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Alagoas registra 90 mortes por afogamento durante 2018

Dados são do IML de janeiro a outubro; Corpo de Bombeiros contabiliza 139 atendimentos em acidentes do tipo

Por Lucas França com Tribuna Independente 19/10/2018 08h28
Alagoas registra 90 mortes por afogamento durante 2018
Reprodução - Foto: Assessoria
De acordo com dados cadastrados pelo Grupamento de Socorro Aquático (GSA) do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBM/AL), de janeiro a outubro deste ano já foram registradas 139 ocorrências de atendimentos por afogamentos. Já em 2017 foram 58 ocorrências. Mas o órgão explica que só dispõe dos registros a partir do mês de agosto. “Em 2017, dispomos dos dados a partir do mês de agosto, pois foi à data que nosso sistema foi atualizado, totalizando 58 ocorrências de afogamento no período de 1º de agosto até 31 de dezembro de 2017’’, explica a assessoria do CBM/AL. Ainda segundo o Corpo de Bombeiros, a maioria dos casos ocorre no interior do estado, cerca de 60% dos registros. “Não existe um município que seja recorrente. Os casos variam, mas cerca de 60% acontecem no interior”. O CBM explica que, no litoral, a maioria dos registros em praias acontece no verão quando há movimentação maior de pessoas. Já nas outras cidades a maior quantidade de casos ocorre no inverno quando os açudes, lagos e lagoas estão mais cheios. MORTES Segundo levantamento do Instituto de Medicina Legal (IML), em 2018 foram realizados no estado 90 exames de necropsias em vítimas fatais por afogamento em Alagoas. Do total, 83 foram vítimas do sexo masculino e sete feminino. Já em 2017 o número de necropsias foi de 140, sendo 128 do sexo masculino e 12 feminino. CUIDADOS O CBM explica que os acidentes acontecem geralmente pelo excesso de confiança das pessoas e dão algumas dicas para que a diversão não acabe em tragédia. Segundo o CBM, as pessoas devem frequentar praias que conhecem. E, caso não conheçam e a praia tenha guarda-vidas, perguntar quais são os locais próprios para banho. Não ingerir bebidas alcoólicas nos locais de banho, especialmente em praias, açudes ou rios desconhecidos e os pais e responsáveis devem ficar mais atentos às crianças e adolescentes o tempo todo. O Corpo de Bombeiros ressalta que a situação está cada vez mais preocupante porque o número de afogamentos começou a aumentar de 2017 para 2018. Então, o órgão começou a intensificar as prevenções, palestras e parcerias para tentar minimizar os casos. CASO RECENTE No último dia 8, três adolescentes entraram no mar da Praia do Sobral, no bairro do Trapiche da Barra, porém dois retornaram e o outro não. Os estudantes teriam pulado no emissário submarino para nadar. O Corpo de Bombeiros realizou buscas pelo adolescente de 14 anos. A aeronave Falcão 05 e a guarnição do grupamento de salvamento aquático participaram das buscas e o corpo do jovem só foi encontrado na terça-feira (9). O jovem que pulou e não conseguiu sair foi identificado apenas como Vitor Gabriel. Ele era aluno da Escola Nossa Senhora Aparecida e estava com os colegas de turma. Vitor pulou, e teria sido arrastado pela correnteza e não teve forças para voltar. Os jovens teriam saído da Assomal, onde ocorriam os Jogos Internos da referida escola. Emissário submarino tem portão para impedir acesso de banhistas   A Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal), responsável pelo emissário, disse que desde a última sexta-feira (12), recolocaram um portão no local novamente para impedir o acesso de banhistas, pescadores, etc. “O portão que existia (antes do menino acessar o local e pular no mar) já foi arrombado e depredado dezenas de vezes. Havia um portão no local fechado com cadeado e correntes. Porém, dezenas de vezes ele foi arrombado, o cadeado e as correntes violados. Várias vezes, a Casal recolocou o portão de volta. No dia 12 foi só mais uma das vezes em que o portão foi recolocado”, explica a Companhia. [caption id="attachment_252903" align="aligncenter" width="750"] Portão do emissário submarino foi recolocado na última sexta pela Casal (Foto: Edilson Omena)[/caption] A Casal explica que a única segurança que existe no local de fato é o portão e que não seria necessário outro tipo de segurança porque todos sabem que não é um local de lazer. “Guarita com vigilantes é um custo muito alto. Isso ficaria inviável. Além do mais, é uma região perigosa, o próprio vigilante ficaria exposto. Por outro lado, lá dentro da área do pier não há patrimônio de valor que se justifique a presença de vigilantes. O local é uma estrutura de concreto que dá sustentação a uma tubulação de esgoto”. ALERTA Por essa razão, a Casal pede que ninguém acesse o local, pois não é área de lazer, não é local de pescaria, não é local para tirar fotos nem para nenhuma atividade. “A Companhia gostaria de contar com a educação e a consciência das pessoas, que assumem riscos ao acessar o espaço de forma inapropriada. Vale ressaltar que ficar embaixo do pier do emissário, como muitos banhistas fazem nos finais de semana para se proteger do sol, também não é recomendável. O local deve ser evitado, pois existe o risco de acidentes. Ali não é área para banhistas, pescadores nem curiosos”, alerta a Companhia. O emissário faz parte do Sistema de Esgotamento Sanitário de Maceió e a Casal destaca que ele cumpre um papel social e ambiental muito grande. “Deve ser preservado. A melhor forma de contribuir com essa preservação é manter distância”, destaca a Companhia.