema com o vertedor. Estão relacionadas por estar com o vertedor quebrado as barragens Piauí, localizada em São Sebastião, e Canoas, que fica em Rio Largo. No caso das barragens Prado, São Francisco, Guladim, que ficam em Teotônio Vilela, e Bosque IV, localizada em Junqueiro, o vertedor é considerado insuficiente. Das seis barragens listadas, cinco pertencem à Usina Serestas e uma, a Canoas, à Usina Santa Clotilde. Os custos estimados para recuperação de cada uma delas seria de R$ 60 mil nas que estão com o vertedor insuficiente, e R$ 400 mil nas que o vertedor está quebrado. Entre os estados do Nordeste que mais apresentam problemas, Alagoas está em 3º lugar, perdendo apenas para Ceará e Bahia. A questão da segurança nas barragens chamou muita atenção da população após a tragédia que aconteceu em Brumadinho (MG), no dia 25 de janeiro de 2019. No episódio, 270 pessoas foram vítimas do rompimento de uma barragem da empresa Vale. A maior parte dos corpos já foi identificada, mas ainda há desaparecidos. O relatório da ANA é divulgado anualmente desde 2010, sempre com informações relacionadas ao ano anterior. Nesse caso, pode ser considerado que o relatório divulgado no final de 2019 ainda não sofreu influências da tragédia mineira, porque as ações promovidas pelo governo desde então podem ter influência sobre o relatório a ser divulgado em 2020. Segundo o próprio documento, o objetivo do estudo é acompanhar a atuação. “Seus objetivos são apresentar à sociedade um panorama da evolução da segurança das barragens brasileiras e da implementação da Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), e apontar algumas diretrizes para a atuação de fiscalizadores e empreendedores de barragem, além de destacar os principais acontecimentos no ano”. Segundo o relatório, Brasil tem 68 represas comprometidas   Nacionalmente, o último relatório apresenta 68 barragens comprometidas. As principais causas de acidentes são insuficiente capacidade dos órgãos de descarga (vertedouro e descarregador de fundo), situação que está acontecendo em Alagoas, e problemas estruturais que causam erosão interna ou das fundações. A ANA explica no relatório que a PNSB não se aplica a todas as barragens existentes, mas sim àquelas que apresentem ao menos uma destas características: altura do maciço, contada do ponto mais baixo da fundação à crista, maior ou igual a 15m (quinze metros); capacidade total do reservatório maior ou igual a 3.000.000 m³ (três milhões de metros cúbicos); reservatório que contenha resíduos perigosos conforme normas técnicas aplicáveis; categoria de dano potencial associado, médio ou alto, em termos econômicos, sociais, ambientais ou de perda de vidas humanas. As barragens que não satisfazem nenhum desses quatro critérios não se submetem à PNSB. Mesmo assim, seus empreendedores devem garantir a sua segurança. ALAGOAS Em janeiro deste ano, a Semarh divulgou que em Alagoas existiam 26 barragens que se enquadravam nas categorias risco alto, ou com dano potencial associado alto. Na mesma época foi anunciada uma força-tarefa para ir aos locais onde as barragens estão localizadas e assim relatar qual a atual condição dos reservatórios de água, atualizando o cadastro das barragens, bem como conferir se as barragens estão cumprindo o que estabelece os planos de segurança, conforme o que preconiza a PNSB. A barragens apontadas por apresentaram necessidade de fiscalização prioritária eram: Prado, localizada em Teotônio Vilela; São Francisco, em Teotônio Vilela; Piauí, em São Sebastião; Gulandim, em Teotônio Vilela; Sem. Carlos Lyra, em Maceió; Bosque IV, em Junqueiro; Coruripe I, em Coruripe; Francisco Alves, em Coruripe; Riacho de Pedras, em Coruripe; Caçamba, em Quebrangulo; Canoas, em Rio Largo; Coruripe, em Igaci; Arapiraca, em Arapiraca; Jaramataia, em Jaramataia; Major Izidoro, em Major Izidoro; Poço das Trincheiras, em Poço das Trincheiras; Riacho do Bode, em Santana do Ipanema; São Marcos, em Major Izidoro; Pariconha, em Pariconha; Travessia, em Major Izidoro; Campo Grande, em Campo Grande; Maravilha, em Maravilha; Boacica, em Igreja Nova; Marcado dos Pereiras, em Feira Grande; Marcado Grande, em Campo Grande; e Pindorama, em Coruripe/Penedo.