Cidades

Municípios têm cobertura de 25,5% em mamografia

Maceió registra índice de 36% na realização dos exames; Organização Mundial da Saúde preconiza 70% de alcance

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 25/08/2018 10h30
Municípios têm cobertura de 25,5% em mamografia
Reprodução - Foto: Assessoria
De 154 mil mamografias que deveriam ser realizadas nos municípios alagoanos no ano passado, apenas 39 mil, ou 25,5% foram de fato executadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os dados fazem parte de uma pesquisa nacional da Sociedade Brasileira de Mastologia em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisa em Mastologia e considera a faixa etária de 50 a 69 anos. Em Maceió, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o índice de realização das mamografias nesta faixa etária chegou a 36% em 2017. De um total de 37.240 exames esperados, 13.593 foram realizados. O total de mamografias realizadas ano passado, sem considerar a idade das pacientes foi de 27.070 em 2017. Este ano, pouco mais de 6 mil exames foram realizados na faixa etária de 50 a 69 na capital. Considerando o geral foram 12.074 até junho de 2018. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) a realização dos exames é de responsabilidade dos municípios. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o percentual mínimo de cobertura seja de 70%. Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, o percentual de cobertura no Brasil é o menor em cinco anos: 24,1% do esperado. Dentre as 11,5 milhões de mamografias preconizadas, apenas 2,7 milhões ocorreram. Ainda conforme a Sociedade Brasileira de Mastologia, a realização da mamografia anualmente para todas as mulheres a partir dos 40 anos de idade. “Isso significa que, se fôssemos ampliar a abrangência do estudo, o cenário é ainda bem mais complexo, desesperador”, diz o presidente da entidade Antônio Frasson. O exame é o mais indicado para identificar o câncer de mama de forma precoce. Estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam que 59 mil novos casos de câncer de mama acometam mulheres brasileiras entre janeiro e dezembro deste ano. Também conforme informações do Inca, a mamografia é considerada uma estratégia de rastreamento do câncer de mama. “No Brasil a mamografia é o método preconizado para rastreamento na rotina da atenção integral à saúde da mulher. A mamografia é o único exame cuja aplicação em programas de rastreamento apresenta eficácia comprovada na redução da mortalidade do câncer de mama. Em países que implantaram programas efetivos de rastreamento, com cobertura da população-alvo, qualidade dos exames e tratamento adequado, a mortalidade por câncer de mama vem diminuindo.”, aponta o instituto. A coordenadora de Saúde da Mulher da SMS, Suzângela Mendonça reconhece o baixo percentual. Segundo ela, uma série de obstáculos dificulta o acesso das mulheres aos exames. “Infelizmente a gente nunca consegue realmente atingir todas as mulheres que é precisa atingir na faixa etária. A gente tem números de mamografias suficientes, não há burocracia para esse exame ser feito, mas infelizmente por mais cuidado que se tenha como Outubro Rosa, como campanhas, a gente não consegue que fechar com toda a população preconizada.” Coordenadora de saúde da mulher: “Oferta está longe de quem mais precisa” Suzângela explica que o reduzido percentual de cobertura pode ser explicado por dois fatores principais: o primeiro é a falta de informação que faz com que muitas mulheres não considerem o exame como importante. O segundo envolve a questão logística entre oferta e demanda dos exames. “A gente vem observando que há um desconhecimento da população. Por mais que se coloque, as mulheres ainda não se atentaram para a importância do exame, que detecta de forma precoce o câncer. E aí é a forma que você tem de curar o câncer, porque quanto mais cedo se detecta mais chances de curar. A importância da mamografia ainda é uma coisa que a gente percebe que ainda não foi tocada por muitas. Outro fator é a oferta desses exames. Que por conta da condição social de muita gente, mulheres que não têm dinheiro muitas vezes nem para a passagem não consegue ir até os locais de exame. Às vezes tem a oferta, mas a oferta não está próxima, está longe de quem mais precisa”, destaca. Ainda segundo a coordenadora, a quantidade de mamógrafos no estado atende a necessidade da população. No entanto, é preciso rever a forma como a oferta é organizada. “São vazios na distribuição dessas ofertas. Às vezes se tem uma concentração grande na oferta, no Centro, por exemplo, enquanto nas periferias não tem, e dificulta que as mulheres façam esse exame. Porque às vezes não é porque a mulher não quer, mas é porque não tem condições. Tudo isso faz com que a gente não consiga atingir o objetivo. O estado tem um número de mamógrafos mais do que suficiente para que essas mamografias sejam realizadas, mas de repente mudar o local de realização para que chegue mais perto dessa população, são essas estratégias que devem ser executadas para tentar minimizar isso aí”, reforça. A orientação para as mulheres a partir dos 40 anos, conforme Suzângela é procurar uma unidade básica de saúde, agendar uma consulta e pedir ao médico a solicitação do exame. “Todas as unidades básicas de saúde de Maceió têm como solicitar o exame. A mulher precisa fazer a consulta, passar por um médico e é até bom. Então, ela recebe a solicitação e vai para um prestador de serviço. A maioria deles atende o dia inteiro, não precisa de agendamento. Então, tem toda essa facilidade. O que a mulher precisa é ir à unidade de saúde mais próxima. É uma forma que a gente tem da comunidade chegar junto da sua unidade. Caso houver algum problema no atendimento, a mulher deve procurar a Ouvidoria da Secretaria, porque não deve haver problemas para conseguir isso”, orienta.