Brasil
55% das mulheres brasileiras apontam não existir igualdade de gênero no país
Das timelines às mesas de bar, passando pelos seriados e as pesquisas acadêmicas: a igualdade de gênero nunca esteve tão em pauta como na atualidade e o Dia Internacional da Mulher vem fomentar ainda mais o debate. A efeméride, de fato, traz à reflexão questões urgentes, que repercutem nos mais variados aspectos da vida social, atravessando desde a esfera pública, o mercado de trabalho, até o ambiente doméstico.
Quando se fala em representatividade política, por exemplo, é verdade que, em 2022, as candidaturas femininas bateram recorde, com 33,3% dos registros nas esferas federal, estadual e distrital. Apesar disso, elas ocuparam apenas 17,3% das cadeiras no Senado.
No âmbito profissional, igualmente, há ainda poucas mulheres em posições de chefia e os prejuízos vão muito além disso. Uma pesquisa divulgada pela Catho, em 2019, apontou o quanto elas estão em desvantagem no mercado de trabalho devido à gravidez, visto que o número de mulheres que abandonam o emprego por conta dos filhos chega a 30%, enquanto somente 7% dos homens deixam seu trabalho pelo mesmo motivo. Noutra vertente, um relatório divulgado pela Oxfam Internacional mostrou que as mulheres são responsáveis por 75% de todo o trabalho de cuidado não remunerado no mundo.
Relacionado ao tema, no último estudo da Famivita, 55% das mulheres entrevistadas apontaram que não existe igualdade de gênero no Brasil. Especialmente na faixa etária entre 45 e 49 anos, 67% das integrantes explicaram não haver paridade entre homens e mulheres. Já dos 40 aos 44 anos, 65% ressaltaram essa discrepância.
Os dados coletados por estado mostraram que Roraima é a região em que mais mulheres destacaram a desigualdade, com 63%, seguida pela Paraíba, com 58% e Piauí, com 56%. Em São Paulo, no Distrito Federal e no Rio de Janeiro, tal número foi de 43%, 52% e 36%, respectivamente. Já em Pernambuco, 52% delas enfatizaram a existência da disparidade de gênero.
Dia Internacional da Mulher
Parece inacreditável, mas no início do século passado, em muitos países, mulheres dependiam da tutela legal de pais, irmãos ou marido para ter conta em bancos, adquirir posses e até mesmo para viajar de uma cidade para outra. Não podiam estudar, não podiam votar, estando a elas vedado, igualmente, trabalhar fora, decidir com quem casar, não tinham o direito de se divorciar, ou planejar quando e quantos filhos ter, entre várias outras privações.
O Dia Internacional da Mulher surgiu como uma data comemorativa, estando ligada a uma sucessão de acontecimentos. Foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU), na década de 1970, vindo simbolizar, então, a luta histórica para que as mulheres disponham de condições equiparadas às dos homens, bem como realçando as conquistas do movimento feminista ao longo do século XX.
Embora a efeméride tenha ganhado, com o passar do tempo, conotações voltadas às homenagens, no sentido de cumprimentar as mulheres, ou dar flores para elas, o Dia representa muito mais um convite à reflexão, no sentido de valorizar os avanços obtidos e avaliar os desafios, seja no campo familiar, social ou profissional. E, ainda sobre o tema, 87% das entrevistadas no estudo da Famivita endossaram a importância do Dia Internacional da Mulher.
Entre as mulheres dos 45 aos 49 anos, 93% disseram que a data é relevante. Já dos 18 aos 24 anos, 90% responderam afirmativamente a respeito disso. Por estado, Roraima e Rio Grande do Norte foram as regiões em que mais brasileiras apontaram como essencial o Dia Internacional da Mulher.
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