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Delegado afirma que disparo que matou alagoano em blitz na Paraíba foi frontal

Laudo confirmou que tiro atingiu Cícero Maximino Júnior no pescoço pela frente

Por G1 11/11/2016 15h42
Delegado afirma que disparo que matou alagoano em blitz na Paraíba foi frontal
Reprodução - Foto: Assessoria

O tiro que matou o universitário Cícero Maximino da Silva Júnior, de 20 anos, durante uma blitz policial na orla de João Pessoa, perfurou o pescoço da vítima pela frente. A informação, dada com base no laudo cadavérico, foi repassada pelo delegado Reinaldo Nóbrega, responsável pelo caso, nesta sexta-feira (11). "Na hora do disparo, a ação do policial foi coerente. O condutor da moto disse que o tiro foi pelas costas e, na verdade, o laudo demonstrou que o tiro foi pela frente", acrescentou.

O universitário Cícero Maximino da Silva Júnior, que morava em Alagoas, morreu após ser baleado no pescoço por um policial militar durante uma blitz na Avenida João Maurício, na orla de Manaíra. De acordo com o delegado, não há dúvidas de que o motociclista e o universitário, que seguia no carona, viram o policial com a arma apontada.

Reinaldo destaca que a polícia tem duas versões diferentes do caso. A versão da Polícia Militar é de que o disparo aconteceu em uma "ação de defesa". Já o condutor da moto em que o jovem estava apresentou uma versão oposta à da PM.

Sobre a arma encontrada no local da blitz e indicada pela polícia como pertencente a um dos ocupantes da moto, Reinaldo Nóbrega explicou que está sendo feita uma análise no revólver para identificar a numeração da arma. "Foi necessário um exame químico metalográfico. Eles raspam a arma, o metal com produtos químicos, como fazem com carros adulterados, para encontrar o registro dessa arma. Mas essa arma ainda está com o IPC", explicou.

O laudo confronta a versão dada pelo motociclista sobrevivente, que disse que o universitário tinha sido baleado pelas costas quando eles já tinham passado pela blitz. "Se realmente ocorreu isso, o caso seria uma legítima defesa, mas estamos esperando o resultado da reconstituição do crime para poder nos posicionar de maneira mais concreta", pontuou Reinaldo Nóbrega, acrescentando o fato da moto ter avançado contra o policial e um dos ocupantes ter feito menção de sacar uma arma.

A reconstituição do crime aconteceu na noite do dia 3, durou três horas e contou com a participação o policial militar que baleou o universitário na blitz e o condutor da motocicleta, amigo de Cícero Maximino Júnior.

Estudante foi morto pela Polícia Militar após furar uma blitz (Foto: Reprodução/TV Cabo Branco)

Advogado do PM diz que pode ter sido acidental

O advogado do policial militar autor do disparo que matou o universitário, Harley Cordeiro, diz que o tiro pode ter sido acidentou. “Um rapaz invadiu a blitz, ultrapassou, e o policial já estava em uma outra abordagem, já estava na contenção de outro rapaz que tinha invadido, quando veio a moto para cima dele, e ele não teve outra alternativa que não agir no estrito cumprimento do dever legal”, detalhou.

Ainda segundo o advogado, o policial envolvido no caso não informou se os ocupantes da moto estavam armados. “A moto já veio para cima dele, o pessoal ficou gritando ‘a moto’, quando foi em cima dele, ele não teve como sair. Foi no reflexo o disparo, eu acredito até que tenha sido de forma acidental”, completou Harley Cordeiro.

Ainda de acordo com Reinaldo Nóbrega, segundo o que foi colhido, a guarnição da polícia se preocupou primeiro em atender e prestar socorro à vítima. "Pouco tempo depois, uma pessoa encontrou essa arma aqui, ao solo. O local exato onde essa arma foi encontrada a gente não sabe. Essa pessoa acionou o Ciop [Centro Integrado de Operações Policiais] e uma outra guarnição apreendeu essa arma e levou direto para delegacia de Homicídios. A gente não tem a gravação da ligação ao Ciop, só tem o registro da ligação. E como é resguardado o anonimato ao denunciante, a gente não sabe quem foi essa pessoa", completou.