Turismo
Cultura valoriza artistas plásticos que idealizam intervenções urbanas em espaços públicos
Atualmente, 12 muralistas estão credenciados para o desenvolvimento do projeto “Colorir é Legal”, da Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC)
Pela primeira vez na história, Maceió abre espaço para valorização da arte visual que vai muito além da beleza urbanística. As intervenções que estão sendo feitas em espaços públicos da capital, antes opacos, sem brilho e sem vida, estão dando uma ‘nova cara’ e um colorido contagiante a estes equipamentos.
Inovador, o projeto ‘Colorir é Legal’ surgiu por iniciativa da Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC), ao lançar um edital de credenciamento de artistas plásticos, em setembro do ano passado. Com os trabalhos em andamento, a população tem a oportunidade de contemplar verdadeiras obras de arte em locais que só precisavam de um ‘empurrãozinho’ para se tornarem magníficos.
É o caso do Mirante de Chã de Bebedouro, que recebeu um carinho materializado em cores nos últimos dias. Lá, o artista Germano Lyra, o Munganga, espalhou toda a sua criatividade no patamar mais abstrato possível (como ele gosta), para dar ‘vida’ a um local que já era bem frequentado por quem queria ter uma visão panorâmica da Lagoa Mundaú.
“Gosto de brincar com as cores e as formas. Ali, deixei todos os meus sentimentos por um local que não tinha arte nenhuma. Ao ver o meu trabalho no mirante, fico sem palavras, principalmente, pela valorização que o município de Maceió está me dando. A satisfação é enorme, principalmente por ver que aquela região precisava ganhar uma vida”, destacou o artista.
Munganga se diz emocionado por esta ser a primeira vez que tem a oportunidade de ganhar dinheiro e deixar a sua marca cravada em um espaço público. Na pintura abstrata que fez, alcançando 298 metros da praça do mirante, ele utilizou técnica mista, com tinta acrílica e alguns detalhes em spray. O improviso é a grande sacada deste cearense, radicado e amante de Alagoas.
O artista precisou de 5 dias para concluir a intervenção, trabalhando de 7h às 19h. Levou consigo a companheira de jornada e mais dois ajudantes do ramo, também beneficiados no edital da FMAC. Eles apresentaram um projeto, um portifólio e um esboço da arte que fariam em espaços públicos indicados pela prefeitura. Em seguida, foram escolhidos para iniciar a pintura.
O mesmo aconteceu com Joyce Nobre, maceioense da gema que teve a responsabilidade grande de pintar a fachada do Mercado do Artesanato, no centro de Maceió. Há um ano, ela assumiu a condição de viver da arte e se diz lisonjeada por ter dado um toque mais do que especial a um dos espaços mais tradicionais para a cultura da capital.
“Quando recebi a missão de atuar no Mercado do Artesanato pensei comigo por alguns dias que tipo de intervenção faria. Fiz uma foto da fachada e fiquei imaginando o que fazer. Logo, veio à mente a bandeira de Maceió e outros símbolos que representam a nossa história. Então, além da bandeira, pintamos o filé, o chapéu de guerreiro, de vaqueiro, a sereia do Mirante, o farol da Ponta Verde e o sol, por exemplo. Isto trouxe mais acolhimento e cores àquele espaço, que tanto visitei desde criança”, relatou.
Joyce precisou de seis dias, apenas, para mudar o visual do Mercado do Artesanato. Se antes o local tinha uma pintura simples, sem brilho, o que se percebe agora é um colorido característico das belezas naturais, com traços do regionalismo e das artes maceioenses. A intervenção foi, para ela, um divisor de águas em sua jornada como artista.
“É um orgulho passar por lá e ver a minha arte. Eu nem acredito que consegui este feito e nem imaginava que, um dia, eu poderia pintar a fachada do Mercado do Artesanato de Maceió. O edital de credenciamento dos artistas veio, não somente para colorir a cidade, mas para valorizar e abençoar os artistas visuais da nossa terra. Tem uma galera aqui muito boa e tenho certeza de que isto é só o começo”, ressalta.
Ela diz que, como mulher, o prestígio é ainda maior. “Como levei uma colega artista para pintar junto comigo, ouvíamos muitos comentários. Coisa do tipo: ‘nossa, duas mulheres pintando!’, ‘tá ficando bonito’, ‘o que é isso?’. Foi proposital pintar a bandeira de Maceió, já que a maioria das pessoas está acostumada com o formato e as cores da bandeira de Alagoas. Serviu para homenagear o símbolo da capital”, completa.
Vida à cidade
A diretora-presidente da FMAC, Mirian Monte, informa que o município tem, no momento, 12 artistas plásticos (muralistas) credenciados para estas intervenções urbanas. Pelo edital, cada um recebe R$ 120 por metro quadrado pintado. O projeto Colorir é Legal está no início, mas tem metas arrojadas. A principal é transformar todos os espaços públicos de Maceió.
“Aos poucos, estamos convocando estes artistas credenciados para estes trabalhos. Tudo é feito de maneira planejada, seguindo o que prevê a legislação e as normas estabelecidas pela organização dos espaços públicos, regidas pela Sedet [Secretaria Municipal de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente]”, explica Mirian Monte.
Aliás, é a Sedet a responsável por indicar as prioridades para estas intervenções artísticas urbanas. O município fez uma parceria com as tintas Ibratin, que fornecem o material em forma de doação. “A praça do Mirante de Chã de Bebedouro está belíssima, assim como a fachada do Mercado do Artesanato. Estamos finalizando, ainda, um muro no conjunto Santos Dumont, na parte alta”, completa.
Segundo a diretora-presidente da FMAC, o prefeito JHC é o grande entusiasta deste projeto, indicando vários lugares a serem transformados. “O prefeito é sensível a esta arte, sobretudo ao muralismo. Estamos, por meio da atitude do nosso gestor, fazer algo inovador na cidade”, destaca.
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