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Perito afirma que tiro que atingiu mulher foi disparado fora do Celebration

Análise mostra que disparo deve ter sido desferido para o alto; três locais próximos são possibilidades

05/01/2017 17h27
Perito afirma que tiro que atingiu mulher foi disparado fora do Celebration
Reprodução - Foto: Assessoria

Na tarde desta quinta-feira (5), foi realizada uma coletiva em auditório do Hotel Matsubara, localizado no bairro de Cruz das Almas, com representante do Celebration e um especialista em segurança para esclarecer as hipóteses do acidente que terminou com Jéssica Degilio Violin sendo atingida nas costas por um disparo de arma de fogo. O perito Daniel Saraiva concluiu que o tiro que atingiu Jéssica foi deflagrado de um local fora da festa de Réveillon, de um raio de até 600 metros de distância. Para isso, o perito apresentou três hipóteses e, em todas elas, o disparo teria sido realizado para cima, com o projétil caindo nas costas da advogada.

Além de Daniel Saraiva, falou também em nome do Celebration o representante Antonio Melo. Antonio descartou, após a investigação do especialista, a possibilidade de Jéssica ser atingida pelo disparo fora da festa. Vídeos apresentados à imprensa mostram a jovem entrando no local por volta das 23h41 do dia 31 de dezembro sem nenhum ferimento.

“Ela foi alvejada no evento, com tiro que veio de fora. Foi atendida no posto médico e não sabia que era tiro. As fotos mostram que o ambulatório era bem iluminado e em local adequado, ela foi levada ao hospital em uma UTI móvel, utilizada para todo tipo de emergência”, disse Antonio.

Imagem divulgada mostra ferimento no ombro direito de Jéssica (Foto: Bruno Martins)

Ele relatou que além da ambulância utilizada, o evento tinha mais uma. Jéssica foi encaminhada às 00h46 para a Santa Casa de Misericórdia de Maceió. Em mais ou menos meia hora de trânsito ela estava na unidade hospitalar recebendo atendimento. Segundo Antonio Melo, ela não precisou ficar internada.

O representante do Celebration declarou também que foram disponibilizados para a jovem atendimento médico e psicológico.

O perito Daniel Saraiva pontuou em sua fala que é praticamente impossível que o tiro tenha sido deflagrado dentro do evento. Ele falou que a bala retirada das costas da jovem é de pistola semiautomática, de calibre 380. “É o calibre permitido mais potente do mercado”, relatou.

O especialista afirmou que o tiro desse calibre desferido em curta distância causa um impacto muito grande, com a bala parando e se abrindo dentro do corpo. “A radiografia mostra que a área atingida foi o ombro direito, o projeto ficou incólume”, disse Daniel.

O projétil não ter se aberto no corpo de Jéssica comprova, para o perito, que o disparo ocorreu a mais de 60 metros de distância, já que a bala de ponta oca, como é o caso, tende a se abrir em ambiente aquoso, o que não ocorreu.

Vídeo de segurança na entrada do evento mostrou Jéssica entrando sem ferimento (Foto: Bruno Martins)

“O tiro foi dado de muito longe, devido ao alcance da arma. 99,9 por cento de chances de ter sido lançado ao ar. O projétil perde capacidade de perfuração em queda”, ressaltou o especialista.

Os cálculos feitos pelo perito mostram que três possibilidades podem ter acontecido e foram analisadas. A distância máxima que esse tipo de projétil teria percorrido seria de 609 metros. A primeira possibilidade seria de o tiro ter sido deflagrado na Vila Emater, o que daria uma distância de 529 metros.

A segunda hipótese é do disparo ter sido feito do entorno da sede da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas (OAB-AL), localizado a um quarteirão da festa, com uma distância aproximada de 440 metros.

A terceira possibilidade analisada é de o tiro ter sido disparado da beira da orla. Essa seria a possibilidade mais próxima, 222 metros. O perito ressaltou que essas hipóteses estão sendo analisadas pelo encarregado da investigação do caso.

Daniel Saraiva também disse que a angulação da entrada da bala no ombro de Jessica mostra que o tiro vem de cima para baixo. “Jessica chega andando. Nem percebeu que era um tiro. Suas amigas é que detectaram o sangramento. É a mesma coisa de um parafuso ser lançado de um avião”, afirmou.

Antonio Melo frisou que a segurança do evento é repressiva para controlar confusão. E que a única confusão registrada foi de vias de fato. “Não existiam arma de fogo no evento nem de seguranças contratados”, disse.

“Se fosse dentro do evento haveria corre corre, seria outro estrago. A lesão foi de grau leve, ela foi atendida e liberado, indo pra casa. Não havia resíduo de pólvora e outros elementos que comprovam um disparo próximo. Sou categórico, é humanamente impossível que o tiro tenha sido desferido dentro do evento”, encerrou Daniel Saraiva.

Caso o responsável seja identificado, ele pode responder pelo crime e pegar de dois a quatro anos.