Cidades

'300 casas estão com rachaduras', diz líder comunitário do Bom Parto

Surgimento de fissuras no bairro tem inquietado moradores que temem relação com afundamento nas localidades vizinhas

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 06/09/2019 08h50
'300 casas estão com rachaduras', diz líder comunitário do Bom Parto
Reprodução - Foto: Assessoria
Cerca de 300 imóveis da Travessa São Francisco no bairro do Bom Parto, em Maceió, estão com rachaduras. É o que afirma o líder comunitário Fernando Lima. Ele comenta que tem recebido relatos de moradores há cerca de cinco meses detalhando o aparecimento de rachaduras que seguem um “caminho”. As moradias ficam às margens da lagoa Mundaú. “Começamos a verificar que os moradores estavam encontrando rachaduras, de uns três meses ou mais para cá. Inicialmente em 33 casas, com laudo da Defesa Civil. Hoje já ultrapassa o número de 300 casas. Foram identificadas rachaduras atípicas ao que é comum na região da lagoa. Porque grande parte de rachaduras lá é devido ao solo, ao aterro da lagoa. Só que nesse momento, temos percebido uma rachadura em específico que tem uma extensão de mais ou menos 300 a 400 metros. Ela se estende desde a parede, ao piso e segue em linha reta. A Defesa Civil esteve aqui e já foi solicitado que o CPRM viesse ao Bom Parto”, afirma o representante da comunidade. O líder comunitário diz que prefere não atribuir uma causa ao surgimento das rachaduras. Ele afirma que com a chegada dos pesquisadores os moradores esperam que a situação seja esclarecida. “Tudo que a gente afirmar aqui, qualquer achismo vai ser tido como verdade para a comunidade e não queremos isso. Esperamos que os técnicos venham e digam o que está causando isso”, pontuou. FORA DO “RADAR” Uma região do bairro do Bom Parto já havia sido incluída no monitoramento após análise interferométrica dos estudos do Serviço Geológico do Brasil. Mas segundo Fernando Lima, a Travessa São Francisco – onde apareceram as rachaduras – estaria fora da área monitorada. “Essa parte aqui está ‘estourando’. Não tem nada a ver com aqui, essa parte não estava no monitoramento. Na verdade a gente esperava que, se acontecesse, acontecesse do outro lado que está monitorada. Começou com 33 casas e agora já foi até a entrada da nova vila, lá já têm casas com rachaduras”, acrescenta. Dona Maria Zenaide da Silva conta que mora há 26 anos no local. Segundo ela, o aparecimento de rachaduras é “novidade”. Na residência dela uma rachadura “atravessa” a parede do quarto, o chão e segue para a casa vizinha. “Tem uns meses que ela [rachadura] começou a aparecer e tem aumentado. Ela começa na parede e vai passando debaixo da minha cama. Tava um buraco bem grande aí. A gente pegou cimento e tapou porque estava ruim o buraco no meio da casa. Eu fiquei com medo quando apareceu, até porque está aumentando, mas não sei por que é isso. Não sei se tem a ver com o que está acontecendo no Pinheiro, no Mutange. Não sei”, diz a dona de casa. Na casa em frente, os moradores, que preferiram não se identificar, afirmam que há cerca de cinco meses as rachaduras surgiram. Outro detalhe é que durante a maré cheia, a lagoa “invade” o quintal dos imóveis. No entanto, conforme apurou a reportagem, a região há alguns anos atrás foi aterrada para a ocupação indevida. CPRM irá investigar surgimento das fissuras na região da lagoa   Na edição desta quinta-feira (5) a reportagem adiantou que pesquisadores do CPRM devem voltar a Maceió no próximo dia 17 para dar continuidade aos estudos. Uma das motivações para esse retorno seria o aparecimento dessas rachaduras no Bom Parto. A Prefeitura de Maceió já havia solicitado - em visita do prefeito Rui Palmeira à Brasília na semana passada - o retorno das equipes também em decorrência disso. Inclusive, a região já foi inspecionada por técnicos da Defesa Civil Municipal. Segundo o órgão, as moradias seguirão em monitoramento e os pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil devem ir ao local para análise. “A Defesa Civil já solicitou a vinda de técnicos da CPRM para estudar o problema. Para saber se tem relação com a instabilidade de solo que afeta Bebedouro, Mutange e Pinheiro ou em decorrência de se tratar de área aterrada de mangue”, pontuou a Defesa Civil de Maceió.