Brasil
Aos 74 anos, morre Rogéria, ícone da liberdade sexual
Atriz não resistiu após complicações de uma infecção urinária
Morreu na noite desta segunda-feira (4), aos 74 anos, a atriz Rogéria. A informação foi confirmada ao R7 pelo assessor da artista, Alexandro Haddad. Rogéria estava internada no hospital Unimed Barra, no Rio de Janeiro, e não resistiu após complicações de uma infecção urinária.
Emocionado, o assessor da artista agradeceu o carinho e as mensagens de apoio.
— Queria pedir pra você agradecer a imprensa, os fãs... Sem vocês, eu não estaria de pé. Vamos fazer um velório, ainda não sei onde, porque acabou de ac acontecer tudo, mas vamos fazer para que todos possam se despedir dela.
Haddad disse que ainda não tem informações sobre a causa da morte de Rogéria, porém falou dos últimos minutos que passou ao lado dela.
— Eu estava na UTI e fui pra casa para ir novamente na visita de amanhã. Mas me deu uns cinco minutos e resolvi voltar, mesmo ela estando entubada, me deu vontade de voltar. Minha ligação com ela é tão forte que quando eu entrei na UTi, eles estavam no processo de reanimá-la. Ela só esperou eu chegar para se despedir.
Vale lembrar que a artista foi internada pela primeira vez em 13 de julho deste ano, com infecção urinária. De lá pra cá, ela chegou a se recuperar e ter alta. O quadro de Rogéria se agravou e há dois dias ela voltou a ser internada.
Rogéria nasceu em 25 de maio de 1943 em Cantagalo, no interior do Rio de Janeiro, como Astolfo Barroso Pinto. Desde jovem, tinha consciência de sua homossexualidade e, aos 14 anos, saiu pela primeira vez nas ruas com roupas de mulher, durante o Carnaval. De lá pra cá, sua estrela nunca mais deixou de brilhar.
Aos 19 anos, trabalhou como maquiadora na extinta TV Rio e teve contato com grandes personalidades como Fernanda Montenegro, Bibi Ferreira e Elis Regina. Foi nessa época que decidiu encarar a vontade de subir aos palcos, incentivada pelos profissionais que trabalhavam com ela. Em 1964, durante a ditadura militar, estreou com o espetáculo de sucesso Les Girls, interpretado por artistas transformistas.
Durante um concurso de Carnaval, Astolfo virou Rogério, por ser menos informal para o meio midiático. Mas o nome que realmente pegou foi o escolhido pela plateia, que a ovacionou aos gritos de “Rogéria! Rogéria”.
Por três anos, Rogéria foi vedete de Carlos Eduardo. Quando o contrato acabou, ela viajou para fora do país para tentar carreira internacional. A artista rodou por países da Europa, além de passar por Angola e Moçambique.
Depois de uma temporada no exterior, Rogéria voltou com tudo. Em 1979, ela ganhou o Mambembe na categoria Atriz Revelação, por ocnta da atuação em O Desembestado. No cinema e na TV, ela também se destacou em trabalhos como as novelas Tieta e Lado a Lado. O último trabalho da atriz foi em Divinas Divas, um documentário, dirigido por Leandra Leal, em homenagem as artistas transexuais.
Por conta de sua trajetória e de seu carisma, Rogéria ficou conhecida como o "travesti da família brasileira".
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