Cidades
Carnaval: beijo forçado é considerado assédio e deve ser denunciado pelo 180
Para Caroline Fidelis, superintendente da Semudh, investida é crime e deve ser combatida
Em busca de momentos de prazer, os foliões aproveitam o Carnaval para curtição e muita paquera. No entanto, as abordagens agressivas como a famosa ‘mão boba’ ou beijos forçados, são consideradas violência, garante Caroline Fidelis, superintendente de políticas para mulheres da Secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh).
“Isso é assédio e se é assédio também é crime. Lembrando que o crime não é só quando há lesão corporal propriamente dita. Mas nesses casos também quando a mulher é xingada, tem sua imagem maculada, caracterizando crime contra a honra, isso tudo é violência e deve ser denunciada pelo 180”, destaca.
Emanuelle Wanderley, integrante da Marcha Mundial das Mulheres em Alagoas, afirma que o assédio durante o Carnaval é reflexo de comportamentos machistas.
“Os homens são ensinados a mexer com as mulheres como forma de brincadeira, o corpo da mulher acaba virando alvo de violência. Como no Carnaval as coisas são mais intensas, as pessoas se sentem mais livres para cometer delitos. Mas violência é violência”, ressalta Emanuelle.
Ela acrescenta que contatos forçados, puxões de cabelo, paquera agressiva e até agressões são comuns durante as festas carnavalescas.
“As pessoas acreditam que mexer com outra, passar a mão no corpo é natural. Se você está no meio de um tumulto no Carnaval, muitos homens se aproveitam para passar a mão e se acham no direito de fazer isso. Eles pensam que uma mulher que é séria não vai para o Carnaval”, expõe Emanuelle.
Para Caroline Fidelis, deve haver o entendimento de que tais práticas são violência, para que em seguida seja feito o enfrentamento. Segundo ela, o abuso de álcool também coopera para a prática de assédios.
“O primeiro problema a ser enfrentado pelo Estado e pela sociedade é entender que isso é violência. Assediar é violência e inclusive passível de denúncia. Carnaval não é desculpa para qualquer tipo de assédio nem é um convite. Mas o álcool é usado em abuso e termina servindo como um catalisador para pessoas que já possuem comportamentos violentos e machistas”, afirma.
“Violência durante festa de Momo é muitas vezes subnotificada”
A integrante da Marcha Mundial das Mulheres em Alagoas explica que para as mulheres existem dificuldades de ação diante de um episódio de assédio.
“Quando eu estou num ambiente e alguém passa mão em mim e vai embora, é mais fácil eu deixar para lá do que fazer confusão. Se você está numa roda e faz confusão porque alguém mexeu no seu cabelo, já por essa cultura de que isso é besteira, as mulheres não se sentem a vontade para reclamar, para chamar polícia porque um cara mexeu. Ela tenta evitar a confusão para não ser desqualificada”.
Apesar de comum, a violência no Carnaval é muitas vezes subnotificada, explica Caroline Fidelis. Segundo ela é importante que se registrem as denúncias para qualquer tipo de agressão.
“A subnotificação é muito grande. As mulheres não têm coragem de denunciar porque precisam romper a barreira da naturalização. Denunciar é importante e ao Estado cabe mostrar que denunciar a violência vale a pena”, diz Caroline.
O registro das ocorrências deve ser feito durante os eventos para as autoridades policiais presentes, ou delegacias de plantão. Caso não seja possível efetuar a denúncia, as vítimas podem entrar em contato pelo número 180.
Hábito de beijar várias pessoas pode trazer risco à saúde
“Um beijo em você eu quero dar [...] Eu ando doido, apaixonado por você”, com essa melodia, Bel Marques vem embalando multidões pelo país durante o Carnaval. E os foliões estão seguindo a risca essa melodia. Beijar, além de ato de afeto, é também um carinho. Mas é bom ter cuidado porque pode haver transmissão de doenças.
Ao contrário do que muitos pensam, o beijo pode transmitir bactérias, vírus e fungos que estejam presentes na saliva. Principalmente para as pessoas que estejam com o sistema imunológico mais debilitado.
E nessa época é muito comum as pessoas ficarem mais vulneráveis a essas infecções, porque acabam comendo pouco e refeições não muito saudáveis, além de ingerir mais bebidas.
O infectologista Marcelo Constant explica que as pessoas podem beijar e muito, o que não pode é ter promiscuidade. Ele diz ainda que é difícil durante essa época saber quem está mais vulnerável, cabe às pessoas que estejam com alguma infecção não sair transmitindo o vírus. A recomendação do infectologista é evitar os excessos.
O dentista Ivacyr Pereira de Almeida, alerta para as doenças, que podem parecer simples, mas muitas vezes vira uma doença mais grave. Ele disse que além das doenças mais conhecidas, a tuberculose e o HPV também podem ser transmitidos através do beijo.
De acordo com um estudo publicado em fevereiro de 2006 no British Medical Journal, beijar na boca várias pessoas aumenta em quatro vezes o risco de, principalmente adolescentes, contraírem meningite. A gengivite, por exemplo, teve sua incidência aumentada nos últimos anos.
DOENÇAS
As doenças mais comuns que podem ser transmitidas pelo beijo são a herpes labial, que tem como sintomas feridas nos lábios, face ou interior da boca semelhantes a aftas; sapinho ou candidíase oral; mononucleose ou “doença do beijo”, que provoca sintomas semelhantes aos de uma gripe forte; cárie e gengivite; e até sífilis, que pode provocar lesões na pele e boca.
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