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Jovens de periferias do Brasil participam da COP 27 no Egito

Por G1 07/11/2022 14h31
Jovens de periferias do Brasil participam da COP 27 no Egito
Coletivo Perifa Connection vai a Conferência Climática da ONU - Foto: Reprodução/TV Globo

Um grupo de jovens do coletivo Perifa Connection vai participar da COP 27, no Egito. A conferência teve início neste domingo (6) e tem duração de duas semanas. O evento conta com chefes de governo, cientistas, diplomatas, ativistas e “crias” das comunidades brasileiras.

Os jovens selecionados são de periferias do Rio de Janeiro, Amazonas e Pará. Parte embarca para o Egito nesta segunda (7), e eles estarão na plenária na semana que vem — junto do presidente eleito, Lula.

O trabalho deles é mudar a forma como se discute e noticia a favela.

“Perifa connection é uma plataforma de disputa de narrativa sobre as periferias. É um coletivo que se propõe a ocupar espaços com ideias a partir de periferias do Brasil inteiro, de favelas, de comunidades ribeirinhas, de quilombos” explica Jefferson Barbosa, membro do coletivo.

O coletivo atua em todo o país e conecta diversos coletivos periféricos.

“Eu tento conectar as várias realidades periféricas do país nessa única narrativa. A gente tem trabalho de articulação, de comunicação, e de formação em vários territórios do país. Então, a gente está presente nas cinco regiões do país. A gente tem conexão com vários coletivos comunitários, de comunicação, de atuação política, de ativistas, para falar sobre o que está acontecendo nessas periferias” afirma outro membro do coletivo, Jackson Augusto.

A diretoria do Perifa Connection se encontra frequentemente para discutir os acontecimentos e os planos. Os locais de encontro, geralmente, são locais silenciosos e cercados por natureza. O meio ambiente é tema frequente nas rodas de conversa propostas pelo grupo.

A diretora executiva do coletivo destaca que o evento é o maior espaço de debate de governança entre sociedade civil e instituições. "é onde todo o mundo se reúne para poder decidir qual vai ser o futuro do planeta, o futuro dos países, a partir do debate do clima. É um espaço bem democrático no sentido de muita diferença de participação. Mas é um espaço também de resolução de algumas causas” diz Thuane Nascimento.

“A gente ocupa esse espaço com a bandeira da juventude negra, periférica e favelada, trazendo pautas como justiça climática e racismo ambiental. Não é possível avançar sem favelas, periferias e as pessoas minorizadas no debate de construção de soluções climáticas” reforça Raull Santiago, ativista do Complexo do Alemão e empreendedor.

Na discussão das mudanças climáticas, uma das pautas é a forma como a população periférica tem sido mais exposta a eventos extremos, como tempestades, deslizamentos e racismo climático.

“Meio ambiente é um dos pilares do coletivo. A gente fomenta a justiça climática. O clima hoje é um debate importante para periferia porque sempre são os mais afetados, ne?! Quando a gente pensa nas vítimas das emergências climáticas, das chuvas, dos deslizamentos, são pessoas periféricas”, comenta Jackson.

Raull afirma que a população periférica tem procurado soluções para esses problemas.

“Somos nós que sentimos primeiramente esses impactos. Mas, nesses caminhos também a favela e a periferia estão construindo soluções para essas realidades” conta Raull.

O coletivo Perifa Connection já havia participado da COP no ano passado, em 2021, que aconteceu na Escócia. Mas contam que dessa vez é especial por ser na África.

“Tô nervosa, ne?! A gente que é de periferia nunca passeia assim para o outro lado, outro continente. Ainda mais COP que vai ser no continente africano. Acho que isso faz muita importância para o Brasil, que é uma maioria negra. Também essa expectativa de conhecer uma sociedade civil africana, fazer esse diálogo da diáspora brasileira e também esse protagonismo que o Brasil tem nas pautas climáticas, especialmente no debate sobre a Amazônia” comenta Thuane.