Cidades
Integrantes de movimentos sociais fazem marcha no Dia Internacional da Mulher
Atividades das Jornadas das Mulheres foram iniciadas na segunda com ocupação do Incra
Atualizada às 16h27
Do Sertão à capital, mais de 2500 mulheres do campo e da cidade estiveram mobilizadas em Alagoas durante jornada no dia internacional de luta das mulheres. Com marchas e ocupações dos prédios do Instituto Nacional de Seguridade Social em Delmiro Gouveia, Arapiraca e Maceió, as manifestantes trouxeram a luta contra a Reforma da Previdência em todas as suas ações.
De acordo com a presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em Alagoas, Rilda Alves, os atos em torno do dia 8 de março em todo o país, marcam a luta contra a Reforma da Previdência proposta pelo governo Temer (PMDB). “Nós não podemos admitir uma reforma na Previdência que seja contra a vida do povo, em especial contra a vida das mulheres. Esse governo desconsidera a realidade das mulheres em nosso país, nas triplas jornadas de trabalho. Nós, mulheres do campo e da cidade, estamos dando a resposta nas lutas e nas ruas de que não vamos aceitar mais esse golpe em nossos direitos”, destacou.
Em Maceió, cerca de 1500 camponesas acampavam desde a terça-feira (07) na capital, onde realizaram marcha durante a manhã de hoje (08) pelas ruas do Centro da Cidade, fazendo intervenções e dialogando com a sociedade em torno da pauta da defesa da Previdência e contra a violência às mulheres.
“A Reforma da Previdência acaba com uma série de direitos conquistados por nós, trabalhadoras e trabalhadores. É um verdadeiro golpe, em especial nas mulheres. Um golpe que é ainda mais grave quando olhamos para a realidade das mulheres que vivem no campo”, comentou Margarida da Silva, da direção nacional do MST. “Não podemos aceitar o aumento na idade mínima para aposentadoria das mulheres que, além do trabalho na roça, realizam os trabalhos domésticos, aumentando a sua jornada de trabalho diário”.
Ainda em marcha, as camponesas fizeram intervenção na frente do prédio da Assembleia Legislativa, onde exigiram dos deputados estaduais uma real atenção às políticas das mulheres no estado, em especial para as mulheres que estão distantes da capital, além de cobrar dos deputados da casa a pressionarem seus representantes na Câmara Federal a se colocarem contra a Reforma da Previdência.
Além da Assembleia, as camponesas protocolaram uma pauta de reivindicações ao governador do estado, Renan Filho (PMDB), na passagem da marcha pelo palácio do governo. Onde exigiam desde políticas de combate à violência contra as mulheres, que chegue ao campo, até a destinação das terras da massa falida do grupo João Lyra para o assentamento das famílias acampadas na região. As trabalhadoras rurais exigem uma reunião com o governo do estado para tratar da pauta protocolada.
Segundo a presidenta da CUT Alagoas, que também é agricultora familiar, as mulheres do campo alagoano trazem também para a marcha na cidade a luta em torno da pauta da água. “Estamos vivendo em Alagoas um longo período de seca, estamos enfrentando situações cada vez mais difíceis nos municípios, em especial no Sertão e Agreste do estado. Essa situação afeta também a vida das mulheres em todos os seus aspectos de vida no campo, seja na roça ou em casa. E hoje o governo dá como solução apenas o carro pipa, quando este consegue chegar para atender os povoados e áreas rurais, mas é o mesmo governo que não consolida políticas públicas para acesso à água ao povo do campo”, disse Rilda.
“Em nossas fileiras também trazemos o repúdio a todo e qualquer tipo de violência contra as mulheres, seja violência doméstica, psicológica. Não podemos aceitar que essa seja uma realidade que ainda diversas mulheres vivenciam nos dias de hoje”, complementou.
A marcha, que seguiu até o prédio da superintendência do INSS somou-se aos diversos atos das mulheres dos movimentos urbanos que, com faixas, batucadas, bandeiras e muita animação, pautaram a unidade das mulheres do campo e da cidade em torno da luta contra a Reforma da Previdência e pela defesa da vida e dos direitos das mulheres. Intervenções culturais, música, místicas e a resistência da luta feminista marcaram o ato das mulheres contra a Reforma da Previdência que, na frente do prédio do INSS em Maceió, já eram milhares, vindas de todo o estado. O ato contou também com a presença da Reitora da Universidade Federal de Alagoas, Valéria Correia, que destacou a importância da luta das mulheres e a necessidade da aliança do campo e da cidade na defesa dos direitos da classe trabalhadora.
Agreste e Sertão
Também na manhã de hoje (08), mobilizações em Arapiraca e na cidade de Delmiro Gouveia, onde, além do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), diversos movimentos populares somaram-se à luta das mulheres contra a Reforma da Previdência na capital.
Em Arapiraca, cerca de 500 pessoas ocuparam o prédio do INSS no Agreste. Movimento estudantil, de juventude, partidos e movimentos do campo realizaram a ocupação, logo após marcha pelas ruas da cidade.
No Sertão do estado, em Delmiro Gouveia, mais 500 mulheres do campo ocuparam o INSS contra a Reforma da Previdência.
Contra o golpe na Reforma Agrária
Contra as medidas do governo de Michel Temer para a Reforma Agrária, 1500 mulheres Sem Terra ocuparam o prédio da superintendência do Incra na manhã de terça-feira (07), dando início a jornada de luta das mulheres em Alagoas. Lá, as camponesas posicionaram-se contra a MP 759, que trata da regulamentação fundiária, com medidas que ameaçam as trabalhadoras e trabalhadores rurais, retirando diversos direitos conquistado pelas lutas das camponesas e camponeses ao longo dos anos, além de criminalizar os movimentos que lutam pela democratização da terra e seus processos de mobilização.
As Sem Terra ocuparam os 12 andares do prédio, deixando o recado de alerta na defesa dos direitos das camponesas e camponeses.
Já pela tarde, 500 camponesas ocuparam a gerência do INSS, onde também montaram acampamento, iniciando a luta contra a Reforma da Previdência na jornada em Alagoas.
Na tarde desta quarta (08), as camponesas retornam aos seus assentamentos e acampamentos, de todas as regiões de Alagoas, com a mesma disposição de voltar à capital quantas vezes for preciso para fazer luta na defesa do povo brasileiro.
(Foto: Ascom / MST-AL)
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