Cidades

'Quase sete mil devem estar na angústia', afirma reitor da Uncisal

Anulação do resultado do vestibular gerou suspensão de matrículas; empresa alega problema no cálculo das notas

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 22/01/2018 18h52
'Quase sete mil devem estar na angústia', afirma reitor da Uncisal
Reprodução - Foto: Assessoria
A anulação do resultado do vestibular 2018 da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) deixou candidatos preocupados. O motivo é a possibilidade de mudanças na lista de aprovados. A banca organizadora alega problemas nos cálculos das notas. Cerca de sete mil candidatos concorreram a 400 vagas da Instituição. “Essas quase sete mil pessoas devem estar com angústia. Quem passou se vai ficar fora da lista e quem não passou se vai estar na lista”, resume o reitor Henrique de Oliveira Costa sobre a situação enfrentada pelos candidatos. A relação dos aprovados foi divulgada na última sexta-feira (20) e nesta segunda-feira (22) seria o primeiro dia de matrículas. Mas a anulação dos resultados fez com que a Universidade suspendesse as matrículas. Mesmo assim, treze candidatos chegaram a entregar a documentação no início da manhã. Um deles, Anderson Alexandre da Silva, conta que passou em 9º lugar para o curso de Medicina e esteve na Instituição para efetuar a matrícula e chegou a entregar a documentação necessária. Ele recebeu uma declaração confirmando a entrega, mas segundo a assessoria de comunicação da Uncisal, a entrega da documentação não caracteriza a efetivação do vínculo. “Eles vão precisar explicar porque receberam meus documentos, aceitaram meus documentos e fizeram minha matrícula”, cobra o candidato. Um princípio de tumulto foi gerado na entrada do auditório até que o reitor recebesse os candidatos para dar explicações.   Após anulação do exame, candidatos cobram resposta   Inconformada e trêmula, Alexia Maria, de 17 anos, prestou vestibular para o curso de Terapia Ocupacional, segundo ela, pela primeira vez. Ela e outros candidatos estiveram na Uncisal para cobrar explicações da reitoria. [caption id="attachment_56087" align="alignleft" width="300"] Liandra Tojal se diz constrangida com a possibilidade de não ser aprovada com a divulgação de novo resultado (Foto: Sandro Lima)[/caption] “O que eu sinto é medo, tristeza e decepção, porque ninguém espera. Isso é um absurdo. Eu vim para cá para ter uma notícia, uma resposta o mais rápido possível porque ninguém espera isso. É uma festa, uma comemoração quando a gente passa e do nada vem um baque. É triste”, detalha. Outra que esteve na Uncisal para buscar explicações foi Liandra Tojal, de 19 anos. Ela está entre os aprovados no curso de Tecnologia de Alimentos e Radiologia. Para ela, a notícia de que haverá um novo resultado é constrangedora. “Eu me sinto constrangida com a possibilidade de ter que explicar para a minha família que eu não passei. Como disseram que vai sair uma nova lista e você ser tirado, porque a AOCP cometeu um erro é constrangedor demais”. A jovem afirma que seu sonho era passar na Uncisal e que caso não saia como aprovada na nova lista irá recorrer à Justiça. “Eu terminei os estudos no ano passado e foi a primeira vez que prestei vestibular. Fiz o vestibular pensando na Uncisal, nem me dediquei ao Enem porque apostava na Uncisal e chegar e não passar, dessa forma. Se eu for tirada vou recorrer, é meu direito”, garante.   Reitor afirma que instituição também é vítima   A reitoria da Universidade convocou uma coletiva de imprensa na tarde de ontem para dar explicações. O reitor Henrique de Oliveira Costa destacou a necessidade de que o processo seja ‘transparente’ e disse que a empresa dará um posicionamento inicial até esta terça-feira (23). “Até amanhã [esta terça-feira, 23] a gente espera uma explicação pelo erro, do que ocorreu, de quem foi o erro para a gente poder chegar aos fatos”, diz. [caption id="attachment_56088" align="alignright" width="202"] Reitor Henrique Costa garante que Uncisal arcará com suas responsabilidades no processo de seleção (Foto: Sandro Lima)[/caption] Segundo ele, ainda não houve uma resposta conclusiva e não há previsão de quando o novo resultado seja divulgado. “A explicação que foi dada para a gente não teve detalhamento, mas o que passaram é que houve problema no cálculo. Uma das modificações que pode ter ocorrido: Uma questão que você acertou e mais 90% dos candidatos acertaram tem menos valor que apenas 10% das pessoas acertaram, a área do conhecimento passa a valer mais, e isso tem um cálculo matemático, houve erro neste cálculo, na verificação do peso das notas da proa. Isto é só supondo, vai haver uma explicação do que ocorreu”, esclarece. É a primeira vez que o Instituto AOCP organiza um processo seletivo da Uncisal. Segundo o reitor, as investigações devem continuar mesmo após o parecer da empresa. “Essa empresa já trabalhou em outros vestibulares, não da Uncisal, mas de outros locais e concursos como a Ebserh [Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares]. A minha gestão começou em outubro, a empresa já estava contratada, já tinha sido feita a licitação e a gente assumiu o finalzinho do processo de vestibular. O que foi passado oficialmente para a gente é de que não havia nenhum problema, que a licitação transcorreu sem nenhuma irregularidade ou questionamento. Se há algum problema que desabone a empresa até agora desconhecemos, mas claro que temos que continuar investigando. A informação tem que chegar até o final para que não paire dúvida para ninguém. A Universidade tem sua credibilidade, tem seu nome, a gente quer preservar o bom nome da Instituição”, pontua. Henrique de Oliveira Costa disse ainda que a Uncisal também é vítima no imbróglio e que assumirá as responsabilidades no caso. No entanto, cobrando da empresa se necessário. “Os candidatos estão procurando a Uncisal, acionando muito as redes sociais. Colocam em dúvida a idoneidade da nossa Universidade, o que não cabe, porque nós somos tão vítimas quanto os candidatos. Porque a gente fez um processo licitatório, pagou a empresa. A gente contratou um serviço, se ele não foi adequado não é culpa da Universidade. Mas é claro que nós temos responsabilidades, mas nós temos tanto dor quanto os candidatos. Não somos os vilões, somos parceiros e vamos fazer a nossa parte da melhor maneira possível, cobrar responsabilidades e vamos cumprir aquilo que tiver de ser feito correto”, garante o reitor.