Saúde

Maceió está entre as sete cidades com sinal de crescimento de SRAG no país

Novo Boletim da Fiocruz mostra aumento de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave

Por Tribuna Hoje com Fiocruz 22/08/2024 16h09 - Atualizado em 23/08/2024 01h11
Maceió está entre as sete cidades com sinal de crescimento de SRAG no país
Médicos recomendam vigilância reforçada contra SRAG - Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Divulgado nesta quinta-feira (22/8), o novo Boletim InfoGripe da Fiocruz mostra aumento de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) na Bahia, Goiás, Paraíba, São Paulo e Sergipe. Em estados do Nordeste (Bahia, Pernambuco e Sergipe) e no estado de São Paulo, o aumento de casos de SRAG se concentra em crianças e adolescentes de 2 até 14 anos, e está associado ao aumento do rinovírus. O crescimento de casos de SRAG em Goiás ocorre em todas as faixas etárias a partir dos 15 anos - na população idosa, as ocorrências estão associadas ao aumento dos casos de Covid-19. Em São Paulo, as notificações de SRAG por Covid-19 entre os idosos também já ultrapassam as por influenza A.

O estudo aponta que, em relação às capitais, sete apresentam sinal de crescimento nos casos de SRAG: Aracaju (SE), Brasília (DF), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Maceió (AL), Salvador (BA) e São Paulo (SP). A análise, que tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 17 de agosto, é referente à Semana Epidemiológica (SE) 33, período de 11 a 17 de agosto.

No cenário nacional, há oscilação de casos de SRAG na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) e indícios de aumento na de curto prazo (últimas três semanas). As ocorrências de SRAG por vírus sincicial respiratório (VSR) e influenza A mantêm tendência de queda na maior parte do país. Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 22,6%por VSR; 19,4% por Sars-CoV-2 (Covid-19); 16,3% por influenza A; e 1,8% por influenza B.

"Os VSR e rinovírus permanecem como as principais causas de internações e óbitos em crianças de até dois anos, embora os casos de SRAG por VSR já demonstrem queda nas últimas semanas. O rinovírus também se destaca na incidência entre crianças e adolescentes de 2 a 14 anos. Nos idosos, a incidência e a mortalidade de SRAG por Covid-19 já se aproxima da incidência e mortalidade por influenza A", informa a pesquisadora do Programa de Processamento de Computação Científica da Fiocruz (Procc/Fiocruz) e do Boletim InfoGripe, Tatiana Portela.

Diante desse aumento de casos de Covid-19, a pesquisadora reforça a importância de que todas as pessoas do grupo de risco estejam em dia com a vacinação contra a Covid-19. "Além disso, apesar dos casos de influenza A estarem diminuindo em todo o país, geralmente agora é a época em que a influenza B começa a aumentar. Por isso, é importante também que todos estejam em dia com a vacinação contra a Influenza”, reforça Portela.

No ano epidemiológico 2024, já foram notificados 115.152 casos de SRAG, sendo 55.912 (48,6%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório 45.477 (39,5%) negativos, e ao menos 7.499 (6,5%) aguardando resultado laboratorial. Dentre os casos positivos do ano corrente, 43,1% são VSR;19,1% são influenza A; 7,7% são Sars-CoV-2 (Covid-19); e 5% são influenza B.

Cenário nacional

No cenário nacional, observa-se um sinal de queda ou estabilização nos casos de SRAG na maioria das faixas etárias analisadas. A exceção são as crianças e adolescentes entre 2 e 14 anos, que apresentam uma tendência de aumento. Dados laboratoriais sugerem que esse crescimento esteja relacionado ao rinovírus. Os registros referentes aos resultados laboratoriais por faixa etária apontam para a manutenção de aumento dos casos de Sars-CoV-2 entre os idosos em São Paulo, ultrapassando os casos de influenza A.

Quanto aos vírus influenza A e VSR, há uma diminuição do número de casos em boa parte do território nacional. Já o rinovírus tem apresentado tendência de aumento em alguns estados do país, e se mantém como a principal causa de casos de SRAG entre as crianças e adolescentes de 2 a 14 anos.

"Em relação à influenza A, que afeta principalmente os idosos, e ao VSR, que atinge predominantemente crianças de até 2 anos, observa-se uma manutenção da queda do número de casos na maioria do território nacional. Quanto à à Covid-19, verifica-se tendência de aumento nas notificações nas últimas semanas, principalmente entre os idosos a partir de 65 anos, com especial destaque para os estados de Goiás e São Paulo. Alguns estados do Nordeste (Bahia, Ceará, Pernambuco e Sergipe) e o Distrito Federal também têm apresentado leve atividade do Sars-CoV-2 nas últimas semanas. Contudo, ainda sem impacto importante no número de casos de SRAG", observa a pesquisadora Tatiana Portela.

Incidência e mortalidade nas últimas oito semanas

A incidência e mortalidade semanal média, nas últimas oito semanas epidemiológicas, mantêm o cenário típico de maior impacto nos extremos das faixas etárias analisadas. Nas crianças de até 2 anos de idade, a incidência e mortalidade de SRAG são causadas em maior parte pela circulação do VSR e do rinovírus. Na análise de mortalidade, a população a partir dos 65 anos continua sendo a mais impactada, fundamentalmente por conta dos vírus influenza A e Covid-19.

Em relação aos casos de SRAG por Sars-CoV-2, a incidência tem apresentado maior impacto em crianças pequenas, enquanto a mortalidade tem sido mais elevada entre idosos a partir de 65 anos. No entanto, entre as crianças, os impactos tanto em hospitalizações quanto em óbitos são inferiores aos observados atualmente para os vírus VSR e rinovírus. Nos idosos, a incidência e a mortalidade de SRAG por Covid-19 já se aproxima da incidência e mortalidade por influenza A.