Cidades

Centros universidades têm desempenhos equivalentes em Alagoas

Unidades públicas e privadas de Alagoas foram avaliadas com conceito 3 no Índice Geral de Cursos, de acordo com o MEC

Por Tribuna Independente 09/03/2017 09h20
Centros universidades têm desempenhos equivalentes em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria

A avaliação das instituições de ensino superior de todo o país foi divulgada ontem (8), em portaria publicada pelo Ministério da Educação (MEC) no Diário Oficial da União. Na lista, seis centros universitários em Alagoas figuram com nota 3, que na escala de 1 a 5 é considerada satisfatória. A avaliação é feita com base em indicadores de 2015. 

De acordo com o levantamento do MEC, obtiveram o mesmo desempenho o Centro Universitário Cesmac, Centro Universitário Tiradentes (Fits), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas (Ifal), Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) e Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Os índices das demais instituições podem ser consultados pelo portal E-MEC do Ministério da Educação.

Em relação à avaliação realizada pelo MEC em 2013, apenas o desempenho da Uneal teve variação. Passou de SC (sem conceito) para nível 3. As demais instituições não apresentaram melhora no índice, permanecendo na classificação  satisfatória.

O Reitor da Uneal, Jairo Campos destacou a importância do crescimento na avaliação da instituição. A melhora, segundo ele, é resultado de um trabalho desenvolvido entre professores, alunos e funcionários.

“Isso é um resultado de um trabalho sério desenvolvido pela universidade, tomada de consciência de professores, estudante e funcionários, mesmo com algumas dificuldades de recursos. A Uneal passou a vida toda com o IGC considerado insuficiente, abaixo de 3. Esta é uma demonstração clara para a sociedade alagoana que a Uneal está cumprindo seu papel”, ressalta o reitor.

Apesar de defender a oferta gratuita e ampla de ensino acadêmico, Jairo Campos afirma que os indicadores apresentados em Alagoas, tanto público quanto privado, são sinal de comprometimento.

“Minha opinião é muito clara e assumida publicamente. Eu sou defensor de universidade pública e gratuita. Mas num país com os indicadores que nós temos, que em pleno século 21 só consegue colocar 20% de seus jovens no ensino superior, nós não podemos deixar de reconhecer que a universidade particular cumpre seu papel porque a pública infelizmente não consegue abocanhar essa parcela da população”, argumenta.

A análise divulgada anualmente leva em consideração a qualidade dos cursos de graduação, mestrado e doutorado. É feita uma média ponderada entre a atuação dos estudantes no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), titulação de docentes e atividades desenvolvidas por eles, além da infraestrutura e organização pedagógica das instituições.

Jairo Campos aponta para expectativas positivas em relação às instituições de ensino superior no estado, que segundo ele, têm se comprometido para a evolução na oferta acadêmica.

“Esse resultado é uma harmonia de elementos. É uma fórmula em que é contabilizado a prova do Enade, em que o aluno responde para medir a qualificação, um questionário que ele responde para avaliar a quantidade de mestres e doutores que a faculdade possui, e a oferta de stricto senso. Nesse sentido o aluno é peça importantíssima nesse processo. O aluno é muito responsável. Toda comunidade acadêmica é responsável por isso, cada um no seu lugar para a melhoria desses indicadores”, finaliza o reitor.

Preconceito

Alunos apontam limitações em cursos e alegam tratamento diferenciado

Estudantes de algumas das instituições avaliaram as condições de ensino, pesquisa, extenso, e estrutura. Para eles, públicas e privadas têm alcançado níveis de equidade, no entanto o preconceito profissional ainda coloca as instituições públicas em vantagem.

Nathalia Nascimento, de 25 anos é estudante de Engenharia Ambiental da Unit, transferida da Ufal. Estudar em ambos locais ajudou Nathalia a identificar as deficiências de cada uma.

“O nome Ufal tem peso, faz diferença no mercado, mas o que eu sentia falta na Ufal eram as questões de laboratório, porque faltava material e comprometia as aulas. Os professores são muito bons, mas não têm respeito com os alunos. Faltam e isso era bem complicado. Na Unit é muito mais fácil o diálogo entre professor e alunos. A proximidade é muito maior. Acho que estão equiparadas, como a Unit é relativamente nova tem feito o máximo para se adequar ao mercado. Mas as pessoas ainda têm preconceito com as particulares”, afirma Nathalia.

A estudante iniciou Engenharia Ambiental em 2010 na Ufal, mas problemas de saúde fizeram com que Nathalia passasse um ano e meio afastada das aulas. Segundo ela, a decisão impediu que o término do curso fosse ainda mais atrasado.

“Assim que voltei enfrentei uma greve e optei pela mudança para conseguir concluir o curso logo. Se ficasse na Ufal, as greves iam atrasar ainda mais meu calendário. Na minha situação a melhor coisa seria ir para a particular. Se eu continuasse lá ia pegar mais duas greves o que seria totalmente inviável”, conta.

Nathalia também cursou Gestão Ambiental no campus de Marechal Deodoro do Ifal.

O caso de Anne Oliveira é um pouco diferente. Ela passou por Unit, Cesmac e Ufal até concluir o curso de jornalismo. Segundo Anne, as limitações dos cursos variam, quer seja pela qualidade do ensino quer seja pela falta de estrutura, o que, em linhas gerais, tornam os centros de ensino semelhantes.

“Eu acho que os professores são mais dedicados no Cesmac. Da Unit eu não gostei na época. Não sei se melhoraram, mas eu só tenho lembranças negativas. Com relação ao Cesmac, eu aprendi de verdade, só sai porque estava sem condições e decidi fazer Ufal e passei. Mas senti diferenças por onde passei. A Ufal tem problemas de estrutura, mas excelentes professores. Todos na verdade tem algum problema”, diz.

Para a jornalista, as diferenças que não são encontradas durante o curso, aparecem na hora de conseguir um emprego. “Questão de currículo federal e particular, não é que desvalorizam, mas a prioridade das empresas é sempre para ex-alunos de faculdades federais. Isso é fato”, ressalta Anne.

Já para o estudante de Nutrição da Unit, Luã David Santos Silva, 21 anos, cursar uma universidade particular foi escolha pessoal. Segundo ele, a infraestrutura ofertada na instituição tem contribuído para seu aprendizado.

“O nível deve ser igual, depende mais do esforço de cada um. Conheço gente do Cesmac e da Ufal e eu acho ainda a Unit melhor. Lá tem tudo o que eu realmente precisava. Fui visitar outras, mas cabei optando pela Unit. Eu já sabia o que ia ver no curso, já tinha gostado da estrutura. Eu já entrei sabendo e realmente correspondeu”, expõe o estudante.