Saúde

Alagoanas vencem batalha contra câncer de mama

Jornalista, nutricionista, advogada, professora e técnica em radiologia contam o que vivem e passaram com a doença

Por Valdete Calheiros - Colaboradora / Tribuna Independente 05/10/2023 08h46 - Atualizado em 05/10/2023 16h00
Alagoanas vencem batalha contra câncer de mama
Carla Moraes, Lavyne Teixeira, Rossana Irma, Samya Tacila e Vera Alves estão unidas pela mesma luta, o combate ao câncer de mama - Foto: Acervo Pessoal

A jornalista Vera Alves, 64 anos, a nutricionista oncológica e voluntária na Casa Rosa, Carla Moraes Vieira, 39 anos, a advogada e influenciadora digital Lavyne Teixeira, a professora Rossana Irma Vieira Marques, 57 anos e a técnica em radiologia Samya Tacilla Santana Xavier, 40 anos, aparentemente nunca se cruzaram, mas dividiram uma luta em comum: a batalha para vencer o câncer de mama. E sim, todas elas venceram!

As cinco mulheres aceitaram contar seus relatos para a Tribuna Independente, inclusive mostrando seus rostos, por acreditarem que podem servir de exemplos e alerta para que todas as outras mulheres procurem regularmente acompanhamento com médico mastologista, façam exames periódicos nas mamas, sobretudo o autoexame.

Por trás das histórias de dores físicas e medos emocionais, há um ponto em comum no quinteto. A vontade de viver, a fé incondicional e a possibilidade de “renascer” de uma doença que anualmente mata milhares de mulheres em todo o mundo.

Nas vivências contadas pela Vera, Carla, Lavyne, Rossane e Samya há também, em comum, o fato de terem iniciado o tratamento logo após o diagnóstico ter sido confirmado.

A descoberta

A jornalista Vera Alves explicou que se deu conta de um nódulo na mama esquerda em abril deste ano, mas teve que adiar a ida ao médico porque viajou a São Paulo para cuidar de uma irmã que se submeteu a uma cirurgia de retirada da vesícula.

“Ao voltar a Maceió fiz a mamografia e a ultrassonografia das mamas, cujos resultados no final de maio apontaram para a suspeição de câncer por conta do histórico familiar. Fiz então a biópsia e em meados de junho tive a confirmação de se tratar de câncer em estágio 2”, recordou.

A definição do tratamento, contudo, só aconteceu em agosto. A mastectomia com reconstrução, ou seja, a retirada total da mama esquerda, aconteceu no dia 20 de setembro. Vera Alves agora aguarda o resultado da biópsia do material retirado durante a cirurgia para saber quais os próximos passos do tratamento.

Histórico familiar

Na família de Vera Alves há um histórico predominante de câncer. A irmã mais velha teve câncer de mama em 2018 (estava no estágio 1). A irmã caçula teve câncer de mama em 2020, em plena pandemia, um tumor agressivo no estágio 3. Pelo lado paterno, a irmã mais velha do seu pai foi diagnosticada com o câncer de mama aos 80 anos. A irmã mais nova da sua mãe também teve câncer de mama, tendo sido diagnosticada com mais de 70 anos.

A jornalista afirmou que ainda que tenha sofrido um baque inicial ao ter o diagnóstico confirmado, a experiência anterior com as irmãs a ajudaram a enfrentar o câncer com relativa tranquilidade.

“Nunca duvidei da cura. Tenho uma grande rede de apoio entre a família e amigos e entendo que nossa existência envolve compromissos dos quais não podemos fugir. Perdi meu pai para o câncer quando ele tinha 46 anos, mas era um tumor no cérebro e um tempo em que a ciência ainda não detinha os conhecimentos e tecnologias que hoje permitem que eu, aos 64 anos, enfrente a doença sem receios”, resumiu, emocionada.

Nutricionista leu seu próprio diagnóstico

A nutricionista oncológica Carla Moraes Vieira descobriu o câncer de mama há três anos, no dia 29 de setembro de 2020. Fez a biópsia por ser da área de saúde ela mesmo “leu” o diagnóstico.

Sem casos na família e com idas frequentes ao mastologista, disse que ficou sem chão na hora, mas partiu logo para o tratamento.
Como a doença foi descoberta na fase inicial, tinha pela frente grandes chances de cura.

“São muitas as dificuldades durante todo processo, do diagnostico ao tratamento! Em Alagoas, o exame de imuno-histoquímica [exame útil na rotina oncológica] precisa ser enviado para outro Estado, o que gera um atraso no início do tratamento de pelo menos 30 dias. Depois vem a luta com o plano de saúde (para quem tem plano) e muitas tem dificuldades em comprar a medicação prescrita para amenizar os efeitos da quimio! É uma verdadeira luta!”, pontuou.

Atualmente, Carla Moraes dedica parte da sua vida ao voluntariado na Casa Rosa e participa do Projeto Lisa Flor, criado em 2019 e integrado ao Clube João Tomasini. O Lisa Flor tem como base o Motonáutica e é a primeira equipe do Nordeste na prática de atividade esportiva de remo em barco dragão para sobreviventes do câncer de mama em Maceió.

“Pesquisas mostraram que mulheres que faziam o esvaziamento dos linfonodos por conta do câncer de mama, melhoravam do linfedema com a prática do remo”, salientou.

Mais informações sobre a Casa Rosa podem ser obtidas através do telefone (82) 99625-0127. Sobre o Projeto Lisa Flor pode ligar para o número (82) 99369-0660.

Curada desde abril de 2022, advogada vai a consultas

A advogada e influenciadora digital Lavyne Teixeira recebeu o diagnóstico de câncer de mama em setembro de 2021. Ela constatou um nódulo no seio direito através do autoexame e fez exames de ultrassom e punção para biópsia, quando houve o diagnóstico de câncer de mama. À época soube que o nódulo tinha dois centímetros.

A avó paterna da Lavyne Teixeira teve câncer de mama, já em idade avançada. Curada desde abril de 2022, atualmente faz acompanhamento a cada semestre, com exames e consultas médicas.

A professora Rossana Irma Vieira Marques teve câncer de mama há 10 anos, aos 47 anos e um novo tumor surgiu aos 56 anos.
“Terminei meus tratamentos e, hoje, faço quimioterápico oral”, relatou.

A técnica em radiologia Samya Tacilla Santana Xavier, não conhecia a realidade do câncer de mama na família. Ela recebeu o diagnóstico há um ano ao investigar dores na mama e um nódulo palpável descoberto através do autoexame. Fez cirurgia e agradece por estar viva.

“Retirei toda a mama direita”, relatou ao afirmar que as maiores dificuldades são os custos das medicações após quimioterapia e manter a alimentação adequada.

Às alagoanas, Samya Tacilla deixa um recado: “faça o autoexame e procurem mais de um profissional. Não deixe para depois. Pode ser tarde!”.