Brasil
"Não desejo essa dor para ninguém", diz pai de bebê morto em parto com fórceps
Polícia Civil de São Roque vai pedir a exumação do corpo e todos os documentos do pré-natal, e da internação da mãe; Hospital abriu sindicância e afirma que o médico foi demitido
A família de um bebê que sofreu uma lesão grave no pescoçodurante o parto normal na Santa Casa de São Roque (SP) ainda tenta entender as causas da morte de Eloah Cristine da Silva.
O pai da criança afirma que a mulher teve uma gestação tranquila e desconfia de negligência médica, já que a menina morreu horas depois de nascer.
“Ela teve uma gestação maravilhosa. Em nove meses, ela fez oito ultrassons e estava tudo certo. Não tinha nada para dar errado. A dor que eu estou sentindo não desejo para pai nenhum”, afirma Adilson da Silva.A certidão de óbito da criança, que foi sepultada no último sábado (19), foi registrada como causa da morte desconhecida. Conforme a Polícia Civil, o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) pode constatar a causa da morte. O laudo demora, pelo menos, dez dias.
A Polícia Civil vai pedir a exumação do corpo e todos os documentos do pré-natal e da internação da mãe.
Por telefone à TV TEM, o advogado da Santa Casa disse que o médico que fez o parto foi demitido e que o hospital abriu uma sindicância para apurar o que houve.
Ao G1, a mãe da criança, Roseli Pereira da Silva, de 43 anos, contou que deu entrada na unidade na sexta-feira (19) com fortes dores, por volta das 11h.
“Eu sentia dores a cada dez minutos, doía muito e não conseguia voltar para casa daquele jeito. Mesmo o médico dizendo que não estava na hora da minha filha nascer, a minha família não deixou que eu fosse liberada”, diz.Segundo o pai da criança, a mulher começou a passar mal e eles foram novamente ao hospital, mas ela só foi internada na terceira tentativa.
A diarista, então, ficou em observação médica e sendo medicada com soro. Mais à noite houve a troca de plantão entre os médicos e uma nova tentativa por parte da família em resolver o problema da gestante, que havia pedido o procedimento de cesárea para retirar a criança.
“Eu tinha indicação da ginecologista do postinho da cidade, que acompanhou minha gravidez, para que o parto fosse cesárea, não natural. Acho que por conta da minha idade, poderia ser um parto arriscado.”
"Pelo amor de Deus, não usem"
Apesar disso, ainda segundo Roseli, o médico teria insistido para que o parto fosse natural e pediu a aplicação de soro para prepará-la para o procedimento, que demorou cerca de duas e precisou do uso de fórceps – aparelho para retirar a criança.
“Não estava aguentando mais, não tinha forças e o bebê não saía. Quando eu escutei o médico pedindo para pegarem [o aparelho] eu pedi: 'Pelo amor de Deus, não usem'. Foi horrível”, conta.Ainda segundo relatado pela mãe e registrado no boletim de ocorrência, a menina teve uma fratura no pescoço e sobreviveu durante três horas com uma tala no pescoço, respirando com ajuda de aparelhos.
“Vi que ela não tinha chorado e pedi para vê-la. Foi nesse momento que ouvi o médico dizendo: 'Tirem essa criança daqui'. Nem o raio X me mostraram."
Roseli continua internada no hospital e não tem previsão de alta. Conforme a diarista, ela está com diversos hematomas nas partes íntimas após passar pelo procedimento.
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