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Adolescentes buscam corpo perfeito e recorrem à musculação para atingir objetivo

Educadora física diz que é importante ter cautela na hora dos exercícios

Por Tribuna Independente 06/03/2017 10h58
Adolescentes buscam corpo perfeito e recorrem à musculação para atingir objetivo
Reprodução - Foto: Assessoria

Ter a aparência de adulto é o desejo da maioria dos adolescentes que buscam as academias para fazer musculação. Pesquisas indicam que as mudanças fisiológicas no corpo são os atrativos para o aumento da procura. Porém a educadora física, Krysthiane Santos alerta que os exercícios devem ser realizados com métodos fáceis e simples para que o corpo não sinta, por ainda estarem em fase de desenvolvimento.

“Muitos adolescentes querem fazer os mesmos exercícios dos amigos, por exemplo, principalmente quando veem que a musculação tem dado resultado, mas não é só assim. As chances de lesões quando o treinamento é feito sem cautela é grande. Cada corpo responde de um jeito. Os métodos de exercícios são supervisionados pelo educador físico e dependendo da resposta deste aluno o treinamento vai evoluindo”, ressaltou.

A educadora física orienta que aqueles alunos adolescentes mais raquíticos procurem um endocrinologista, bem como a presença dos pais no sentido de relatar a importância do treino e de sua individualidade.

Para ela a importância de se procurar um endocrinologista é fundamental porque diante dos exames é que será feito o treinamento do adolescente na musculação. “Se os hormônios estiverem equilibrados segue os exercícios, do contrário tem que seguir o que o especialista diz”.

Krysthiane Santos disse ainda que a maioria dos adolescentes que buscam a musculação quer ter corpo de adulto antes da hora.  Segundo ela, o treinamento pode começar desde criança, mas é preciso cuidados na prescrição do programa e que o aluno seja acompanhado.

E foi exatamente isso que o adolescente Vinícius de Moraes Gama, de 16 anos que pratica musculação há dois anos fez. Ele, como a maioria dos adolescentes nessa faixa etária, também quer ter um corpo sarado, que chame atenção e sentiu a necessidade de procurar uma academia para realizar o desejo de ter um corpo com uma aparência ‘’melhor”.

“O meu objetivo com a musculação não é apenas me sentir bem com o corpo, é também ter uma qualidade de vida melhor”, disse o adolescente.

Vinícius malha um dia sim, outro não e se diz satisfeito com os resultados que estar obtendo. O adolescente diz que está fazendo tudo certo com acompanhamento nutricional e sempre com o instrutor do lado. “Eu treino seguindo todos os protocolos, para corrigir postura e não ter nenhuma lesão. Também fui ao médico antes de iniciar o treino para checar se estava tudo certo”, explicou.

O pai de Vinícius, o personal Halysson Gama, disse que ele está seguindo todas as recomendações e sempre acompanha o treino do filho.

Segundo Halysson, todo adolescente pode fazer exercícios com acompanhamento e que eles podem fazer exercícios indicados para adultos, à diferença seria apenas na carga.

“Os adolescentes podem fazer musculação, exercícios articulares dos membros inferior e superior, treino localizado, esportes específicos do mesmo jeito que um adulto. Porém, eles têm que ter um acompanhamento profissional já que estão em fase de mudança em seu corpo,” ressaltou o instrutor físico.

Halysson, assim como Krysthiane Santos, confirmou que os adolescentes procuram a academia já com uma ideia de como vão fazer para conseguir o corpo ideal. Mas ele disse que sempre os orienta sobre como deve ser.

“A gente como profissional tem que explicar que não é do jeito que eles imaginam”, explicou Halysson.

Para endossar a fala dos educadores, a Associação Nacional de Força e Condicionamento, a Sociedade de Medicina Desportiva e a Academia Americana de Pediatria são unânimes em afirmar que as crianças e adolescentes podem ser beneficiados com um programa de treinamento de força, desde que seja corretamente supervisionado.

“A força muscular é um requisito fundamental para desenvolvimento da maioria das atividades diárias de adultos, adolescentes e também crianças. Ou seja, o treino de força, além de não prejudicar, pode trazer inúmeros benefícios para esta faixa etária. Portanto, não restrinjam as crianças de fazer esta modalidade de treinamento, mas exijam sempre profissionais qualificados e capacitados para acompanhá-las”, diz a Associação.

Musculação traz vários benefícios para saúde

Os benefícios que a musculação pode resultar em crianças e adolescentes são os mesmos que nos adultos. Entre eles, a melhora na concentração, fortalecimento da massa óssea, redução dos riscos de lesões e promoção do controle do peso. A atividade também evita hipertensão, obesidade, além de favorecer a sociabilidade e a autoestima.

A nutricionista esportiva Karla Viana lembra também da alimentação dos iniciantes na musculação no sentido de se investir no que come a partir dos nutrientes ingeridos. “É cada vez mais evidente a importância da nutrição para crianças e adolescentes que se exercitam, tanto em nível competitivo, como recreacional. Além das demandas nutricionais elevadas pela prática esportiva, deve-se considerar que o crescimento e o desenvolvimento naturalmente aumentam os requerimentos nutricionais.”

Ainda de acordo com a nutricionista, o ritmo acelerado de crescimento e a elevada necessidade de energia e nutrientes para o crescimento ósseo, tecidual, cerebral e maturação sexual tornam crianças e adolescentes atletas vulneráveis à ingestão insuficiente de nutrientes e ao surgimento de deficiências nutricionais.

Além disso, atletas jovens são extremamente susceptíveis à influência dos colegas e vulneráveis a informações errôneas de diversas fontes.

Karla Viana afirma que um plano alimentar adequado deve oferecer energia e nutrientes suficientes para garantir o crescimento normal e as demandas energéticas aumentadas pelo exercício e deve ser composto por uma alimentação variada, incentivando a escolha de alimentos saudáveis.

Para ela ainda que seja difícil estabelecer normas com relação à nutrição das crianças e dos adolescentes que praticam exercícios físicos, deve-se ter especial cuidado na cobertura das necessidades de calorias e de outros nutrientes, assim como da necessidade hídrica, sem que seja preciso consumir suplementos. Esse recurso só é indicado em casos específicos, onde devido à rotina, tempo reduzido para as refeições, aliado à pequena capacidade gástrica, pode tornar necessário o emprego de suplementos para ajudar a atingir as necessidades, mas sempre com a orientação do profissional qualificado.

Alimentação inadequada pode levar a sérios riscos

A nutricionista esportiva Karla Viana destaca frisando que o consumo inadequado é uma preocupação constante. Segundo ela, caso essa situação se prolongue, pode resultar em graves consequências para a saúde, tais como deficiências nutricionais, desidratação, atraso puberal, baixa estatura, irregularidades menstruais, fragilidade óssea, maior incidência de lesões, aumento no risco de desenvolver distúrbios nutricionais, comprometimento escolar e queda na imunidade.

“Deve-se avaliar a alimentação de cada atleta individualmente. E para o acompanhamento do estado nutricional e do desenvolvimento, deve-se avaliar a composição corporal, ingestão alimentar, preferências, aversões alimentares e os exames bioquímicos. O profissional de saúde que trabalha com esse grupo específico deve estar ciente das suas particularidades fisiológicas e de suas necessidades específicas, como a maior necessidade de cálcio para a deposição óssea, assim como maior requerimento de ferro, devido ao aumento na massa corporal e no volume sanguíneo e pelo aparecimento da menarca nas meninas”, ressaltou.

A especialista finaliza salientando que é importante incluir atividades educativas com o intuito de evitar orientações impróprias ou conflitantes em relação à alimentação. “Crianças e adolescentes devem ser encorajados a uma vida saudável, com a prática de esportes, desde que não tenha nenhuma contraindicação. Atletas com maior conhecimento nutricional tendem a fazer escolhas alimentares mais adequadas, resultando em melhor estado de saúde e performance”.