Cidades

27% da população alagoana têm algum tipo de deficiência

Segundo Adefal, das 859 mil pessoas 135 mil têm grandes dificuldades de locomoção

Por Lucas França 24/08/2017 08h15
27% da população alagoana têm algum tipo de deficiência
Reprodução - Foto: Assessoria

Mais de 27,55% da população alagoana declararam ter alguma deficiência, segundo dados do Censo Demográfico 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O percentual corresponde a 859.707 pessoas.

O presidente da Associação dos Deficientes Físicos de Alagoas (Adefal), João Ferreira, disse que, atualmente, desse total, 135 mil têm grandes dificuldades de locomoção e 7.190 não têm locomoção alguma ou não podem se locomover.

“Estas pessoas estão distribuídas em várias categorias de deficiência. Física, visual, mental/intelectual, auditiva, síndromes e patologias que causam alguma deficiência como a hemofilia”, disse João.

O Censo Demográfico 2010 pesquisou as deficiências visual, auditiva, mental e motora e seus graus de severidade, o que permitiu conhecer a parcela da população que é incluída nas políticas públicas específicas. A metodologia considerou os graus de severidade de deficiências das pessoas que responderam “sim, grande dificuldade” ou “sim, não consegue de modo algum”.

Em Alagoas, a deficiência visual com grande dificuldade e a deficiência mental/intelectual são as que aparecem com o maior percentual ambas com 7% da população.

BRASIL

Em todo o país, mais de 45,6 milhões de brasileiros declararam ter alguma deficiência. O número representa 23,9% da população do país.

De acordo com o Censo, o maior percentual de pessoas com pelo menos uma das deficiências investigadas está no Nordeste, com cerca de 26,6% da população. No Sul e no Centro-Oeste foi registrado o menor percentual (22,5% em cada). A população do Nordeste aparece no topo do ranking de todas as deficiências investigadas.

Segundo a Adefal, apesar do grande número de deficientes no estado, a lei de acessibilidade não é garantida em sua totalidade.

“Existe a lei que nos beneficia, com o decreto desde 2004. No entanto, até hoje lutamos em vários âmbitos para a lei ser cumprida. Muita coisa melhorou, mas, ainda falta. Acessibilidade em vários prédios públicos, em transportes coletivos e etc.”, disse João Ferreira.

Ferreira ressalta que em 2015, a lei de número 13.146 de Inclusão Brasileira surgiu para reforçar  os direitos dos deficientes. No entanto, ele explica que a lei ainda está passando por algumas regulamentações em seus artigos.

“Nós lutamos pelo simples direito de ir e vir. Acessibilidade está associada às barreiras urbanísticas, arquitetônicas, tecnológicas e nas comunicações. E é nisso que temos que avançar junto ao poder público’’, expôs João.

Guilherme Vasconcelos, educador físico que é tetraplégico há 14 anos diz que na capital a acessibilidade ainda está muito presente nos espaços. “Quando falamos em acessibilidade, não nos restringimos apenas calçadas que facilita a vida das pessoas que usam cadeira de rodas ou às pessoas cegas, mas ainda encontramos estabelecimento que não permitam o acesso à cadeira de rodas ou não tem cardápio em braile que permite à pessoa cega fazer suas próprias escolhas”, disse.

Guilherme falou que as barreiras causam limites ao deficiente. “Essa semana passei na Avenida Antônio Gomes de Barros (Antiga Amélia Rosa) e vi o quanto falta acessibilidade nas calçadas tanto sentido praia quanto sentido Maceió Shopping. Não só nas calçadas, mas em alguns estabelecimentos que utilizam a calçada para colocar mesas e cadeiras, inviabilizando a circulação de pessoas com cadeira de rodas ou mesmo cegas”, comentou.

PROTESTOS

No primeiro semestre de 2017, um grupo de cadeirantes realizou uma série de protestos em Maceió cobrando acessibilidade em vários bairros. No Centro da capital, foi interditada uma rua  no dia 17 de julho. Eles cobravam acessibilidade como implantação de rampas e vias adequadas para a circulação livre.

O presidente da Associação dos Cadeirantes de Maceió, André Dionísio, disse na época que a promessa de viabilidade para os deficientes era de 120 dias. Mas segundo ele, o prazo já havia passado e nada ou quase nada tinha sido executado.

Ontem (23), a equipe do jornal Tribuna Independente, entrou em Contato com a prefeitura e por meio de nota a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável (Semds) informou que as demandas de acessibilidade serão atendidas a partir da conclusão do processo de licitação para serviços de competência da pasta, prevista ainda para este semestre.  Segundo o órgão, a adequação das vias está sendo discutida com Associação de Cadeirantes de Maceió, que apresentou à Semds as principais necessidades e vai acompanhar todo o processo para que os serviços estejam de acordo com as normas técnicas e as solicitações.