Saúde
Câncer colorretal deve atingir 430 pessoas em Alagoas
Estimativa do Inca aponta que a doença afetará 220 mulheres e 210 homens; em 2023, foram registradas 159 mortes no estado

Pelo menos 430 pessoas deverão receber o diagnóstico de câncer colorretal até o final deste ano em Alagoas. A estimativa é do Instituto Nacional do Câncer (Inca) que calcula ainda que do total, 220 são pacientes do sexo feminino e 210 pacientes do sexo masculino.
Análise realizada pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) apontou que houve um crescimento na quantidade de casos da doença em um percentual de 80,3% no período de 2015 a 2023.
Alagoas perdeu em 2023, 159 óbitos pessoas para o câncer de cólon e reto. Entre os homens, houve 67 óbitos e entre as mulheres foram 92 mortes. Os números também são do Inca que não disponibilizou ainda os dados referentes à mortalidade causada pela doença no ano passado.
O Inca realiza, a cada triênio, a pesquisa “Estimativa de Câncer”. Os números listados valem para cada um dos anos do triênio 2023 a 2025. Dados extraídos deste levantamento apontam que o número de novos casos de câncer colorretal estimados para o Brasil, para cada ano do triênio, é de 45.630, sendo 23.660 em mulheres e 21.970 em homens.
Em relação à mortalidade no Brasil, em 2023 ocorreram 24.773 óbitos por câncer de cólon e reto. Entre os homens, houve 12.438 óbitos e entre as mulheres foram 12.335 mortes.
O Inca explicou que, com exceção dos cânceres de pele não melanoma, o câncer colorretal é o terceiro tipo de tumor que mais acomete a população no Brasil, sendo o segundo tipo de câncer mais frequente tanto na população masculina quanto na feminina.
O mês de março é marcado pela campanha de conscientização ao câncer colorretal, denominada de “Março Azul Marinho”. Até o próximo dia 31, a Sociedade Brasileira de Coloproctologia e o Ministério da Saúde reforçam a importância da prevenção, diagnóstico e tratamento precoce do câncer de intestino ou colorretal.
Em Alagoas, a médica Carla Lessa, especialista em endoscopia e colonoscopia, afirmou que a incidência de câncer colorretal só perde para o câncer de próstata nos homens e para o câncer de mama nas mulheres.
Ao traçar um perfil dos pacientes de câncer colorretal, as estatísticas apontarão, conforme a médica Carla Lessa, para pessoas acima de 50 anos, com história de câncer na família ou de pólipos, além de portadores de doença inflamatória intestinal, fumantes, diabéticos, obesos, sedentários e consumidores de dieta pobre em fibras.

“Precisamos conclamar a população sobre a importância da prevenção. Quando o diagnóstico acontece de forma precoce as chances de cura giram em torno de 90% de cura. No entanto, em até 85% das vezes o diagnóstico é confirmado quando o câncer já está avançado. É na prevenção que podemos mudar radicalmente esse curso da doença”, frisou a médica.
O câncer de intestino abrange os tumores que se iniciam no intestino grosso, chamado cólon, e no reto. Também é conhecido como câncer de cólon e reto ou colorretal.
A doença é tratável e, na maioria dos casos, curável ao ser detectado precocemente, quando ainda não se espalhou para outros órgãos. Grande parte desses tumores se inicia a partir de pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso.
Os principais fatores de risco estão associados ao comportamento, como inatividade física, obesidade, consumo regular de álcool e tabaco, e baixo consumo de fibras, frutas, vegetais, bem como alto consumo de carnes vermelhas e consumo de carnes processadas (tais como bacon, salame, presunto, mortadela, salsicha e linguiça). Outros fatores de risco estão associados a condições genéticas ou hereditárias, como doença inflamatória intestinal crônica e histórico pessoal ou familiar de adenoma ou câncer colorretal, e ocupacionais, como exposição a radiações, por exemplo, raios X e gama.
Os cânceres de cólon e reto apresentam alto potencial para prevenção primária, com a promoção à saúde por meio de estímulo a hábitos saudáveis de vida, e secundária, a partir da detecção precoce.
Câncer colorretal se desenvolve a partir de pólipos intestinais
O médico coloproctologista e cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Sírio-Libanês, Marcelo Averbach, explicou que o câncer colorretal se desenvolve a partir de pólipos intestinais, que podem se tornar malignos ao longo do tempo.
Além do histórico familiar, alguns fatores aumentam o risco da doença. “A predisposição genética é um dos principais fatores de risco, mas não o único. A maior incidência da doença ocorre após os 50 anos, e hábitos como alimentação rica em carnes processadas e pobre em fibras, obesidade, sedentarismo, tabagismo e consumo excessivo de álcool também contribuem. Além disso, doenças inflamatórias intestinais, como colite ulcerativa e doença de Crohn, podem aumentar a chance de desenvolver a doença”.

O especialista também apontou sintomas específicos que exigem atenção redobrada. “Alterações no hábito intestinal, como diarreia ou prisão de ventre prolongada, sangue nas fezes (vermelho vivo ou escuro), dor ou desconforto abdominal persistente e perda de peso inexplicável são sinais de alerta. Caso esses sintomas apareçam, é fundamental procurar um médico”, orientou Averbach.
Quando diagnosticado precocemente, o câncer colorretal tem altas taxas de cura, podendo ultrapassar 90%, salientou Averbach. “Nos estágios iniciais, a cirurgia para remoção da área afetada pode ser suficiente, e em alguns casos é necessária uma colostomia temporária ou permanente. Em quadros mais avançados, o tratamento pode envolver cirurgia, quimioterapia e radioterapia, reduzindo significativamente as chances de cura. Atualmente, há também terapias alvo, que bloqueiam o crescimento das células tumorais em alguns casos”, acrescentou.
A confirmação do diagnóstico requer biópsia, exame onde um pequeno pedaço de tecido é retirado da lesão suspeita e analisado por um patologista. A retirada da amostra é feita por meio de aparelho introduzido pelo reto (endoscópio).
Aos 45 anos, Rodrigo Branco, administrador de empresas viu sua vida tomar um rumo inesperado ao receber o diagnóstico de câncer colorretal em 2023.
A princípio, ele não associou alguns sintomas a algo grave. Durante dois anos, ele notou, ainda que em episódios isolados, a presença de sangue nas fezes, sempre atribuindo à alguma circunstância do dia. No terceiro ano, porém, os sintomas se intensificaram, levando-o a investigar a causa.
A realização de uma colonoscopia confirmou o tumor. Rodrigo Branco então iniciou um tratamento desafiador, mas com um olhar pragmático e determinado. “Desde o começo, os médicos me orientaram a não me desesperar, pois havia opções de tratamento e o câncer era curável”, recordou.
Ele passou por oito ciclos de quimioterapia antes da cirurgia, que exigiu a instalação de uma bolsa de ileostomia para cicatrização do reto. Em seguida, realizou mais quatro ciclos de quimioterapia preventiva, até finalmente passar pela reversão do intestino.
O apoio da família e da equipe médica foi essencial. “Minha esposa e meus médicos foram mais que cuidadores. Eles foram verdadeiros psicólogos, sempre me motivando, então, trabalhar a mente foi fundamental para seguir em frente. A doença foi um verdadeiro aprendizado”, recordou, emocionado.
Durante o tratamento, sua rotina mudou consideravelmente. Ele teve de adaptar sua dieta alimentar e, mesmo após a recuperação, manteve cuidados, evitando a ingestão, por exemplo, de embutidos e álcool em excesso. Além disso, sua relação com a espiritualidade se intensificou, o que o ajudou a enfrentar o processo com mais serenidade. “Não se trata apenas de detectar uma doença. Cuidar da mente, do espírito e da alimentação são formas de garantir um equilíbrio maior para lidar com qualquer desafio que apareça.”
E sempre que possível, para aqueles que hesitam em fazer exames preventivos, Rodrigo deixa um recado: “Não negligencie os sinais do seu corpo e não tenha medo de buscar ajuda cedo. Quanto antes, melhor.”
Tratamento – O câncer de intestino é uma doença tratável e frequentemente curável. A cirurgia é o principal tratamento, sendo utilizada no início do tratamento quando o tumor é do cólon, ou em sequência à radioterapia e quimioterapia nos tumores de reto baixo, e compreende a retirada da parte do intestino afetada e dos gânglios linfáticos (pequenas estruturas que fazem parte do sistema de defesa do corpo) dentro do abdome.
Outras etapas do tratamento, incluem a radioterapia (uso de radiação), associada ou não à quimioterapia (uso de medicamentos), para diminuir a possibilidade de recidiva (retorno) do tumor. O tratamento depende principalmente do tamanho, localização e extensão do tumor.
Mais lidas
-
1Vingança e mistério!
'Cuspirei em Seus Túmulos' é a nova série colombiana que todo mundo está assistindo
-
2Roteiro
Duas pessoas ficam gravemente feridas após acidente com lancha na Praia do Gunga
-
3Tarde de sábado
Acidente com lancha na Praia do Gunga deixa menino morto e homem gravemente ferido
-
4Lagoa da Anta
'Se empreendimento não levar em conta impactos de vizinhança, essa parte de Maceió vai virar Gaza'
-
5'Filha' de 'Black Mirror'
Final explicado de 'Cassandra'! Entenda o maior mistério da série