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Estudante alagoano entra na Justiça e solicita reconhecimento de união estável com padre de Minas Gerais

Fernando Gomes, 25 anos, pede que o padre Samuel Detomi, 32 anos, pague uma pensão vitalícia de um salário mínimo

Por Tribuna Hoje com Jornal Floripa 11/06/2024 14h09 - Atualizado em 11/06/2024 17h31
Estudante alagoano entra na Justiça e solicita reconhecimento de união estável com padre de Minas Gerais
Fernando Gomes, 25 anos (à esquerda), e o Padre Samuel - Foto: Montagem iG (Reprodução/Redes Sociais/Diocese de São João del Rei)

Um estudante de biomedicina de Maceió, identificado como Fernando Gomes, 25 anos, entrou na Justiça para solicitar o reconhecimento de união estável com um padre da Igreja Católica, na cidade de Itumirim, em Minas Gerais.

O alagoano alega que teve um relacionamento com o padre Samuel Detomi, 32 anos, por cerca de um ano. Ele acionou seus advogados e solicita que o sacerdote pague uma pensão vitalícia no valor de um salário mínimo, já que o mesmo se encontra desempregado.

De acordo com o alagoano, o padre teria machucado seu rosto ao tentar retirar o celular de sua mão. Mas, no relato do estudante que consta em um boletim de ocorrência, diz que ele foi vítima de chantagem emocional e pressão psicológica, e não o episódio de violência.

O caso tomou repercussão após ser divulgado no programa Domingo Espetacular no último domingo (9). Porém, o estudante já havia exposto o suposto casamento com o padre nas redes sociais antes. Além disso, Fernando já tinha feito uma denúncia contra o ex-companheiro por lesão corporal em maio.

“Ele ficou muito agressivo ao ponto de tomar o celular dele da minha mão, para que eu não escutasse um áudio que pudesse comprometê-lo em alguma situação, e acabou machucando meu rosto”, disse em entrevista.

Os advogados de defesa do padre Samuel solicitou a retirada do perfil de Fernando da internet, sob o argumento de que a exposição do relacionamento foi constrangedora para sua família, amigos e a igreja. O estudante também foi acusado de extorsão em um boletim de ocorrência.

O alagoano nega as acusações. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil.

Fernando afirma que conheceu o padre em Alagoas em janeiro de 2023, por meio de um aplicativo de namoro. E que no primeiro encontro, o sacerdote teria mentido sobre a profissão. Ele teria dito psicólogo. Mas, em seguida o estudante teria descoberto a verdade sobre o sacerdócio, no entanto, não impactou no relacionamento entre os dois.

O estudante conta que se mudou para Lavras, no interior de Minas gerais, onde Samuel ministrava missas e a mudança foi toda financiada pelo padre. No interior de Minas, os dois chegaram a viver por um período na casa paroquial e para esconder o relacionamento , o padre dizia que ele era um seminarista que ele havia conhecido.

“Ninguém poderia saber que eu tinha uma relação com ele. Era uma coisa escondida. Eu ficava no quarto de hóspede”, disse o estudante.

Ainda durante a entrevista, o alagoano afirmou que o padre tinha uma tática para atrair outros parceiros sexuais para o relacionamento deles. “Ele convidava amigos homens para noites de jogos em que os perdedores eram obrigados a tirar peças de roupa até ficarem completamente nus e, em seguida, começava a punição ou prenda, que podia incluir um beijo”, contou.

Fernando disse também que o relacionamento começou a ficar conturbado por causa dos conflitos relacionados às “orgias e surubas” na casa paroquial. No trecho da petição à Justiça, a defesa de Fernando diz que ele se submetia a alguns fetiches do ex-companheiro por ser emocionalmente dependente.

Ainda conforme os advogados de Fernando, o padre e ele teriam se mudado para um apartamento, onde viveram juntos e até adotaram um cachorro de estimação. E nesse período o sacerdote ainda exercia suas funções religiosas.

No entanto, em fevereiro deste ano, o relacionamento dos dois chegou ao fim devido ao comportamento agressivo do padre. O estudante voltou para Alagoas e expôs o caso na internet.

REPERCUSSÃO

A Diocese de São João del Rei informou que o sacerdote foi afastado de suas atividades na Paróquia de São Sebastião do Macuco de Minas, em Itumirim.

“Isso se deu pela divulgação de material, veiculado nas mídias digitais, com conteúdo de denúncia em desfavor do referido sacerdote. Esse procedimento, apesar de muito doloroso, é necessário para que se possa alcançar o profundo e coerente discernimento diante das implicações práticas devidas às normas do Direito Canônico”, informou a Diocese, em nota.