Saúde

Especialista orienta sobre prevenção e tratamento da sífilis congênita

Por Polyanna Monteiro / Ascom SMS 24/02/2024 15h28
Especialista orienta sobre prevenção e tratamento da sífilis congênita
Pré-natal é uma das melhores formas de barrar o surgimento de novos casos da enfermidade - Foto: Imagem ilustrativa

Gestantes com sífilis podem transmitir a enfermidade para o bebê durante toda a gravidez ou até mesmo no parto. A chamada “sífilis congênita” acontece quando a bactéria Treponema Pallidum atravessa a barreira placentária e penetra na corrente sanguínea do feto, levando a criança a desenvolver graves problemas de saúde ou até ir a óbito.

A infectologista pediátrica Auriene Oliveira presta assistência diária a crianças acometidas pela doença em Maceió. Segundo a médica, a sífilis congênita é um problema de saúde que pode comprometer muitos órgãos do bebê de formas irreversíveis.

"O Treponema pode chegar a atingir órgãos essenciais para o desenvolvimento adequado da criança. Os mais frequentes são o Sistema Nervoso Central, o Sistema Ósseo e a pele. Com a doença instalada, a criança pode apresentar problemas como fígado e baço aumentados, anemia, meningite, perda visual, audição reduzida ou surdez, podendo chegar até a óbito", disse.

Infectologista pediátrica Auriene Oliveira. Foto: Ascom SMS

Infectologista pediátrica Auriene Oliveira. Foto: Ascom SMS

A profissional alerta para a urgente necessidade de prevenção e realização do pré-natal no período gestacional para conter o avanço do número de crianças infectadas.

“A prevenção deve ser a primeira preocupação de todos em relação à sífilis. O uso de preservativo é um gesto simples, mas que traz boa eficácia em relação ao surgimento de novos casos. Em gestantes, especificamente, o acompanhamento de pré-natal faz esse papel preventivo em relação ao bebê porque será por meio dele que a pessoa fará os exames necessários para detecção da doença e, caso necessário, tratamento precoce para evitar contaminação do feto”, explicou a médica.

Doença silenciosa

A infectologista Auriene Oliveira alerta ainda para os casos em que as crianças não apresentam nenhum sinal de contaminação por sífilis. A profissional afirma que muitos pais deixam de realizar o tratamento adequado por não acreditar na gravidade da doença.

“A sífilis é uma doença que, na maioria dos casos, é muito silenciosa e pode levar muitos anos para se manifestar. Por isso, nem sempre a criança vai apresentar sinais e sintomas logo de início e esses são os casos que, frequentemente, nos trazem mais dificuldade para solucionar porque os pais começam a postergar o cuidado com a saúde da criança e só nos procuram quando o quadro está bem avançado”, informou.

Tratamento em Maceió

A Rede Municipal de Saúde de Maceió dispõe de uma linha de cuidado específica para acompanhar e tratar a sífilis congênita.

De acordo com o fluxograma de acompanhamento de casos, a detecção da doença acontece ainda na maternidade durante o parto. Após o diagnóstico, a criança recebe tratamento no local e é direcionada para a unidade de saúde mais próxima de sua residência para continuar com os cuidados.

Como local de referência nesse atendimento, Maceió tem o Bloco I, do PAM Salgadinho. Na unidade, crianças com sífilis congênita ou que foram expostas à sífilis durante sua gestação recebem acompanhamento com infectologista pediátrica, que faz avaliação periódica, além de encaminhamento de exames e solicitação de intervenção medicamentosa, se for o caso. Esse atendimento acontece após a criança ter recebido tratamento adequado na maternidade e dura em média um ano e meio ou até a criança estar totalmente fora de risco.

Pré-natal previne a doença

A maneira mais eficaz de prevenir a sífilis congênita no bebê é realização do rastreamento da sífilis na gestante ainda durante o pré-natal. O acompanhamento é feito por meio de exames laboratoriais e teste rápido para detectar a sífilis, além de tratamento adequado, em casos reagentes para a doença.

O serviço de pré-natal em Maceió é ofertado em todas as Unidades Básicas (UBS) e Unidades de Saúde da Família (USF) de Maceió. Para ter acesso ao atendimento nas UBS, basta que a usuária se dirija aos locais, portando comprovante de residência, cartão SUS e identidade. Já em USF, são atendidas as gestantes cadastradas no local, ou seja, que fazem parte das áreas com cobertura da estratégia na cidade.

Unidades e Centro de testagem para detecção da sífilis

Maceioenses podem fazer testagem para detectar sífilis, HIV e hepatites virais em todas as unidades de saúde da capital. Maceió conta, ainda, com o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), que também funciona no Bloco I do PAM Salgadinho e realiza testes rápidos em demanda espontânea (sem precisar de agendamento prévio), de segunda a sexta-feira, das 7h às 12h e das 13h às 17h.

Para ter acesso ao serviço, basta comparecer nos dias e horários descritos, portando documento de identidade, comprovante de residência e cartão SUS. Nos casos de pessoas em situação de rua, que não apresentem documentos pessoais, o teste, ainda assim, é realizado e o resultado, liberado.