Brasil
Mulher que levou 5 tiros do ex quer mudar de cidade: "Se sair, vai me matar"
Doméstica ficou dias internada, mas já se recupera em casa do ataque, em Goiânia; Preso pelo crime relata que não tinha intenção de matá-la; câmeras registraram ação
A doméstica Aleudiane Coimbra de Sousa, de 29 anos, baleada pelo ex-marido em uma rua do Setor Bueno, em Goiânia, pretende se mudar da capital por medo de que o atirador, José Paulo da Silva Ribeiro, de 29, seja solto. Câmeras de segurança registraram o momento em que ela é atingida por cinco disparos (veja abaixo). O suspeito está preso e a mulher acredita que se ele for liberado, pode voltar para tentar algo contra a vida dela ou do filho, de 9 anos.
"Continuo com muito medo, assustada. Parece que a qualquer momento vou morrer. Nem acredito que estou viva. Sei que ele vai me matar se estiver solto, por isso quero ir embora do estado", afirmou.O crime aconteceu na tarde de quinta-feira (21), no Setor Bueno, região sul de Goiânia. O homem abordou a doméstica enquanto ela passava pela Rua T-62, de moto. Após ser baleada, ela foi socorrida e levada ao Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). A mulher perdeu parte de um dedo, passou por cirurgia, recebeu alta no último sábado (23) e está se recuperando em casa.
A doméstica disse que o ex-marido, sempre teve um perfil violento e a ameaçava de morte caso ela chamasse a polícia. Ela conta que o homem também ameaçava o filho dela e era verbalmente agressivo com o garoto. No entanto, ela conta que nunca o denunciou por medo.
Após o incidente, a doméstica e o filho ficaram traumatizados. Ela conta que, mesmo pequeno, o garoto entende o que aconteceu e se mostra preocupado com a mãe.
"Não queria que meu filho visse esse sofrimento que eu estou passando. Não quero que ele fique com ódio, com raiva. É uma criança de 9 anos e ele quer me defender. Destruiu a infância do meu filho. Ele não brinca mais. Isso vai ficar na cabeça dele para o resto da vida", disse.
Mesmo com a prisão do ex, a doméstica teme que ele ainda faça algum mal ao filho dela ou aos parentes. "Não sai da minha cabeça que meu filho podia não estar aqui se tivesse comigo [no dia do crime]. Vamos tentar viver em outro estado para ver se consigo reconstruir minha vida. Está todo mundo muito assustado. Não está sendo fácil. Mesmo ele estando preso tenho muito medo do que ele pode fazer ou mandar fazer", desabafou.
Crime
Ao se lembrar do dia em que foi baleada, a mulher conta que ficou assustada logo ao ver o ex-marido. Ela lembrou que, da última vez que o viu foi quando pediu ajuda da Polícia Militar para tirá-lo de casa.
“Ele não aceita o fim do relacionamento. No dia, assim que eu o vi, quase morri de susto. Ele queria que eu subisse na moto para ir com ele, mas ele só ia me levar para outro lugar para me matar. Ele foi comigo até a moto, no que ela caiu foi quando ele me mostrou que estava armado. Quando eu tentei fugir ele tentou me matar”, recordou. PresoO ex-marido da vítima foi preso em Uruaçu, no norte de Goiás, na tarde de terça-feira (26). Ele alegou que havia bebido, não pretendia matar a doméstica e levou a arma apenas para se defender. “Na hora não pensei em nada, foi de repente. Eu só queria conversar, jamais pensei em fazer algo contra ela. Levei arma por proteção, não sabia se alguém tinha armado alguma pra me matar. Me sinto a pior pessoa do mundo. Não queria estar passando por isso”, disse o preso.
A delegada responsável pelo caso, Ana Elisa Gomes, titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), afirmou que, após atirar contra a ex, ele roubou a moto de uma mulher e fugiu para a casa de familiares. Para a Polícia Civil, o crime foi premeditado.
“Além de tentar matar a ex-companheira, na hora de fugir ainda apontou a arma para uma mulher que passava em uma motocicleta, e roubou o veículo dela para facilitar a fuga. Ele fugiu, abandonou o veículo e foi viajando de mototaxi, ônibus, até chegar a Uruaçu, onde ficou escondido. Não temos dúvidas de que ele planejou, e ele realmente confirma que adquiriu a arma dias antes”, disse.De acordo com a delegada, o homem foi preso temporariamente e deve ser indiciado pelo crime de tentativa de feminicídio. Se condenado, pode ficar de 6 a 20 anos preso. Segundo a investigadora, o inquérito deve ser concluído antes do fim da prisão temporária, que é de 30 dias.
‘Ele vai me matar’
Uma agente de trânsito, que preferiu não revelar a identidade, afirmou que a doméstica pedia por socorro antes de ser baleada pelo ex-marido. Ela passava pelo local no momento em que a Aleudiane foi atingida. A servidora conta que viu a vítima pedindo ajuda.
“Uma senhora apareceu correndo, desesperada, gritando: ‘Ele vai me pegar, ele vai me matar’. Logo em seguida, o rapaz atrás dela parou em frente à viatura. Não deu para identificar porque ele estava de capacete. Ela pediu ajuda para a gente. Falou para entrar em contato com a irmã dela, porque ele ameaçou matar o filho deles”, afirmou em entrevista à TV Anhanguera.
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